Sogrape reforça no Reino Unido: compra 25% da Liberty Wines

  • Lusa
  • 4 Abril 2017

A Sogrape comprou 25% do capital da Liberty Wines, consolidando a parceria estratégica que mantinha com aquela distribuidora de vinhos no Reino Unido. O objetivo é reforçar presença naquele país.

A Sogrape comprou 25% do capital da Liberty Wines, consolidando a parceria estratégica que mantinha com aquela distribuidora de vinhos no Reino Unido e planeando agora fortalecer a presença do seu ‘portfolio’ no canal da restauração daquele país.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do Conselho de Administração da Sogrape, Fernando Cunha Guedes, recordou que a empresa tinha já “uma posição importante no Reino Unido”, que no ano passado representou cerca de 7% – equivalentes a 15 milhões de euros – das vendas totais da empresa.

Contudo, disse, a operação da Sogrape estava “muito focada apenas no canal ‘off trade’, da distribuição moderna (supermercados), enquanto a Liberty Wines está muito focada no canal da restauração” e tem “um ‘portfolio’ e uma estrutura completamente diferentes”.

“Portanto há aqui um complemento perfeito não só de ‘portfolio’, como de canais, o que nos permite uma forte perspetiva de desenvolvimento das nossas marcas no Reino Unido, sobretudo no canal onde não estávamos presentes”, afirmou, apontando como meta “duplicar a presença [da empresa] no canal ‘on trade’” daquele mercado nos próximos cinco anos.

Convicto de que a entrada no capital da Liberty Wines – negócio cujo valor não foi revelado – permitirá não só “potenciar o desenvolvimento” das marcas da Sogrape, mas dos “dos vinhos portugueses” em geral, Fernando Cunha Guedes destacou que o Reino Unido é “uma das grandes montras de vinhos do mundo”, o que tinha já justificado a criação pela empresa portuguesa, em 2011, da empresa de distribuição própria Sogrape UK.

“Mais do que ter a participação [na Liberty Wines], a nossa grande motivação é ter esta grande parceria estratégica que vai beneficiar as nossas marcas e que é muito importante para a notoriedade dos vinhos portugueses no contexto internacional”, sustentou.

É que, disse, se “não há dúvidas acerca da qualidade dos vinhos portugueses, que têm uma notoriedade crescente”, o facto é que lhes “falta muitas vezes ter acesso a uma boa rede de distribuição que permita chegar de forma eficiente e eficaz ao consumidor”.

Apostada em “maximizar as sinergias através do maior controlo da cadeia de valor” que a entrada na Liberty Wines lhe assegura, a Sogrape espera que este reforço da rede de distribuição lhe permita manter a posição de Mateus Rosé no Reino Unido, mas também desenvolver marcas como Sandeman, Lan, Casa Ferreirinha, Viña Los Boldos ou Finca Flichman.

“Através da Liberty Wine há um potencial muito forte de desenvolvimento das marcas mais direcionadas para o canal da restauração em Inglaterra”, afirmou o administrador, apontando como exemplos o Lan (Espanha) e as portuguesas a Casa Ferreirinha e Herdade do Peso.

Ocupando a segunda posição a nível global em termos de vinhos importados, depois dos EUA, o Reino Unido é o terceiro maior mercado de exportação da Sogrape (apenas superado pelos EUA e Espanha) e, a concretizar-se o crescimento agora previsto, arrisca subir já em 2018 ao segundo lugar do ‘ranking’ de exportações da empresa portuguesa, ultrapassando o mercado espanhol.

E, embora admitindo que o ‘Brexit’ (saída do Reino Unido da UE) representa “um período de incerteza” que implicará “esperar mais dois anos para saber exatamente como vão ficar as relações comerciais entre o Reino Unido e a Europa”, Fernando Cunha Guedes diz que a parceria com a Liberty Wines é um “ato de ousadia”, mas revelará ser “o passo certo”.

“Sendo o Reino Unido o mercado número dois em termos de vinhos e uma montra do setor em termos internacionais, tendo aí ainda a Sogrape muito espaço para crescer e tendo nós uma visão de muito longo prazo, não tenho dúvidas de que este é o passo certo em termos estratégicos para uma empresa como a nossa”, disse à Lusa.

Na sua opinião, “são estes atos de ousadia que fazem algumas empresas diferente das demais” e foi precisamente o “ato de ousadia” do seu avô, Fernando Van Zeller Guedes, ao lançar “um vinho completamente irreverente em 1942, no pós-guerra” (o Mateus Rosé), que fez da Sogrape o que hoje é.

“Esperamos que agora, no Reino Unido, estejamos a fazer exatamente a mesma coisa”, concluiu.

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