Ludi… crazy. Quer ficar colado ao banco de um Tesla Model S?

Um elétrico já surpreende muitos condutores pela imediatez com que a potência se transforma em velocidade. Num Model S, é quase assustador. Os 600 cv "colam" o condutor ao banco.

3, 2, 1… We have liftoff. Não levantamos voo literalmente, mas com este Tesla “voamos” baixinho. É essa a sensação que se tem quando carregamos a fundo no pedal do acelerador do Model S. Em silêncio total, o que é quase contranatura, ficamos colados ao banco a ver o asfalto ser devorado cada vez mais rapidamente, sempre à espera daquela pausa para respirar que se tem numa tradicional passagem de caixa mas que... nunca acontece. O P100D da Tesla é um foguete.

É potência total, de forma contínua. Afinal, estamos a falar de um automóvel totalmente elétrico que tem a particularidade de oferecer uma potência equivalente a mais de 600 cv, com tração às quatro rodas, capaz de gerar uma força gravitacional de 1,1 vezes, ou seja, como uma vez descreveu Elon Musk, é “mais rápido do que cair”. Isto no modo mais louco de todos, o “Ludicrous”, que é, efetivamente, de loucos. É pura diversão para quem gosta.

A sensação é avassaladora. Um elétrico já surpreende muitos condutores pela imediatez com que a potencia se transforma em velocidade, mas no caso do Model S, na versão mais potente, é quase indescritível. Só mesmo com alguns números se pode dar alguma noção do quão rápido este automóvel é: bastam 2,7 segundos para chegar dos zero até aos 100 km/h. Velocidade máxima? 250 km/h, limitado eletronicamente. Antes de lá chegar, já o Tesla passou o contador da velocidade digital de branco para vermelho. É um alerta.

Andar com o “Ludicrous” é quase como pedir para ser fotografado num qualquer radar de velocidade (e há tantos espalhados por aí). Mesmo no “Sport”, a versão desportiva, há muita potência à distância de um ligeiro toque no acelerador, pelo que o “Chill” acaba por ser o modo mais civilizado. Não dispara, mas é mais do que suficiente para bater a concorrência naquele semáforo vermelho que em segundos se transforma numa luz verde.

“Esse é que é… É a bomba!”

O P100D, o mais potente dos Model S, é garante de diversão para quem gosta de fazer o gosto ao pé direito… e de ficar com o estômago feito num oito – sim, porque quem não está preparado para a potência, sofre. Dá vontade de conduzir, conduzir e… conduzir mais um bocadinho, com ou sem destino pré-definido. É extremamente viciante. E, ao contrário de muitos elétricos, há bateria suficiente para deixar o condutor saciado. Chega, no limite, para 600 km.

Não será, certamente, no modo “Ludicrous” que se conseguem estas centenas e centenas de quilómetros que quase fazem desaparecer aquele anseio que se sentia num automóvel elétrico de anterior geração. Fazem-se bastantes, é verdade, mas quando pela frente está uma viagem de meio país, o “Sport”, mas principalmente, o “Chill”, são a opção mais aconselhada. E assim, sim, há autonomia que baste. Uma bomba, duas bombas, três bombas. Passamos por várias até ao Algarve. Atestar? Perdão. Recarregar? Sim, mas por precaução já que nunca se sabe se há postos a postos para o fazer junto à praia.

Conexões à corrente não faltam no topo de gama da fabricante norte-americana. Desde a tradicional ficha do candeeiro de casa — carrega cerca de 150 km em oito horas — até às fichas rápidas, as CHAdeMO, que se encontram nalguns postos do país, alguns em autoestrada. Em vários postos chegam a haver três tomadas diferentes, mas apenas uma de cada. E e a CHAdeMO é sempre a mais solicitada. Por isso, chegar ao posto e encontrar outro Tesla… desanima.

Mas, entre os condutores de elétricos parece haver grande companheirismo. “Espere aí que já vou desligar”, diz-nos o dono de outro S. “Estava só a carregar mais um pouco já que vou para Espanha. Carreguei no Supercharger de Montemor-o-Novo [há outros em Fátima e na Guarda], por isso parei só para garantir que chego a Sevilha”, diz o condutor de um 85D, modelo da anterior geração do Model S. É em tudo idêntico, mas o dono não resiste: “Esse é que é… É a bomba!”. E é mesmo.

Carregadinho de tudo. Bateria e luxo

Com a bateria tal e qual a do smartphone nas primeiras horas da manhã, a marcha segue, sempre com grande suavidade. Não só não se ouve nada quando se está aos comandos de um Model S, como todo o automóvel está concebido para garantir o máximo conforto a todos os ocupantes – cinco ou mesmo sete, com os dois bancos extra na bagageira. Desde os bancos com um excelente apoio lombar, totalmente ajustável, até ao generoso espaço no habitáculo.

Quem vai atrás não tem razões de queixa – nem as malas, viagem na bagageira de 750 litros, ou debaixo do capot em substituição do… motor (59,5 litros). É um elétrico! Mas quem vai à frente fica com a melhor parte. O condutor porque tem nas mãos um “brinquedo” de gente grande, mas o “pendura” porque dificilmente fica entediado. No meio dos dois, num tablier gigante está uma TV. Não é bem, mas quase. São 17 polegadas de ecrã, colocado na vertical, que tem tudo. Mesmo.

Da navegação em 3D, com mapas da Google, passando pelo browser para navegar na internet, até ao Spotify. É simplesmente brilhante, de tal forma que quando se volta a modelos mais comuns, mesmo aqueles com um preço semelhante ao do S P100D, que ronda os 150 mil euros, quase nos perguntamos se “aquilo” é que é o sistema de infoentretenimento.

Depois de ver este, a Tesla “estraga” os da concorrência, também por tudo o que se pode controlar no que à condução diz respeito. Não só permite selecionar os modos de condução como afinar a altura do carro, bem como ajustá-lo face ao terreno em que se conduz. E vai até ao desbloqueio da porta para carregar as baterias – disfarçada num dos farolins – ou à percentagem de abertura do teto de abrir. É este o nível de detalhe, revelador do tempo e dinheiro que marca investiu para conceber um automóvel que maravilha quem o conduz e deslumbra quem o vê passar. É que tudo isto vem com um “embrulho” de linhas simples, fluidas — até os puxadores de portas são escamoteáveis –, mas sempre desportivas.

Olha, mãe! Sem mãos”

O P100D é um automóvel para ser conduzido. “Pede” para ser desfrutado, tal o gozo que se consegue retirar de um modelo que, apesar de não parecer, tem mais de duas toneladas. Já para não falar que é um verdadeiro “monstro” na estrada. Não é feio – é subjetiva a avaliação, mas a julgar pelos olhares de outros condutores, é bem atraente –, mas antes um gigante nas estradas portuguesas – 5,0 metros de comprimento, 2,2 de largura. Há tanta rua por essas cidades que nos fazem questionar se passa ou não passa. Nos EUA não há, certamente, esse stress.

Quando o instinto do condutor duvida, o Tesla está lá para mostrar se há ou não espaço para passar ou, simplesmente, estacionar. O ecrã gigante troca o browser da internet, ou a lista de músicas do Spotify por uma imagem de alta qualidade do que se passa em redor do Model S. Há câmaras por todo o lado, tudo para facilitar o trabalho do condutor. Se mesmo assim não apetecer estar com o trabalho de acertar no lugar, o Tesla assume o comando.

Pergunta se queremos que estacione. Diz-se que sim e… lá vai o carro, sem qualquer ajuda do condutor, para o descanso num qualquer parque de estacionamento. Até à próxima viagem… E se alguém gostar tanto do carro que estaciona mesmo juntinho? Não há problema. Com a app da marca, pode “conduzir-se” o Tesla. Não é exclusivo, mas é sempre engraçado ver um automóvel deste tamanho andar para trás ou para a frente quando se está simplesmente a tocar no ecrã do smartphone.

Mais impressionante do que tudo isto é a capacidade de condução autónoma dos modelos da marca de Elon Musk. O Autopilot é simples de ativar. Velocidade máxima definida, é ver o Model S rodar o volante de um lado para o outro, ajustando-se ao centro da faixa. Faz tudo sozinho durante um breve período, permitindo ao condutor sossegar os braços. Dá vontade de dizer: “Olha, mãe! Sem mãos”, como quando se andava de bicicleta. De tempos a tempos o ecrã por detrás do volante lá vai piscando para alertar que é preciso assumir o controlo. Enquanto não o faz, é ver, nesse mesmo ecrã, uma réplica do S a passear naquilo que quase parece um videojogo onde até aparecem os outros carros na estrada. O nível de detalhe vai das luzes de travão (que acendem até quando se retira por completo o pé do acelerador), até aos faróis que se acendem quando cai a noite.

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