Engenheiros, porque emigram e o que os pode fazer ficar?

  • Pedro Oliveira
  • 7 Fevereiro 2017

Os fatores que motivam a decisão de emigrar são muitos, mas há dois que considero mais comuns: a necessidade e a oportunidade.

No caso dos profissionais das Tecnologias da Informação (TI), os desafios para novas oportunidades fora do país são constantes: esta é uma área que praticamente não conhece o desemprego. Mas o que podemos fazer para tentar reter este talento?

Antes de responder à pergunta, vale a pena tentar perceber porque é que o chamamento vindo do estrangeiro é tão frequente e forte. É simples: o ensino superior português tem muita qualidade e não envergonha quem tenta a sorte “lá fora”. Bem pelo contrário: de uma forma geral, os nossos engenheiros têm excelente reputação.

Outro aspeto sobre o qual vale a pena refletir é o tipo de desafios que estes profissionais procuram. Ao longo do meu percurso profissional tenho contactado com vários exemplos, de conhecidos, amigos e antigos colegas do curso de Engenharia Informática do Instituto Superior Técnico. Os motivos para fazer as malas e partir são diversos. Uns querem obter experiência profissional num ambiente internacional, com formas de trabalho distintas do modelo de gestão português, outros buscam um pacote financeiro mais atrativo e outros ainda procuram ter acesso a mercados que lhes possibilitem maior margem de progressão e/ou especialização. Há também quem queira apenas “mudar de ares” e de contexto cultural ou procure estudar e complementar a excelente educação que obteve em Portugal. E estes são apenas alguns exemplos que posso enumerar.

Temos de entender que, tipicamente, os profissionais de TI valorizam Portugal pelas razões mais comuns, como a qualidade de vida, a proximidade de família e amigos ou o crescimento do ecossistema tecnológico e de startups. Este é, de facto, um país excelente para viver. Exposta uma parte do contexto, passemos às duas soluções que considero mais fáceis de aplicar para cativar estes profissionais e fazê-los querer ficar.

Atrair (ainda) mais empresas internacionais

A Sky, uma empresa de telecomunicações britânica, criou recentemente um polo em Lisboa que hoje serve de “tampão” para a saída de talentos. Mais do que gerar postos de trabalho, trouxe oportunidades internacionais para junto dos profissionais de TI, permitindo-lhes evoluir na carreira enquanto se mantêm por terras de Camões (algumas das posições para as quais estão a contratar podem ser consultadas aqui). Face à atual “pujança” do nosso ecossistema tecnológico e de startups — de que a vinda do Web Summit para Lisboa é um dos melhores exemplos — esta será talvez a forma mais simples de criar valor no país na área.

Manter o apoio às startups

Na Landing.jobs, empresa de que sou co-fundador, temos uma visão abrangente do que se passa no mercado de recrutamento em Portugal e no resto da Europa. Verificamos que o desafio é, sem dúvida, o que mais move os profissionais de TI que ingressam nas startups.

Estas novas empresas nacionais e internacionais são uma alternativa cada vez mais apetecível e válida. A maioria não conseguirá reter talentos se tiver como único argumento a componente económica. O caminho para encontrar e desenvolver soluções para os problemas que estas startups se propõem resolver é o “gancho” que mais prende e desafia os profissionais de TI.

Em Portugal, o número de startups tem vindo a crescer muito graças ao apoio de entidades como a Beta-i, a Startup Lisboa e a Made of Lisboa, que fomentam o empreendedorismo nacional e dão cada vez mais frutos. Iniciativas que vale a pena continuar a cultivar.

*Pedro Oliveira é co-fundador da startup portuguesa Landing.jobs

  • Pedro Oliveira

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