Como preparar a reforma além da parte financeira?

Com o aumento médio da esperança média de vida estão os portugueses preparados para uma reforma mais longa? Além da parte financeira há outras dimensões que não devem ser esquecidas.

O aumento da esperança média de vida da população, associada a cada vez menos nascimentos, tem conduzido a uma inversão da pirâmide etária nas sociedades atuais. Temos mais reformados durante um período cada vez mais longo, e que tem levado a que a sustentabilidade da Segurança Social seja um tema na ordem do dia. Ainda assim, o Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social não tem dúvidas de que este é o melhor sistema.

“O sistema público de repartição é o mais adequado para o financiamento do sistema nacional de pensões. A sua transformação num outro modelo não é exequível ou aconselhável, o que não significa que não devam ir sendo feitos ajustamentos que, aliás, têm sido feitos por exemplo a nível da diversificação das fontes de financiamento”, afirmou José António Vieira da Silva, em declarações ao ECO.

Para o ministro, “há duas dimensões fundamentais que devem ser garantidas: estabilidade do sistema, ou seja, não estar permanentemente a pôr em causa qual é o valor da reforma do ano seguinte, e a segunda é melhorar aquilo que está por trás da Segurança Social, que é a economia”. Assim, Vieira da Silva não tem dúvidas de que “é muito importante que as pessoas possam ter uma participação ativa na melhoria das suas condições de vida, que vá para além de toda a carreira contributiva, reforçando aquela que será a sua proteção na velhice através de outros mecanismos de poupança”. E terá sido por isso que, há dez anos, foram criados os certificados de reforma. Ou seja, um produto que tem como objetivo constituir um complemento de reforma.

Uma nova abordagem

No entanto, olhar para a reforma é mais do que olhar para um complemento financeiro que nos permita garantir os mesmos valores de rendimentos no futuro. Estes anos são cada vez mais encarados por muitas pessoas como uma segunda oportunidade, oferecendo a possibilidade de pôr em prática muitos planos que não conseguiram cumprir durante a sua vida ativa, seja o de criar um novo negócio ou dar uma volta ao mundo.

Para Vieira da Silva, quando pensamos na idade da reforma é necessário ter atenção a três dimensões: “O prolongamento da carreira profissional, a possibilidade de acumular a reforma com uma vida profissional ainda que parcial ou a participação em diversas atividades que têm em Portugal uma elevada dimensão, seja a economia social seja as atividades de voluntariado”, das quais destaca as “Universidades Sénior”. Deste modo, pode dizer-se que é também essencial que cada indivíduo prepare a sua reforma a vários níveis, além do financeiro.

Já para João Duque, economista e professor no ISEG, devem ser preservadas algumas capacidades como o corpo, a mente, as funções sociais, pois “perder o contacto social é muito grave” e, ainda, a capacidade de “manter um nível adequado de atuais conhecimentos na área em que se quer desenvolver uma atividade, que pode ser a cozinha, vinicultura, a arte, a ciência, o que for”, e por fim, “um bom planeamento financeiro apoiado em conselhos de especialistas independentes”.

O professor do ISEG dá como exemplo “os países nórdicos e o Reino Unido” como aqueles que se destacam em matérias de apoio à população na reforma. Já Vieira da Silva alerta para o facto de ser “preciso ter em conta as especificidades sociais, económicas, até histórias, de cada sociedade”, concluiu o ministro.

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