Plataforma do malparado já tem gestor executivo

José Correia pode ser um ilustre desconhecido do público, mas é conhecido dos bancos. É um gestor habituado às reestruturações de empresas e foi escolhido para liderar a nova plataforma do malparado.

A Caixa Geral de Depósitos, o Millennium bcp e o Novo Banco já escolheram o gestor executivo para a plataforma de gestão do crédito malparado, apurou o ECO junto de fontes que acompanham o processo. O nome de José Correia não é presença nas páginas dos jornais, e pode surpreender por isso, mas a experiência profissional do gestor em matéria de reestruturação de empresas foi decisiva.

Como o ECO revelou esta segunda-feira, os bancos fundadores da plataforma – que vai assumir a figura jurídica de Acordo Complementar de Empresas (ACE) – já fecharam o memorando de entendimento que define as regras e a governação desta nova entidade. E uma das primeiras decisões foi a escolha de um gestor, que teria de ter um perfil empresarial e não bancário. “Para defender os interesses dos bancos já lá estão os seus representantes”, confidenciou ao ECO uma fonte que participou nestas negociações.

José Correia já foi consultor da Deloitte e, mas recentemente, acompanhou processos de reestruturação de empresas, nomeadamente nas áreas dos transportes e das cerâmicas. O ECO sabe também que Esmeralda Dourado, dada inicialmente como a gestora escolhida, vai ter um papel relevante na plataforma, mas, por decisão pessoal, apenas de caráter consultivo.

Agora, falta a assinatura formal do memorando de entendimento para José Correia passar para a criação jurídica do ACE, condição necessária para a operacionalização da plataforma do malparado. Ainda nesta segunda-feira, o secretário de Estado-adjunto das Finanças, Mourinho Félix, afirmou que esta entidade avança em 2018.

Curiosamente, a plataforma de gestão do crédito malparado da banca – criado para permitir, entre outras coisas, a avaliação e venda de créditos comuns aos vários bancos – surge num momento em que o malparado está a cair. Aliás, o montante do crédito malparado detido pela banca nacional caiu para um novo mínimo. Segundo os dados divulgados pelo Banco de Portugal, nesta terça-feira, no final de julho, os empréstimos de cobrança duvidosa ascendiam a 15.392 milhões de euros. Este valor é o mais baixo em quase cinco anos. E a redução deve-se sobretudo à componente das empresas.

O problema dos bancos portugueses não é apenas o malparado, os conhecidos Non Performing Loans (NPL), mas também os NPE, ou Non Performing Exposure. Dito de outra forma, são créditos concedidos que estão identificados numa espécie de antecâmara do malparado. E as autoridades europeias, particularmente a EBA (European Banking Authority), exigem aos bancos nacionais planos credíveis de redução dos referidos NPE, além do malparado propriamente dito, e por isso a necessidade de criação desta plataforma de créditos.

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