Jornalistas portugueses: precários e pressionados

  • Juliana Nogueira Santos e Lusa
  • 15 Dezembro 2016

Um estudo levado a cabo na Universidade de Coimbra revela que a maioria dos jornalistas trabalha em regime precário, com baixo rendimentos. As pressões internas e externas também são habituais.

Precariedade e pressões externas e internas: é esta a situação concreta de muitos profissionais do jornalismo em Portugal. As conclusões são de um estudo realizado por João Miranda, um investigador da Universidade de Coimbra, divulgado esta quinta-feira pela agência Lusa.

Numa amostra representativa de 806 jornalistas, metade destes têm um contrato de trabalho “próximo de lógicas de precariedade”, quer seja em regime de prestação de serviços com recibo verde, contrato a termo certo ou incerto ou em estágio profissional ou curricular. É também sublinhado que muitos mantêm “baixas expectativas em relação ao seu trabalho”, com 73% a afirmarem que dificilmente encontrariam novo emprego no setor.

Mais de 40% dos jornalistas auferem um vencimento bruto entre 506 e 1.000 euros, 7,3% referiu receber abaixo do salário mínimo nacional e apenas um quarto diz receber mais de 1.500 euros brutos por mês. Cerca de 40% já realizou um estágio profissional ou extracurricular não remunerado, com intuito de ganhar experiência profissional ou entrar para os quadros de um órgão de comunicação

Em relação à independência, mais de um terço dos jornalistas inquiridos são alvo de pressões externas, enquanto 26,2% referem também que já foram alvo de pressões da direção editorial e 23,8% de pressões da administração da empresa.

Apesar destes resultados, apenas cerca de 15% dos inquiridos discordam ou discordam totalmente com a ideia de “dispor de total liberdade na produção de conteúdos”, nota o estudo de João Miranda. A maioria dos jornalistas diz cumprir os preceitos éticos e deontológicos inerentes ao exercício da profissão e a quase totalidade afirma que o seu trabalho nunca ou raramente é modificado sem a sua autorização.

A necessidade de uma representação mais forte também é reforçada: a maioria dos inquiridos considera fraco o grau de participação da profissão na Reguladora para a Comunicação Social e na Comissão da Carteira Profissional e 70% dos inquiridos apela à importância da criação de uma Ordem dos Jornalistas.

O inquérito foi aplicado via ‘online’ entre os contactos detidos pela Comissão da Carteira, a titulares de carteira profissional de jornalista, título provisório ou cartão de equiparado. Os resultados do são apresentados hoje, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, às 16:00, num debate intitulado “Relatos de uma profissão indefinida. Resultados de um inquérito aos jornalistas”.

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