Editorial

A (péssima) qualidade dos políticos que não aprendem com os erros

Senhor primeiro-ministro, é mesmo a "péssima qualidade da informação" um dos principais problemas do país? Já leu conclusões da Comissão Técnica Independente sobre os incêndios em outubro?

Há uns dias, no Parlamento, o primeiro-ministro António Costa fazia críticas surpreendentes e inesperadas à qualidade da informação, leia-se aos jornalistas e jornais. “Um dos principais problemas do pais é a péssima qualidade da informação que só acorda para os problemas nas tragédias“, dizia. A sério!? Ou um dos principais problemas do país será a qualidade dos políticos que não aprendem com os erros? Talvez António Costa pudesse explicar-nos que conclusão retira do relatório dos incêndios de outubro que, entre outros pontos, diz que seria possível prevenir a tragédia que resultou na morte de 48 pessoas.

Chega a ser revoltante ler as conclusões da Comissão Técnica Independente (CTI) sobre os incêndios em outubro. Porque já tínhamos experimentado a tragédia de junho, porque percebemos que o governo não aprendeu nada. Simplesmente, facilitou, porque não poderiam repetir-se as condições que alimentaram os incêndios do verão. Pois repetiram-se. E a comissão concluiu que falhou a capacidade de “previsão e de programação” para “minimizar a extensão do incêndio” na região centro, que, volto a repetir, fez 48 mortos. Por exemplo, não descontinuando os meios afetos à proteção civil.

Senhor primeiro-ministro, é mesmo a “péssima qualidade da informação” um dos principais problemas do país? Ou é, talvez, a sua teimosia em manter uma ministra manifestamente incapacitada para o lugar e que só se manteve por razões políticas e partidárias? Ou é, talvez, a “péssima qualidade” da sua gestão, e a incapacidade para avaliar os riscos que estavam identificados? Ou é a forma como o Estado, que tem a responsabilidade de liderar, foi incapaz de cumprir a sua primeira e mais importante missão, a de proteger os cidadãos?

A informação está longe de ser perfeita, os jornalistas podem e devem ser questionados e criticados, mas o que fez é outra coisa, que me abstenho de qualificar, tendo em conta o que está em causa. Deveria preocupar-se, primeiro, em melhorar a qualidade da ação política, a ação do próprio governo e do Estado.

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