Paulo Macedo: “Daqui a seis meses, todos os bancos vão precisar de mais capital”

  • Rita Atalaia
  • 8 Julho 2017

O presidente da CGD afirma que os bancos têm de ter mais capital para responder às exigências regulamentares. É já a partir de janeiro que os bancos terão de ter reservas adicionais de capital.

Paulo Macedo afirma que “todos os bancos vão precisar de mais capital daqui a seis meses”. O presidente da Caixa Geral de Depósitos (CGD) salienta, numa conferência organizada pelo ISEG, que as instituições financeiras têm mais exigências em termos regulamentares. É já em janeiro que termina o prazo para as instituições financeiras reforçarem as almofadas de capital, por exigência do Banco de Portugal. Mas esta realidade não se reflete na concessão de crédito às empresas, defende Macedo, referindo que a Caixa “quer” dar mais empréstimos.

“Os bancos têm de ter mais capital. É uma realidade que os bancos têm mais exigências em termos regulamentares”, nota Paulo Macedo, na conferência “Real Economy and Finance” do ISEG. Recorde-se que o Banco de Portugal deu um ano aos maiores bancos para que constituíssem uma reserva adicional de capital. E este prazo acaba em janeiro, quando as novas regras entram em vigor, com o objetivo de garantir a estabilidade do sistema financeiro. “Há maiores exigências para o mesmo nível de concessão de crédito”, explica.

"Daqui a seis meses, todos os bancos precisarão de mais capital.”

Paulo Macedo

Presidente da Caixa Geral de Depósitos

Mas esta realidade vai repercutir-se na concessão de crédito às empresas? “No caso português, não”, defende o presidente da CGD. “Houve uma redução do crédito. Era o que se pedia ao país, às empresas e às famílias”. Isto não quer dizer que os “bancos não tenham capacidade para emprestar”. Pelo contrário, no caso da Caixa, o banco “tem claramente liquidez que permite ter uma concessão de crédito” muito além do que tem.

“No caso da CGD, não tem apenas liquidez e capital, quer” ceder empréstimos, diz Macedo. “Faz parte da estratégia comercial [da CGD] dar mais crédito às empresas”, afirma o presidente do banco, acrescentando que “um banco não pode ter tradicionalmente rácios de transformação baixos durante muito tempo” — o rácio da CGD está em 90%, sendo o do setor de 94%. Neste caso, o problema não está do lado dos bancos, mas da procura, defende. Paulo Macedo relembra os dados do Banco de Portugal, que mostram que o “o crédito esta no nível mais baixo dos últimos dez anos”.

Nem mesmo o malparado está a limitar a cedência de crédito, reforça Paulo Macedo, líder do banco que no ano passado reconheceu perdas de milhares de milhões de euros de crédito em incumprimento. Isto numa altura em que o Governo já apresentou uma proposta para o malparado aos três bancos portugueses — CGD, Novo Banco e BCP — com níveis mais elevados destes empréstimos de cobrança duvidosa. As instituições financeiras vão agora analisar a solução apresentada pelo Ministério das Finanças e o Banco de Portugal.

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