• Reportagem por:
  • Ana Luísa Alves

Depois do Web Summit o que é feito destas empresas

A Facestore, a DoInn, a Cuckuu, a Chilltime, a Prodsmart e a Lapa Studio estiveram no Web Summit. Terá sido a cimeira a melhor forma de preparação para o ano novo?

O Web Summit foi, para muitas startups, o empurrão de que precisavam para irem mais além, sobretudo ao nível financeiro. Há investimentos, reuniões e parcerias a ser feitas que resultam, em grande parte, dos contactos que surgem na sequência da maior cimeira de tecnologia e empreendedorismo do mundo. De que maneira é que quatro dias do ano anterior determinam os objetivos para o ano seguinte?

Foco no crescimento

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Daniel Vila Boa, à frente da startup Chilltime.

A Chilltime é uma startup que permite criar novos jogos com milhares de outros jogadores em todo o mundo, partilhando opiniões e estratégias de jogo. Para Daniel Vila Boa, à frente da startup, depois do Web Summit o objetivo é “dar continuidade ao investimento da empresa e fazê-la crescer, assim como à equipa”.

De momento, a Chilltime não está à procura de investimento. “Diria que a empresa está bem, estrategicamente tem tudo aquilo de que precisa e, ao longo deste ano, não vai precisar de mais financiamento”, acrescenta Daniel. “Os contactos que temos estabelecido são a nível internacional e com pessoas que, ao investir em nós, estariam muito mais interessados ao nível do networking e do produto”, explica ao ECO.

Por serem uma startup de videojogos, os seus produtos estão presentes em todo o mundo. Outro dos objetivos para este ano passa por lançar a versão móvel do jogo que já têm e lançar a versão beta do segundo jogo. Pôr a empresa no mercado de capitais não é hipótese para este ano.

“Não estamos nessa fase e nem se enquadra em empresas da nossa dimensão. É prematuro e, tendo em conta as restrições que existem na bolsa nacional, caso estivéssemos interessados não seria no mercado português”, explica Daniel.

De malas feitas para os EUA

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João Jesus, CEO da Cuckuu.

“A Web Summit foi boa, participámos no concurso de Pitch e conseguimos estabelecer contactos com alguns investidores e parceiros”, conta ao ECO João Jesus, CEO da Cuckuu.

“Neste momento estamos a preparar-nos para dar o próximo passo: entrar no mercado dos EUA. Estamos a falar com parceiros e tivemos várias propostas, desde investimentos e parcerias, até à aquisição da empresa”, referiu João. Até agora a Cuckuu já fechou algumas parcerias, e João confessa que tudo isto aconteceu por terem estado no Web Summit.

E rondas de investimento? “Já tivemos duas e, neste momento, estamos a meio de outra, que esperamos fechar até maio. Esta ronda é que nos vai permitir chegar ao mercado dos EUA”, esclarece.

A entrada da empresa em bolsa não é um dos objetivos para o próximo ano porque ainda é “muito cedo”. “Precisamos de crescer e, para tal, precisamos das pessoas certas para nos ajudar. Ou seja, das parcerias certas”, detalha o responsável.

Ao ir para o mercado norte-americano, o objetivo é adquirir outro tipo de clientes e de investidores, mas este não é o primeiro mercado fora de Portugal em que marcam presença. A Cuckuu já está também no Reino Unido.

Segunda ronda de financiamento a caminho

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Gonçalo Fortes, fundador e CEO da Prodsmart.DR

Depois do impulso dado pelo Web Summit, em contactos e parcerias, os objetivos para este ano são claros: “Crescer muito e muito depressa. Estamos todos os dias a trabalhar nesse sentido”, contou Gonçalo Fortes, CEO da Prodsmart, ao ECO.

A Prodsmart criou um software de análise de linhas de produção e oficinas em tempo real. Ou seja, a transformação de qualquer fábrica numa plataforma digital. Para Gonçalo Fortes, o mais importante é trabalhar para ter “um produto melhor, conquistar mais clientes e chegar a novos mercados”.

Falando de previsões concretas, “para os próximos 18 meses esperamos atingir o milhão de volume de negócios”, explicou Gonçalo ao ECO. O objetivo continua a ser captar novos investidores, e, por isso mesmo, é esperada uma ronda de financiamento para o final do primeiro trimestre. Esta vai ser a segunda ronda depois de, na primeira, no ano passado, terem angariado 200 mil euros.

E Gonçalo deixa a promessa de que no próximo ano volta a marcar presença na Web Summit.

Rumo ao Reino Unido

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Paulo Solinho Barbosa

“De uma forma ampla vamos arrancamos em janeiro com o escritório no Reino Unido, e vamos já estar operacionais em Inglaterra”, conta ao ECO Paulo Solinho Barbosa, CEO da Facestore. Os próximos passos da empresa são montar uma base de operações no Reino Unido.

Mas, para isto, Paulo confessa que a passagem pelo Web Summit não teve grande influência. “Já queríamos estar no mercado inglês antes do Web Summit, mas foi com a cimeira que nos chegou um conjunto de parcerias que estão agora a ser desenvolvidas, nomeadamente com a Google ou com a Paypall”, acrescentou Paulo.

Neste momento está a ser feita uma ronda de investimento, que será fechada em fevereiro ou março. Em contrapartida, pôr a empresa na bolsa nacional não faz parte dos objetivos para 2017. “Abrimos a Facestore UK precisamente com um plano de longo prazo que poderá eventualmente pôr a Facestore no mercado de capitais inglês, não em Portugal”, referiu Paulo.

A ronda de investimento está perto de chegar a um acordo. E isso é importante, sobretudo para que haja alguma “tração de mercado e aumentar o volume da empresa”. Coisas que, segundo Paulo, dificilmente acontecem num ano.

Meta não está em Portugal

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João Lobato OliveiraDR

A Lapa-Studio é uma startup focada no desenvolvimento de soluções na área da Internet das Coisas. O Web Summit teve o impacto esperado, na medida em que “abriu portas e nos permitiu fazer contactos”, conta ao ECO João Lobato Oliveira, à frente da Lapa Studio. “Um evento destes é sempre positivo, embora não tenha fechado nenhum negócio diretamente depois disso”, acrescentou.

Para 2017 um dos objetivos é expandir o negócio para a Europa, “nomeadamente para o Reino Unido e para a Alemanha” e fazer crescer a equipa de vendas.

No curto prazo não está previsto pôr a Lapa Studio no mercado de capitais nacional porque a meta é “levar a startup além de Portugal”, embora “todos os cenários sejam possíveis”.

Neste momento, na mira da empresa está uma ronda de financiamento — com praticamente tudo em aberto — assim como parcerias estrangeiras que já estão fechadas: é a estas que João dá prioridade.

“O capital que estamos a tentar captar é estrangeiro, porque estrategicamente faz mais sentido por querermos ir para outros mercados europeus mas, acima de tudo, devido às quantias de que estamos a falar. Em Portugal não há grandes vias de as obter”, concluiu João.

Equipa (cada vez mais) internacional

 

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Noelia Novella, CEO da DoinnDR

“Um dos nossos objetivos é estarmos mais fortes do que estamos em Paris, em Barcelona e Amesterdão, nos próximos meses. Se as coisas correrem bem, o objetivo é ainda irmos para outras cidades, que continuam por definir”, conta ao ECO Noelia Novella, CEO e fundadora da Doinn.

A presença da startup noutras cidades europeias tem menos de um ano. Para Noelia, é importante a presença da empresa lá fora acima de tudo por terem uma “equipa muito internacional”, que vai aumentar com a contratação de mais um italiano e de uma francesa para o mercado de Paris. Mas a ambição é chegar ao mercado asiático.

O Web Summit acabou por ser benéfico no sentido de permitir, a longo prazo, estabelecer algumas parcerias. Ainda assim, o único parceiro português — embora Noelia quisesse ter mais –, é a conhecida plataforma de alojamento Uniplaces. “Em Portugal não há muitos parceiros que tenham a ver com alojamento local, e a única que se destaca é a Uniplaces”, refere Noelia.

“Faz parte dos planos da Doinn abrir o capital da empresa a investidores estrangeiros, porque o objetivo é estar noutras cidades da Europa. E ter investidores de outros países pode ser importante para expandir a empresa”, explica a fundadora da empresa que serve de ponte entre fornecedores de hotéis e os alojamentos locais.

A necessidade de expandir o negócio prende-se com a valorização crescente das startups portuguesas lá fora. “Os recursos humanos em Portugal são mais caros e a valorização das startups por vezes é injusta. Empresas como a nossa, que são tecnológicas, gastam muito dinheiro em recursos humanos.

Pôr a Doinn no mercado de capitais nacional não está na mira para 2017. “Ainda temos um longo caminho para pensar nisso. Precisaríamos de ter mais investidores”, acrescentou Noelia.

  • Ana Luísa Alves
  • Redatora

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