Cinco dicas para tentar a sua sorte na maior feira de tecnologia do planeta

Empreendedores a postos. Passem a pente fino o programa, marquem as reuniões, preparem os programas noturnos e afinem os pitches que o Web Summit vai começar.

A maior feira de tecnologia do planeta arranca esta segunda-feira e transforma, assim, Lisboa na capital mundial do empreendedorismo. Pela capital vão andar, a partir de hoje e até quinta, muitos milhares de investidores e, claro, empreendedores. Como chamar a atenção e ter sorte no meio de tantas ideias brilhantes? O ECO foi procurar respostas (e dicas) junto de quem já tornou as oportunidades oferecidas pelo Web Summit em conquistas e mais-valias.

Da escolha dos painéis a que assistir à preparação do pitch ideal, passando pelos eventos paralelos, sistematização é a palavra de ordem, diz quem sabe.

E que arma é a mais poderosa nesta terra de empreendedores? “O cartão-de-visita”, responde Sebastião Lancastre, cofundador e CEO da fintech Easypay (que disponibiliza meios de pagamento entre empresas). Luís Ferreira Couto, da GoParity (fintech baseada no investimento sustentável), defende por sua vez um visual minimalista no meio de uma conferência marcada pelo “excesso de informação”. E reforça: os eventos paralelos são as melhores oportunidades para cultivar contactos.

“O Web Summit é um ótimo ponto de partida. Os eventos à noite servem para aprofundar as relações”, corrobora Jaime Jorge, fundador da Codacy (plataforma de análise de desempenho de código). “A conferência é muito importante, mas o potencial não fica aí”, acrescenta, por fim, André Forte, da Startup Portugal.

Foi em 2014, em Dublin, que a Codacy venceu a competição de pitches do Web Summit. Jaime Jorge teve, na altura, quatro minutos para impressionar o júri e arrebatar o prémio. Hoje, quatro anos depois, o empreendedor revela ao ECO os seus segredos.

“Tempo. É preciso não apressar a preparação do pitch, começa por explicar Jorge. Para o empreendedor, uma boa apresentação tem de responder às seguintes questões: qual o problema que a startup está a resolver, qual é o seu mercado, quais são as suas métricas, que equipa é a sua.

“É muito rápido perder a atenção das pessoas e é mais difícil voltar a ganhá-la”, alerta, referindo que o pitch é “quase um show de magia”.

E ainda antes desse grande momento, Jorge recomenda que se repita, pelo menos, 50 vezes a apresentação. Até porque, como dizem os ingleses, o treino faz a perfeição. “Da prática vem a naturalidade e a confiança. É preciso muita calma e treinar”.

A estas dicas, André Forte, da Startup Portugal, acrescenta a necessidade de se preparar o pitch em inglês e de forma “curta, incisiva e direta”.

Sebastião Lancastre sublinha, ainda, que é importante evitar os “superlativos vazios de significado” e que “não fazem a diferença”, como “fomos os primeiros a”. “A Apple não foi a primeira a fazer telemóvel, pois não? O que é que isso interessa?”, atira.

Longa vida às t-shirts com logótipos ou tais artigos de vestuário já eram? As opiniões dividem-se. A certeza é que está no branding uma das escolhas mais importantes que terá de fazer ao visitar o Web Summit.

“É preciso testar novas armas e ser criativo para que se consiga distinguir”, diz ao ECO André Forte, responsável da Startup Portugal. Essa tarefa é, contudo, deveras complicada, nota Jaime Jorge, já que nesta feira “toda a gente quer ser original”. O empreendedor não usará uma camisola com a representação gráfica da sua empresa e escolhe o cartão-de-visita como arma de eleição.

“O cartão-de-visita continua a ser uma ferramenta de marketing fundamental”, sublinha, do mesmo modo, Sebastião Lancastre, que explica ser assim mais fácil estabelecer contactos do que usar a funcionalidade de Código QR oferecida pela app do Web Summit.

Portanto, o veredicto parece não ser muito favorável às tradicionais t-shirts da companhia. É que num mundo que peca pelo “excesso de informação”, o minimalismo é a chave e a aposta da GoParity de Luís Ferreira Couto, este ano. Na edição passada, as camisolas pouco resultado deram, diz. Portanto vão agora apostar num visual mais sóbrio e ver se, afinal, conseguem ou não responder a essa pergunta milionária: como fazer uma apresentação única?

Outra das dicas de ouro dada por estes empreendedores é, claro, já chegar com o trabalho de casa feito, que é como quem diz com as reuniões marcadas.

André Forte chama a atenção para verificar se as pessoas com quem se marcaram reuniões são realmente as mais acertadas para o negócio, enfatizando que os famosos “cafés” são muito requisitados e, portanto, difíceis de marcar.

“É difícil fazer matching, mesmo com a app do Web Summit”, concorda Sebastião Lancastre. Por isso, o empreendedor aconselha a manter os olhos bem abertos e a andar de cartão-de-visita a postos, para o caso de um contacto valioso cruzar o seu caminho.

No Web Summit, os palcos são às dezenas. Por este dias, os pavilhões da FIL e o Altice Arena transformam-se num mar de ideias, discussões e pitches, sendo humanamente impossível acompanhar tudo o que acontece nos muitos cantos da maior feira de tecnologia do mundo.

Como garantir que não está a perder nada que lhe possa valioso? Luís Ferreira Couto, da GoParity, aconselha o uso da app do evento para organizar a agenda. “A dificuldade é selecionar dentro de uma imensidão de eventos os mais adequados”, diz ao ECO o empreendedor. Portanto, Ferreira Couto, armado da aplicação móvel que acompanha a conferência de Paddy Cosgrave, decide-se pelos oradores internacionais “mais interessantes” e depois filtra os painéis por temas.

“Organizo a agenda à volta das pessoas que quero encontrar”, nota, por outro lado, Jaime Jorge, da Codacy. Para este empreendedor, a prioridade é o encontro com as pessoas, sendo a seleção das “sessões” a que assistir guiada pelo tempo que sobra entre “cafés”.

“É preciso estudar detalhadamente a agenda e cruzar com as pessoas quero ouvir”, aconselha, por fim, Sebastião Lancastre. Segundo o fundador e CEO da Easypay, a escolha em questão deve ser guiada pelos oradores que representam “oportunidades mais raras” e pelos temas que gerem maior interesse.

Desengane-se quem pensa que o Web Summit (e a terra de oportunidades nele implicada) terminam nas quatro paredes da FIL. É à noite, mais perto da baixa lisboeta do que do Parque das Nações, que acontecem esses valiosos apertos de mãos, sublinha quem sabe.

“O Web Summit é um ótimo ponto de partida. Os eventos à noite servem para aprofundar”, enfatiza Jaime Jorge. “A conferência é muito importante, mas o potencial não fica aí”, corrobora André Forte.

É que, dizem, sob o luar, o ambiente é mais “descontraído”, menos “confuso” e, portanto, mais propício ao aprofundamento das relações. “O networking funciona melhor na Night Summit do que na Web Summit, porque o ambiente é mais relaxado e intimista”, defende Luís Ferreira Couto.

E como chegar às melhores festas ou, melhor, às festas certas? O fundador da Codacy explica que é tudo uma questão de word of mouth, isto é, de conhecer pessoas que conhecem pessoas que sabem de um tal evento. Ou seja, a chave está nas relações que se iniciam durante o dia para se “fortalecerem” durante a noite, diz Jorge.

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