Há 263 empresas estrangeiras a beneficiar do Portugal 2020

Empresas de capital estrangeiro respondem por 13,49% do investimento feito com apoios comunitários. Em causa estão 411 projetos levados a cabo por 263 empresas. A Embraer é só um exemplo.

Seis em dez. Este é o rácio das empresas estrangeiras nos dez maiores investimentos em Portugal financiados com apoios comunitários. Ou seja, seis são protagonizados por empresas estrangeiras e quatro por empresas nacionais.

E no conjunto de todos os projetos apoiados pelos Sistemas de Incentivos? São 263 as empresas estrangeiras que beneficiam de fundos comunitários em Portugal. Mas as empresas nacionais são muitas mais — 5.716 — o que coloca o rácio em 1 para 21, revelam os dados que o Programa Operacional das Empresas enviou ao ECO.

Outra forma de ler estes dados é concluir que 4,3% das empresas que já receberam apoios comunitários (até 28 de fevereiro) são estrangeiras. Apoios que são concedidos não só pelo programa operacional das empresas, o Compete, mas também pelos programas operacionais regionais.

A percentagem assume contudo uma maior expressão ao nível do investimento. As empresas estrangeiras foram responsáveis por 13,49% do investimento feito em Portugal com apoios de Bruxelas. Isto é, as empresas nacionais já investiram 5,39 mil milhões de euros, as estrangeiras 841,22 milhões. De sublinhar que os dois maiores investimentos são nacionais. A brasileira Embraer surge em terceiro lugar.

263 empresas estrangeiras são responsáveis por 13% do investimento

Fonte: SGO2020 (28 fevereiro 2017)

Em termos de incentivos, da fatia global de 2,94 mil milhões de euros já aprovados, 11,8% foi atribuído a empresas estrangeiras. De sublinhar que a nomenclatura aqui seguida é a da OCDE que considera investimento estrangeiro aquele que é feito por empresas detidas em 10% ou mais por capital estrangeiro.

Ainda assim, é possível concluir que os projetos nacionais gozam de níveis de incentivos maiores. Os 411 projetos promovidos por empresas com capital estrangeiro tiveram um apoio de 41%, enquanto os 8.875 projetos nacionais tiveram um apoio de 48%. Uma ajuda mais significativa porque são empresas de menor dimensão e como tal podem beneficiar de apoios mais avultados.

A opção das empresas estrangeiras investirem em países beneficiários de fundos estruturais não é inocente e os próprios beneficiários usam esta arma como estratégia de atração de investimento e de diferenciação positiva.

Investimento do Top10 é sobretudo estrangeiro

As grandes multinacionais têm sabido aproveitar os fundos do Portugal 2020. Embraer, Continental, Eurocast, Fuarécia, Amy’s Kitchen e Sakhi Portugal são as empresas estrangeiras que que dominam o Top10 dos maiores investimentos feitos com apoios comunitários.

Navigator, Celtejo, Celbi e Bial são portuguesas. As restantes são estrangeiras. Fonte: Compete.

A Embraer quer desenvolver um projeto para implementar soluções industriais avançadas para a produção de componentes de grande dimensão e de estruturas metálicas complexas para novos aviões de transporte comercial. Em causa está um investimento de 63,62 milhões de euros que vai receber um incentivo de 23,53 milhões de euros. Este projeto já arrancou em junho de 2015 e deverá estar concluído em dezembro de 2018.

Mas este não é o único investimento da empresa sediada em Évora, com apoios comunitários. Além da unidade de estruturas metálicas, a Embraer tem outra de compósitos, especializada na produção de estruturas complexas e traduz-se num investimento total elegível de 93,7 milhões de euros e um apoio público de cerca de 35 milhões. Uma vez concluídos, os dois investimentos terão um impacto na criação direta de emprego de um total de 262 postos de trabalho qualificados, com o complexo da Embraer em Évora a ultrapassar os 450 empregos diretos. O objetivo é também o reforço da diversificação de mercados na indústria aeronáutica, incluindo para clientes fora do Grupo Embraer.

Já a Continental também continua a dar cartas na sua fábrica em Famalicão. A empresa alemã é uma das dez maiores exportadoras portuguesas e, segundo os resultados divulgados esta segunda-feira, fechou o ano de 2016 com um volume de negócios de 830,9 milhões de euros, mais cerca de dez milhões do que no ano anterior.

Depois vêm as francesas Eurocast e Faurécia. A Eurocast, com um investimento de 49,71 milhões de euros, recebeu incentivos financeiros do Executivo. A empresa propõe-se criar uma nova unidade de fundição de peças de alumínio em Estarreja e criar 170 postos de trabalho. Um número que se junta aos 70 colaboradores de Arcos de Valdevez, numa unidade que custou 15 milhões de euros. A Faurécia recebe um apoio de 14,43 milhões de euros para incorporar novas tecnologias de produção mais flexíveis e eficientes e que contribuam para veículos mais amigos do ambiente.

A empresa norte-americana a Amy’s Kitchen está a instalar uma fábrica em Santa Maria da Feira, que deverá entrar em funcionamento em 2018, a partir da qual sairão, para toda a Europa, produtos alimentares saudáveis. Para isso recebe um apoio de 11,66 milhões de euros e a indiana Sakthi, propõe-se investir 36,71 milhões de euros numa nova fábrica em Águeda e criar cerca de mil empregos, nos próximos seis anos. O apoio dos Sistemas de Incentivos é de 10,56 milhões de euros.

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