Novo software ajuda a detetar “tretas” em tempo real

  • Marta Santos Silva
  • 10 Agosto 2017

O investidor George Soros e o fundador do eBay estão entre os apoiantes iniciais da nova tecnologia que quer ser um "sistema imunitário" contra a informação falsa.

Com o espalhar de informações falsas tanto através de meios de comunicação dedicados como através do discurso ou comentário político, pode ser difícil para os jornalistas e os cidadãos verificarem os factos que lhes chegam. A organização britânica Full Fact, com apoio financeiro de George Soros e do fundador do eBay Pierre Omidyar, está a desenvolver um detetor automático que vai começar a ser testado a partir de outubro por organizações britânicas, assim como na América Latina e em certos países africanos.

O investimento é de 500 mil libras, escreve o jornal britânico The Guardian, para desenvolver um software que deverá servir como “sistema imunitário”, disse a gestora do projeto ao jornal. “À medida que mais informação errada sai para o mundo, não temos meios para nos defender disso”, explicou Mevan Babakar. O projeto do Full Fact que está a ser apelidado internamente como “detetor de tretas” quer ser essa ferramenta.

Como funciona? O software é capaz de verificar frases à medida que elas vão sendo ditas ou escritas e entram no sistema. Depois, com base em centenas de verificações de factos feitas previamente a declarações semelhantes, manualmente por jornalistas ou verificadores em sites especializados, é capaz de dizer se a declaração é verdadeira ou falsa. Os criadores do projeto esperam que ele possa vir a fazer as suas verificações com base em informações oficiais também.

De acordo com o Guardian, as afirmações de um político, enquanto este vai falando, podem surgir sublinhadas se corresponderem a uma verificação de factos que já foi feita e assinaladas como Corretas ou Incorretas, juntamente com uma curta explicação. Esses veredictos também podem surgir no ecrã televisivo, por exemplo.

Para desenvolver o projeto, o Full Fact está a colaborar também com a organização argentina Chequeado e com a organização da África subsariana Africa Check. Para já, a intenção é que a ferramenta seja usada apenas por jornalistas. “Acho que se formos diretamente ao público em geral, vamos esbarrar contra as pessoas que querem respostas rápidas, e não vão ficar satisfeitas porque as respostas não podem ser sempre curtas”, explicou Mevan Babakar ao The Guardian. “Mas serve para ajudar o jornalista defender-se melhor, por exemplo ao poder desafiar políticos logo na conferência de imprensa em vez de ter de voltar para a secretária e fazer pesquisa. Assim, pode-se fazer logo o confronto”.

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