Dívida portuguesa com melhor desempenho em outubro

Dívida desafia a gravidade: enquanto as obrigações de vários países desenvolvidos apresentaram retornos negativos em outubro, a portuguesa apresentou um retorno positivo.

Continua entre as obrigações com pior desempenho em 2016, mas outubro trouxe boas notícias para quem detém dívida nacional. As obrigações tiveram um retorno de 0,5% no mês que hoje termina, um desempenho que se destaca entre os países desenvolvidos — a dívida de referência alemã perde 2,2% e deverá fechar com o pior mês desde junho de 2012, segundo a Bloomberg. Para a agência, é a dívida portuguesa a desafiar a gravidade.

Outubro foi, de facto, um mês agitado no que toca a notícias com impacto relevante para o mercado da dívida. E se a evolução foi positiva, isso quer dizer que as notícias foram do agrado dos investidores. A meio do mês, o Governo apresentou a proposta de Orçamento do Estado para 2017. Uma semana depois, a agência canadiana DBRS manteve o rating e o outlook estável da dívida nacional, uma circunstância que mantém Portugal qualificado para o programa de compra de dívida no setor público do Banco Central Europeu.

Aliás, após a reunião do Conselho de Governadores do banco central, Mario Draghi reconheceu que foram “alcançados progressos notáveis em Portugal”, embora tenha admitido, de seguida, que “são necessárias mais reformas ambiciosas”.

O Governo português inscreveu no Orçamento do Estado para 2017 uma projeção de crescimento económico de 1,2% em 2016 e de 1,5% em 2017.

Dívida portuguesa ganha em outubro

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Fonte: Bloomberg (Valores em percentagem)

“É uma recuperação face a um ano muito mau”, referia Ciaran O´Hagan, estratego do Société Générale, à Bloomberg. “O pior que pode acontecer é a DBRS baixar o outlook para negativo. Não haverá qualquer downgrade durante pelo menos um ano, ou possivelmente mais do que isso. São notícias muito boas para quem comprou dívida portuguesa“, acrescentou o analista.

É uma recuperação face a um ano muito mau. O pior que pode acontecer é a DBRS baixar o outlook para negativo. Não haverá qualquer downgrade durante pelo menos um ano, ou possivelmente mais do que isso. São notícias muito boas para quem comprou dívida portuguesa.

Ciaran O´Hagan

Estratego do Société Générale

No mercado secundário, o prémio de risco da dívida portuguesa cedia para mínimos do mês. O diferencial de juros das obrigações nacionais a 10 anos face às obrigações alemãs, a referência no mercado, recuavam para mínimos de mais de um mês, depois de ter atingido um valor mais elevado desde fevereiro no início deste mês.

“O mercado sinalizou com elevado risco o impacto da decisão da DBRS e tem aliviado desde então”, comentou Kim Liu, da ABN Amro Bank. “Mas os fundamentais e a posição relativamente frágil do governo não se alterou. Portugal ainda enfrenta pressões devido à elevada dívida, fraco crescimento e um setor financeiro vulnerável”, disse ainda.

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