Portugal apresenta crescimento mais moderado e riscos externos aumentaram

  • Lusa
  • 1 Outubro 2018

A Ordem dos Economistas alerta que o desenvolvimento da economia nacional “mantém-se bastante dependente do ciclo positivo do turismo” e da mais recente recuperação do setor da construção.

Portugal apresenta um ritmo de crescimento económico mais moderado, desde o final de 2017, mas, apesar do atual momento se manter favorável, os riscos aumentaram devido à incerteza dos mercados externos, revela um relatório da Ordem dos Economistas.

De acordo com a primeira edição do relatório mensal de análise da conjuntura macroeconómica do país elaborado pela Ordem dos Economistas e divulgado esta segunda-feira, “desde o final do ano passado, o crescimento económico português apresenta-se mais moderado, em linha com os restantes mercados da União Europeia”.

A taxa de crescimento do Produto Interno Bruto Português (PIB), em 2018, está acima do da média da zona euro, tendo-se estabelecido em 2,1% no último trimestre disponível (1.º trimestre), quando o relatório foi elaborado, refere o documento, lembrando que a procura interna continua a mostrar “alguma expressividade”, enquanto a procura externa “tem abrandado” nos últimos tempos.

E prossegue: “Apesar de o atual momento se manter favorável, os riscos aumentaram devido aos desenvolvimentos e à incerteza dos mercados externos”.

O relatório destaca ainda que o atual momento do desenvolvimento da economia nacional “mantém-se bastante dependente do ciclo positivo do turismo” e da mais recente recuperação do setor da construção. Sobre o abrandamento da procura externa alerta para o risco de a moderação dos indicadores de confiança e a subida dos combustíveis poderem vir a alterar este cenário.

Os economistas realçam também que os níveis de dívida, “independentemente de estarem a decrescer, ainda representam um valor bastante elevado” e alertam para o facto de, no caso de haver um choque externo, existirem “sérios riscos de não ser possível garantir a sustentabilidade”.

O documento considera como positivo que nos últimos tempos tenha havido “algum progresso” em termos de reformas estruturais, entre outras, ao nível do setor financeiro. Apesar de os economistas referirem que o crescimento do PIB irá abrandar ligeiramente, assinalam que o crescimento económico do país manter-se-á robusto.

Em 2017, o crescimento do PIB português foi o maior desde o ano 2000 e deverá situa-se nos 2,2% no final deste ano, segundo a última previsão da Comissão Europeia, esperando-se que as empresas exportadoras continuem a ganhar quota de mercado, impulsionadas pelo ciclo positivo do turismo e pela capacidade de expansão do setor automóvel.

Os economistas referem também que, atualmente, o país apresenta um saldo primário positivo, que se torna negativo ao juntar os ainda “pesados” juros da dívida pública e afirmam que, para o próximo ano, é projetado um défice de 0,6% pela Comissão Europeia, contrastando com os 0,2% que constam no Programa de Estabilidade do Governo, que “ainda não englobam” alterações de políticas, nomeadamente devido à pressão de aumentos salariais e ao projetado abrandamento do ritmo de crescimento económico.

Sobre o mercado laboral, o documento destaca que “é expectável que se mantenha robusto”, embora com “uma lenta taxa de melhoria”. O relatório adverte para o facto de a taxa de poupança ser bastante baixa (5,1% em março de 2018) em comparação com a média da zona euro (12%), segundo os últimos dados do Banco de Portugal.

Sobre o imobiliário, assinala que os preços das casas subiram 12,2% no primeiro trimestre de 2018, acelerando de 9,2% no ano de 2017, sendo que o mercado é impulsionado sobretudo pelo turismo e investimento estrangeiro, tendo as transações subido 15,7% em volume.

“Este fenómeno é sobretudo mais expressivo em Lisboa e no Porto, onde os valores subiram bem mais do que a média”, refere o relatório, adiantando que se estima que 15.000 investidores foram atraídos por medidas como os vistos Gold ou reduções de impostos, o que explica o forte aumento dos preços, em paralelo com o decréscimo do crédito à habitação.

O documento refere também que os preços deverão decrescer no médio prazo à medida que a construção for recuperando e que o mercado imobiliário apresenta ainda alguns problemas tais como o uso ineficiente das propriedades e a volatilidade dos preços de venda e arrendamento.

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