Altice: “Governo não vê a importância” do investimento

Armando Pereira criticou esta quinta-feira o Governo português por não reconhecer a importância dos investimentos da empresa francesa em Portugal. O cofundador da Altice diz que vai continuar.

Armando Pereira, cofundador da Altice, natural de Vieira do Minho.Henrique Casinhas/ECO

Armando Pereira garantiu esta quinta-feira que os investimentos da Altice em Portugal são para continuar. Na passada sexta-feira, a empresa francesa anunciou que vai adquirir a Media Capital, dona da TVI e da Rádio Comercial. Em declarações transmitidas pela RTP, o cofundador criticou o Executivo por não reconhecer a importância dos investimentos feitos pela empresa em Portugal.

Muitas vezes o Governo português não vê essa importância. Mas nós não fazemos política. Somos industriais e só vemos uma coisa que é importante: fazermos um trabalho e dar trabalho aos portugueses”, afirmou Armando Pereira, em declarações feitas em Vieira do Minho, na inauguração do segundo call center da empresa. O cofundador da Altice diz ter “prazer” em trazer o que consegue para Portugal.

Mesmo se às vezes nos dizem ‘para que vêm para aqui, eles não nos querem, penso que não gostam de nós’, vamos continuar“, afirmou Armando Pereira, natural de Vieira do Minho. O cofundador da Altice admite que parece que em Portugal “não gostam” da empresa. Já na semana passada, na conferência de imprensa, o presidente executivo, Michel Combes, afirmou a empresa não está em Portugal “para fazer política”. “O que estamos a apresentar é um grande projeto para o país”, afirmou Combes.

A empresa voltou a estar na ordem do dia com o anúncio da compra da TVI e os problemas com os trabalhadores da PT. Ainda esta quarta-feira, no Parlamento, os dois assuntos estiveram em debate com os partidos à esquerda a pedir um travão no negócio, assim como uma intervenção mais forte na proteção dos trabalhadores. No entanto, o Governo remeteu a questão para os reguladores e a ACT.

Foi na passada sexta-feira, dia 14 de julho, que o grupo francês anunciou que chegou a acordo com a Prisa para comprar a Media Capital por 440 milhões de euros, depois de semanas de especulação. O negócio junta a operadora Meo à TVI, uma tendência de consolidação entre empresas de media e operadoras que já se verifica noutros mercados na Europa e América do Norte. Paulo Neves, da PT, passou a ser o chairman executivo da Altice Portugal e Claudia Goya passará a liderar a Meo.

No Debate do Estado da Nação, António Costa comentou o caso: “Partilho os receios sobre a evolução da PT [comprada pela Altice]. Porque receio bastante que a forma irresponsável como foi feita aquela privatização, possamos vir a ter um novo caso Cimpor e um novo desmembramento que ponha em causa não só os postos de trabalho como o futuro da empresa”. O primeiro-ministro foi mais longe, tendo sido posteriormente criticado: “Já fiz a minha escolha da companhia que utilizo”.

Na própria sexta-feira os analistas do BPI diziam que a operação poderá enfrentar “entraves políticos”. “Depois dos comentários do primeiro-ministro, António Costa, relativamente à Altice, acreditamos que possam existir barreiras políticas para a conclusão deste negócio por parte da Altice“, afirmou Pedro Oliveira, analista do BPI. A análise refere que a aprovação dos reguladores pode atrasar o negócio, principalmente se for feita uma “investigação aprofundada”.

(Atualizada às 13h56)

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