O seu novo negócio no lado de cá do oceano

O que pode levar um empreendedor a arriscar uma nova ideia e um novo negócio num outro país? Precisa, primeiro, de decidir sair, mas também é necessário ter as respostas para desenvolver um projeto.

Imagine que, apesar de ter uma vida confortável, continua irrequieto e à procura de algo novo. Imagine que no seu país se sente ignorado e que num outro país, num outro continente, encontra uma resposta positiva e decide, de um momento para o outro, deixar a sua família, mulher e três filhos, e o seu dia-a-dia e partir com uma pequena bagagem e com uma ideia de negócio.

Imagine que chega num sábado ao novo país, neste caso Portugal, segunda-feira constitui a sua empresa, terça-feira candidata-se a um programa vale incubação, quarta-feira reúne com um founder de uma startup imprescindível na validação do seu plano de negócio e que quinta e sexta-feira reúne com investidores privados a quem faz o seu pitch.

Não satisfeito com tudo o que conseguiu numa semana (constituir a empresa, submeter uma candidatura e realizar reuniões importantes), decide continuar por Portugal onde está a finalizar o seu Minimum Viable Product (MVP) e a preparar-se para se lançar online. E tudo isto em cerca de 1 mês e 10 dias!

Que fatores terão tornado isto possível? Os seguintes terão um papel importante:

  • Perfil de decisor: muitos de nós pensamos em mudar de vida, fazer coisas novas, quem sabe começar uma nova empresa ou startup, mas acabamos por não passar dos pensamentos, algumas conversas ou rascunhos. Neste caso foi assumida uma decisão clara de começar a criar e ir tomando decisões à medida que as coisas fossem acontecendo.
  • Uma necessidade forte: apesar de ter uma vida confortável no Brasil, a insegurança do dia-a-dia começa a ser difícil de suportar; em simultâneo, sentiu no seu país um desinteresse pelo seu projeto e pelo empreendedorismo em geral.
  • Conhecimento de suporte à sua empresa: tinha uma ideia muito clara do que queria fazer porque já a desenvolve no Brasil desde há um ano, apenas com recurso a um estagiário, a um google form e a um posto de trabalho num cowork; tem também conhecimentos de gestão.
  • Apoio em Portugal: sair do avião a um sábado e abrir a empresa na segunda-feira é hoje possível porque é administrativamente e legalmente executável e porque existe uma comunidade de apoio ao empreendedorismo, a novas empresas e a startups, constituída por pessoas que estão habituadas a lidar com este tipo de solicitações e motivadas para o fazer.
  • Ferramentas tecnológicas: apesar da distância consegue estar em contacto permanente com a família, com a segurança de poder regressar rapidamente, assim como manter o controlo da atividade no Brasil enquanto procura desenvolver o negócio em Portugal.

É impossível destacar o fator decisivo: se, por um lado, é verdade que a decisão do empreendedor de sair e executar é o ponto de partida desta jornada, é também verdade que, se no primeiro contacto não tivesse encontrado uma resposta que o encorajasse ou os meios legais e tecnológicos que agilizassem todo o processo, talvez tivesse optado por ficar no Brasil ou selecionado outro país.

Entre o escrever deste texto e a sua publicação é provável que já tenha os primeiros clientes. Se, como neste caso, houver mais empreendedores no Brasil (e/ou noutros países) a pensar iniciar um percurso idêntico, todos devemos assegurar que serão bem acolhidos em Portugal.

Pedro Rebordão é diretor da Lispolis, a associação que gere o Pólo Tecnológico de Lisboa.

Nota: Caso tenha questões que gostasse de ver esclarecidas ou temas que gostasse de ver abordados, envie o seu e-mail para startups@eco.pt.

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