Blair critica esquerda e lança campanha: É preciso recuo no Brexit

  • Marta Santos Silva
  • 17 Fevereiro 2017

"As pessoas votaram sem conhecer os termos do Brexit. À medida que os termos se tornam mais claros, estão no direito de mudar de ideias. E é a nossa missão persuadi-los", disse o ex-primeiro-ministro.

O antigo primeiro-ministro britânico, Tony Blair, anunciou que um instituto com o seu nome vai servir para fazer campanha contra o Brexit, num discurso em que acusou a esquerda de não fazer oposição à saída da União Europeia, ainda que o povo britânico tenha “o direito de mudar de ideias”. Para Blair, a “debilitação do Partido Trabalhista é a facilitadora do Brexit”.

Numa intervenção junto do grupo pró-europeu Open Britain, que já tinha sido antecipada através de excertos entregues aos jornais britânicos ontem à noite, Tony Blair defendeu a importância de fazer pressão para que a saída do Reino Unido da União Europeia seja interrompida. Blair afirmou que o Instituto Tony Blair, cuja criação anunciou em dezembro com o objetivo de combater o populismo, teria como uma das suas funções combater a saída da UE, fazendo contraponto ao Governo de Theresa May, que considerou, no discurso desta sexta-feira, “um Governo para o Brexit, do Brexit e dominado pelo Brexit”.

Numa altura em que o discurso político no Reino Unido reflete frequentemente a ideia de que pôr em causa a saída da União Europeia, aprovada em referendo em junho, é pôr em causa a vontade dos britânicos, Tony Blair optou por se distanciar dessa visão. “As pessoas votaram sem conhecimento dos verdadeiros termos do Brexit. À medida que estes termos de tornam claros, está no seu direito mudar de ideias”, afirmou. “A nossa missão é persuadi-los a fazê-lo.

A decisão, acrescentou, é a “mais importante que este país tomou desde a Segunda Guerra Mundial e não se pode encerrar agora o debate acerca dela”.

O ex-primeiro-ministro também não poupou críticas ao seu próprio partido. Os Trabalhistas, afirmou, estão a facilitar um Brexit desastroso pela sua inatividade. Sem um partido político para os defender, os pró-europeus precisam de criar um movimento interpartidário, afirmou Blair, propondo que o seu Instituto Tony Blair pudesse ter um papel nesse processo.

O discurso de Tony Blair já foi amplamente criticado pela direita britânica. O ministro dos Negócios Estrangeiros Boris Johnson chamou à estratégia uma “campanha condescendente” e o gabinete da primeira-ministra reforçou que o Governo está “absolutamente determinado” a levar o Brexit até ao fim, escreve a BBC.

A legitimidade de Blair para falar sobre este assunto também foi posta em causa, por ter defendido a Guerra do Iraque. Confrontado com a questão na Bloomberg, o ex-primeiro-ministro respondeu: “Este país é livre. Tenho o direito de falar e vocês têm o direito de ouvir ou não”.

O processo de saída da União Europeia poderá ser iniciado em breve, quando o Governo britânico acionar o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, que desbloqueia as negociações com a Comissão Europeia. Theresa May já conseguiu autorização no Parlamento para o fazer, e agendara o início do processo para março deste ano.

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