Igreja Universal de Elon Musk, o dono da Tesla

Enquanto muitos compraram o sonho de ter um automóvel elétrico capaz de cumprir com as necessidades do dia-a-dia, outros tentam ganhar com o sono dos primeiros. São os crentes. Serão fiéis?

Elon Musk é um homem com muitas virtudes. É a ele que devemos, todos, o PayPal, o sistema de pagamentos digitais usados por milhões hoje em dia. E é com os muitos milhões que fez com a venda dessa empresa que tem feito de tudo para revolucionar, entre outras, a indústria automóvel através da sua grande aposta, a Tesla.

Não foi ele que a criou, mas investiu muito para assumir o comando de uma fabricante que saltou para a ribalta com um roadster… elétrico. Mas foi o Model S, um familiar de luxo que encheu o olho a muitos consumidores um pouco por todo o mundo seduzidos pelo design, mas principalmente pela mobilidade elétrica num modelo que se diferencia pela autonomia superior.

Muitos compraram o sonho de ter um automóvel elétrico capaz de cumprir com as necessidades do dia-a-dia, mas também com as de deslocações mais longas. Isto ao mesmo tempo que muitos outros procuraram ganhar com o sonho… dos outros. Em vez de terem um Tesla, quiseram ser donos da Tesla. São acionistas de uma empresa que vende cada vez mais automóveis, gera mais receitas, mas que não sai do vermelho.

São prejuízos atrás de prejuízos… mas a Tesla nunca valeu tanto. Trimestre após trimestre, a empresa de Musk apresenta resultados líquidos negativos, mas consegue perder menos do que se pensava (do que os analistas achavam que ia perder) e… as ações disparam. Subidas vertiginosas que fazem da Tesla uma das fabricantes automóveis mais valiosas do mundo… dizem os investidores. Ou melhor, os crentes.

Qual é a racionalidade do desempenho da Tesla em bolsa? Primeiro, é preciso lembrar que é grande o otimismo dos investidores nos mercados de capitais: as bolsas estão em recorde. Segundo, há a lógica de que quem investe deve fazê-lo sempre numa lógica de longo prazo, procurando colher frutos mais adiante. Terceiro, quem investe na Tesla não está a olhar para PER, Price To Book ou qualquer outro jargão dos mercados. Simplesmente olha para as vendas: crescem? Crescem. Ótimo.

E com o Model 3, a ideia é que as vendas cresçam ainda mais. A ideia é essa, mas… há sempre um mas. Os primeiros automóveis já têm dono. Mas há 400 mil à espera. Sim, 400 mil… É muito automóvel para construir, muita bateria para carregar. E já há muitas dúvidas sobre se a Tesla será mesmo capaz de cumprir com o que promete. Muitos dizem que é difícil, mas Elon Musk tem o poder de convencer as multidões. O que diz parece ser suficiente para manter os crentes fiéis à sua missa.

Musk vai conseguir? Talvez. Mas o caminho da Tesla será como o trabalhar dos seus automóveis: silencioso, sem sobressaltos? Dificilmente. Quem investe está ciente das virtudes, mas quando se investe tem também de se estar alerta quanto aos desafios. E há muitos. O que a Tesla de Musk está a fazer não passa despercebido a ninguém. E os gigantes da indústria não dormem. Todos estão a apostar forte nos veículos elétricos, contando com a força das suas marcas para vender, vender, vender. Será que quando a concorrência à seria chegar a Igreja Universal de Elon Musk mantém os fiéis?

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