O que têm em comum Engie e a EDP? Os grandes fundos de investimento

BlackRock e o Capital Group, que têm 4,95% e 4,36%, respetivamente, do capital da Engie, estão também no capital da empresa portuguesa. O Capital Group tem 12% da EDP.

A energia está ao rubro, com as renováveis a serem o “motor” da consolidação. Há vários negócios que estão a mudar o panorama do setor europeu, daí que não possa ser vista como uma surpresa uma eventual investida por parte da Engie na EDP. Mas será só isso, a atração pelo negócio das renováveis da EDP, que fará mover a gigante francesa? Pode haver outra explicação. A resposta poderá estar nos acionistas de ambas as empresas.

Tem havido vários negócios na indústria, mas o da E.On com a RWE é, de longe, aquele que mais se destaca. As duas empresas fundiram-se num contexto em que o foco passa a ser o negócio das energias renováveis. Esse mesmo propósito explica o interesse da segunda maior elétrica do mundo na elétrica de António Mexia.

O portefólio da EDP, com cerca de 73% da capacidade instalada em energias renováveis (hidro, eólica e solar), é o principal fator de interesse, num enquadramento de mercado em que as energias renováveis são cada vez mais preferenciais face à produção convencional”, diz o BiG Research. “A EDP também apresenta uma presença geográfica atrativa, com destaque para o Brasil e os EUA”, remata, em declarações ao ECO.

A EDP tem uma carteira que a torna atrativa para vários players, mas no caso da Engie poderemos estar também perante um casamento de interesses dos investidores. É que quem investe na gigante francesa também aposta muito dinheiro na cotada portuguesa. E que investidores são esses? Grandes fundos de investimento internacionais.

Estrutura acionista da Engie

Fonte: Reuters

A Engie tem como principal acionista o Estado francês, mas mais abaixo na lista de acionistas estão a BlackRock e o Capital Group, que têm 4,95% e 4,36%, respetivamente, do capital da empresa liderada por Isabelle Kocher. Estes fundos estão também no capital da empresa portuguesa, sendo o Capital Group um dos principais acionistas.

Enquanto os norte-americanos da BlackRock contam com 5% do capital, o Capital Group tem 12%, apenas menos que os 23,27% da China Three Gorges. São ambos norte-americanos, sendo que, por definição, estes fundos procuram sempre as melhores soluções para rentabilizarem o dinheiro que os seus investidores lhes confiaram.

Estrutura acionista da EDP

A EDP é uma empresa bastante generosa com os seus acionistas, entregando anualmente quase 700 milhões de euros através de dividendos. Mas a compra da elétrica portuguesa por parte da Engie poderia ser ainda mais rentável, gerando elevados ganhos potenciais para esses investidores que, ao mesmo tempo, manteriam exposição à cotada francesa e aos ativos renováveis da EDP.

Esta dupla aposta destes dois fundos poderá, no entanto, esbarrar nos interesses da China Three Gorges que estão numa postura compradora, mais do que vendedora. Fontes de mercado garantem que a possibilidade de os chineses da CTG lançarem uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) é real e efetiva.

“Os chineses não gostam de iniciativas que podem ser consideradas hostis, mas percebem que as sucessivas afrontas que sofreram nos últimos meses, e que os levou a São Bento para recordar ao Governo o acordo que assinaram com o Estado português, ainda com Passos Coelho, têm de ter uma solução”, refere uma fonte que conhece a posição da China Three Gorges.

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