Exclusivo Sonae escolhe Barclays, BNP e Deutsche Bank para pôr negócio do retalho na bolsa

Paulo Azevedo já escolheu os três bancos para colocar o retalho no mercado de capitais. BNP Paribas, Barclays e Deustche Bank são os eleitos. De fora ficam os bancos portugueses.

A Sonae já escolheu os bancos para operacionalizar a entrada do negócio de retalho na bolsa de Lisboa. A escolha do grupo co-liderado por Paulo Azevedo e Ângelo Paupério recaiu no BNP Paribas, no Barclays e no Deutsche Bank, apurou o ECO junto de fontes de mercado. De fora desta opção ficam os bancos nacionais numa operação que deverá avaliar a nova cotada em mais de dois mil milhões de euros.

A escolha dos dois primeiros como líderes da operação parece óbvia, o BNP Paribas é o banco que por tradição trabalha com a Sonae e o Barclays o que acompanha, através de research, a empresa da Maia. Já a escolha do Deustche Bank tem a ver com o facto de a operação ter como alvo, sobretudo, investidores da Europa.

Contactada a Sonae não quis fazer comentários sobre esta operação.

De fora da “primeira liga” da operação de dispersão vão ficar os bancos portugueses. As instituições nacionais deverão, contudo, conseguir participar na subsequente oferta de ações desta nova cotada como joint-bookrunners, sabe o ECO.

A entrada da área do retalho na bolsa foi anunciada pela Sonae, na apresentação de contas do grupo, altura em que a empresa apresentou lucros de 166 milhões em 2017. “Como parte da estratégia da Sonae SGPS de proporcionar maior autonomia e foco às empresas do seu portefólio, o Conselho de Administração está atualmente a analisar a possibilidade de listar um portefólio de retalho”, afirmou a empresa.

Com a escolha dos bancos já efetuada, a Sonae vai agora debruçar-se sobre o perímetro da operação e o próprio prazo. No mercado especula-se que a operação deverá recair apenas na área de retalho alimentar, ou seja, na Sonae MC, cuja principal insígnia é o Continente. De resto, a Modelo Continente já esteve em tempos na bolsa, tendo sido retirada em 2006. Mas o retalho da Sonae não é só o alimentar, e vai desde a eletrónica, à moda, passando pelo desporto.

Paulo Azevedo, apesar de reconhecer o interesse por parte dos investidores em estarem expostos diretamente ao retalho, afirmava, aquando do anúncio da intenção de avançar para a bolsa, que a operação estava ainda a ser estudada. “O que sabemos é que há interesse por parte dos investidores que querem estar expostos diretamente ao retalho”, referia. “O que o mercado, em geral nos tem dito é que estaria interessado [em investir numa empresa de retalho] se houvesse uma oportunidade”.

Claro, esta operação será também um barómetro para a avaliação da economia portuguesa junto de investidores de mercado. É que o negócio que vai para a Euronext Lisboa está exposto sobretudo a Portugal e, por isso, poderá beneficiar das perspetivas económicas para o país nos próximos anos. “Será também um teste de mercado a Portugal”, disse outra fonte ao ECO.

Avaliação de mais de dois mil milhões

A Sonae quer colocar o retalho no mercado, mas não vai abdicar do controlo das operações. No máximo, colocará em bolsa 49% do capital, mas a percentagem a admitir à negociação ainda não está definida. Já sobre o valor, há indicações. Fontes próximas à Sonae garantem ao ECO que a área de retalho pode chegar ao mercado avaliada em perto de dois mil milhões de euros.

Nas contas do BPI, só esta divisão apresenta um valor de 2,27 mil milhões de euros, recorrendo ao método dos cash flows descontados. A este valor é preciso, contudo, deduzir a dívida para chegar a uma avaliação de mercado. Neste sentido, o retalho está avaliado em torno dos 1,64 mil milhões de euros, mas vale mais.

No exercício de 2017, a área de retalho cresceu 6,8% para os 5,6 mil milhões de euros “com contributo positivo de todas as áreas, com destaque para o negócio de base alimentar que cresceu 5,4% e para a Worten que ultrapassou mil milhões de euros com crescimento anual superior a 10%”, referia a Sonae.

Numa nota assinada por José Rito e Bruno Bessa, o BPI refere que a “unidade de retalho está a negociar a oito/nove vezes os lucros estimados para 2018“, aquém da média da indústria, que é de 15,4 vezes os lucros. Considerando este rácio, a avaliação do retalho da Sonae dispara para um valor em torno dos 3,14 mil milhões de euros.

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