Juros das poupanças e do crédito em novos mínimos históricos

Em março, a remuneração das novas aplicações em depósitos a prazo baixou para um novo mínimo de sempre. No crédito à habitação e nos empréstimos às empresas aconteceu o mesmo, mostram dados do BCE.

Colocar dinheiro em depósitos a prazo nunca rendeu tão pouco. Dados divulgados pelo Banco Central Europeu (BCE), indicam que, em março, a remuneração dos novos depósitos a prazo das famílias se fixou, em média, nos 0,31%. Trata-se da taxa de juro mais baixa do histórico da entidade liderada por Mario Draghi, que remonta ao início do ano 2000. Mais baixa foi ainda a remuneração oferecida nos depósitos com prazo até um ano, onde a taxa de juro recuou pela primeira vez abaixo da fasquia dos 0,3%, para se fixar numa média de 0,29%.

Os novos mínimos dos juros dos depósitos a prazo, surgem no seguimento da fraca apetência dos bancos em captar recursos dos seus clientes, tendo em conta não só o nível historicamente baixo dos indexantes como o facto de já não precisarem desses ativos para puxarem pelos seus rácios de capital. A prioridade dos bancos passa agora por dar crédito, razão que ajuda a explicar que os juros dos novos empréstimos às famílias e às empresas também continuem a apresentar uma tendência de descida, em alguns casos também para níveis historicamente baixos.

Juros dos depósitos até um ano abaixo dos 0,3%

Fonte: BCE

É o que se passa, por exemplo, com o crédito à habitação. Em março, a taxa de juro média aplicada em novos empréstimos com esse fim atingiu um novo mínimo histórico. Quem contratou crédito à habitação nesse mês, começou a pagar uma taxa de juro média de 1,77%, o que corresponde ao valor mais baixo do histórico do BCE que remonta também ao arranque do ano 2000. Para além da tendência de queda das taxas Euribor nos diferentes prazos, parte da descida dos juros dos créditos à habitação celebrados nesse mês também se resulta da tendência de descida que se observa nos spreads aplicados pelos bancos.

Nas restantes finalidades de crédito disponibilizados aos particulares também se observou uma tendência de descida, apesar de não se tratar de um mínimo de sempre. No caso da concessão de novos empréstimos ao consumo, a taxa de juro fixou-se, em média, nos 7,48%, o valor mais baixo desde o observado em dezembro do ano passado (7,14%). Esse sim, o valor mais baixo do histórico disponibilizado pelo BCE. No caso dos outros empréstimos a particulares, taxa de juro média ficou nos 3,83%, a mais baixa desde julho do ano passado, mês em que a taxa de juro se tinha fixado, em média, nos 3,8%. Ou seja, o mínimo do histórico.

Empresas também provam juros mínimos

O nível historicamente baixo dos juros também chega às empresas. Em março, os bancos cobraram, em média, uma taxa de juro de 2,71% para emprestarem dinheiro às empresas, naquela que já é a mais baixa do histórico de 17 anos disponibilizado pela entidade liderada por Mario Draghi. Em fevereiro, a taxa tinha-se fixado nos 2,89%, em média. A quebra dos juros foi transversal a todas as empresas, independentemente da sua dimensão.

No caso das Pequenas e Médias Empresas (PME), a taxa de juro média recuou até aos 3,16%, abaixo dos 3,25% verificados, em fevereiro. Já no caso das grandes empresas, a taxa de juro foi, em média, de 2,04%, abaixo dos 2,17% registados em fevereiro. As empresas de maior dimensão continuam a ser aquelas que mais têm sido beneficiadas pelo alívio dos juros dos empréstimos.

Independentemente da descida dos juros que, para além das famílias, também tem beneficiado as empresas, as quantias emprestadas a esse segmento têm apresentado uma tendência de queda. Os últimos dados disponíveis, relativos a fevereiro, indicam que nesse mês a concessão de crédito a esse segmento recuou para o patamar mais baixo pelo menos dos últimos 14 anos. Em fevereiro, as empresas nacionais foram buscar um total de 1.831 milhões de euros à banca, o que corresponde ao montante mais baixo pelo menos desde o início de 2003, período a que remonta o histórico do BdP.

Grande parte da justificação para o baixo volume de crédito a este segmento resulta da falta de procura. Já no caso dos particulares, sobretudo no que respeita à habitação e ao consumo, a tendência tem sido para aumentar a procura. O último inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito realizado pelo Banco de Portugal aponta para que no segundo trimestre deste ano, a procura de crédito à habitação deverá continuar a ser o motor da concessão. Já no que respeita às empresas, é antecipado um ligeiro aumento da procura, sobretudo por parte da PME.

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