Capital de risco foge… do risco. Investe pouco em startups

O capital de risco está a crescer. Mas continua sem mostrar grande apetência para o investimento em empresas que estão ainda a dar os primeiros passos, como as startups.

O capital de risco está a crescer, mas a um ritmo claramente inferior ao registado noutros países europeus. E, diz a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o investimento destes operadores continua a ser direcionado para a recuperação de empresas. É uma aposta conservadora que deixa para trás projetos com elevado risco, como as startup.

“Os operadores nacionais de capital de risco detinham no final de 2017 aproximadamente 4,8 mil milhões de euros de ativos sob gestão, um crescimento de 3,1% explicado na totalidade pelos fundos de capital de risco”, enquanto as sociedades de capital de risco observaram uma queda do investimento. Na Europa, diz a CMVM, o investimento aumentou 34% para 6,4 mil milhões de euros, “o valor mais elevado dos últimos dez anos”.

No Relatório Anual sobre os Mercados de Valores Mobiliários, a CMVM nota, no entanto, que “as operações de reorientação estratégica ou de recuperação de empresas (turnaround) permaneceram as mais relevantes, e corresponderam a cerca de três em cada dez operações de investimento em private equity e a um terço do investimento do setor”.

"Os operadores de capital de risco continuaram a revelar menos apetência para investir em projetos com elevado risco e em fase de arranque, uma vez que o investimento em empresas na fase startup permaneceu reduzido.”

CMVM

“As operações de expansão e de venture capital canalizaram, cada uma, um em cada cinco euros do investimento do setor”, acrescenta o regulador, liderado por Gabriela Figueiredo Dias. “Os operadores de capital de risco continuaram a revelar menos apetência para investir em projetos com elevado risco e em fase de arranque, uma vez que o investimento em empresas na fase startup permaneceu reduzido”, salienta o relatório.

“O investimento em capital de risco permite recapitalizar as empresas participadas, apoiar novos modelos de negócio ainda por testar, criar emprego e valorizar o setor, mas o seu peso no PIB nacional (2,5%) continua a ser reduzido, o que significa que o capital de risco ainda não se conseguiu afirmar como uma importante alavanca do crescimento económico em Portugal”, atira a CMVM, rematando que “um valor significativo dos investimentos em capital de risco foi direcionado para setores menos propensos à geração de maior valor acrescentado bruto”.

"O capital de risco ainda não se conseguiu afirmar como uma importante alavanca do crescimento económico em Portugal.”

CMVM

“Os investimentos em SGPS não financeiras canalizaram 1,2 mil milhões de euros e são um veículo para investimentos noutras atividades, enquanto o investimento em atividades imobiliárias atingiu 363,1 milhões de euros do investimento realizado via fundos de capital de risco e 10,6% do total do setor”, conclui.

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