Exército sofre duas baixas por divergências com Rovisco Duarte
São já dois os tenentes-generais que apresentaram a demissão por divergências com o chefe de Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte: José Calçada, que já foi substituído, e Faria Menezes.
O caso de Tancos continua a dar que falar. São já dois os tenentes-generais que apresentaram a demissão por divergências com o chefe de Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte. José Calçada, comandante de Pessoal do Exército, demitiu-se este sábado por “divergências inultrapassáveis” com o CEME (e já foi substituído) e Faria Menezes, comandante operacional das Forças Terrestres, segue-lhe as pisadas. A notícia foi avançada pelo Expresso (acesso pago).
José Antunes Calçada, disse ao semanário que considera a forma como Rovisco Duarte decidiu exonerar cinco coronéis responsáveis pelas rondas nos paióis de Tancos que foram assaltados e o armamento roubado foi “inqualificável”. O general Calçada garante que “nunca pretendeu” ser promovido a vice-CEME, lugar que Rovisco Duarte já tinha feito saber que não viria a ser ocupado pelo comandante do Pessoal. O responsável pediu para ser exonerado e passar à reserva e o pedido foi aceite, tal como revela o comunicado do gabinete do CEME que chegou às redações, tendo inclusivamente sido já substituído.
“A fim de assegurar a manutenção da cadeia de comando, o senhor tenente-general vice-chefe do Estado-Maior do Exército, tenente-general Rodrigues da Costa, foi nomeado para assumir o cargo de comandante do pessoal em acumulação”, revela o comunicado, sem no entanto nada dizer sobre a demissão do tenente-general Faria Menezes, atual comandante operacional das Forças Terrestres, que também decidiu abandonar o cargo este sábado e pelo mesmo motivo.
"A fim de assegurar a manutenção da cadeia de comando, o senhor tenente-general vice-chefe do Estado-Maior do Exército, tenente-general Rodrigues da Costa, foi nomeado para assumir o cargo de comandante do pessoal em acumulação.”
Em declarações ao Expresso, Faria Menezes anunciou que vai apresentar a demissão, mas apenas na próxima segunda-feira. “Com a exoneração dos cinco comandantes houve uma quebra do vínculo sagrado entre comandantes e subordinados. Por respeito aos princípios e valores que perfilho, vejo-me obrigado a pedir a exoneração como comandante das Forças Terrestres”, explicou o tenente-general.
Cristas: já é tempo de Costa pôr “ordem na casa”
Estas demissões já estão a gerar reações políticas. O Presidente da República recusou comentar diretamente estas demissões dizendo apenas que “o importante é apurar tudo de alto a baixo”, porque “é isso que os portugueses têm direito de saber e é isso que importa saber rapidamente”.
"O importante, também aí, é apurar tudo, de alto a baixo, em todas as circunstâncias, em matérias de facto e de responsabilidade. é isso que os portugueses têm direito de saber e é isso que importa fazer rapidamente.”
Já para a líder do CDS-PP estas demissões “não são um bom sinal” e demonstram que é tempo de o primeiro-ministro “pôr ordem na casa”. “Já se demitiram dois generais do Exército (…) e estas demissões sinalizam que tivemos razão quando ainda ontem [sexta-feira] o CDS pediu a demissão do chefe de Estado-Maior“, disse Assunção Cristas, em Vale de Cambra, à margem da apresentação da recandidatura de José Pinheiro àquela que é uma das cinco câmaras municipais do país sob gestão popular. Citada pela Lusa, a líder dos populares apela, por isso, a “que o primeiro-ministro apareça e dê a cara”.
“É urgente que fale e ponha ordem na sua casa – que, além do mais, é a casa de todos nós, porque estamos a falar do Estado”, explica. “E é bom que se pronuncie rapidamente porque já está a demorar muito”, realça.
"É urgente que [o primeiro-ministro] fale e ponha ordem na sua casa – que, além do mais, é a casa de todos nós, porque estamos a falar do Estado”, explica. “E é bom que se pronuncie rapidamente porque já está a demorar muito.”
Para Assunção Cristas, António Costa deve fazer uma “remodelação no Governo” – nas pastas da Defesa e também da Administração Interna, devido ao caso dos incêndios de Pedrógão Grande – porque só assim os cidadãos poderão recuperar a confiança na soberania e na autoridade do Estado. A presidente do CDS admite que o “primeiro-ministro tem muito que refletir”, mas critica-o por estar “em silêncio há muitos dias” enquanto se assiste a “uma grande erosão na autoridade do Estado”.
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