Acionistas da Inapa aprovam conversão de ações. E deixam Nova Expressão isolada

A assembleia geral de acionistas aprovou operação de conversão de ações que vai reforçar posição dos bancos CGD e BCP e que está a provocar uma guerra com outros investidores, como a Nova Expressão.

A assembleia geral de acionistas da Inapa aprovou esta quinta-feira a proposta para a conversão das ações preferenciais em ações ordinárias com um rácio 1,25, numa operação que vai permitir um reforço da participação de bancos como o BCP e Caixa Geral de Depósitos (CGD) no capital da papeleira portuguesa e que está a provocar uma guerra acionista com outros investidores, nomeadamente com a Nova Expressão.

“Os acionistas presentes deliberaram (….) aprovar a proposta apresentada pela acionista Parcaixa (da CGD) de conversão das ações preferenciais sem voto em ações ordinárias de forma a que a cada ação preferência corresponda a 1,25 ações ordinárias”, informa a Inapa em comunicado enviado ao mercado onde dá conta das várias propostas que foram aprovadas na reunião magna realizada esta manhã.

Inicialmente, a proposta da Inapa referia-se a um rácio de conversão de 1,1, ou seja, cada ação preferencial (que tem prioridade no recebimento de dividendos e está sobretudo na posse dos bancos) daria lugar a 1,1 ações ordinárias.

Mas o banco público lançou, através da sua participada, uma contraproposta mais benéfica aos seus interesses, propondo um rácio de conversão de 1,25, que lhe permite ter mais ações ordinárias por cada ação preferencial que detém.

A proposta teve agora aval da maioria dos acionistas da Inapa, deixando isolada a Nova Expressão, do empresário Pedro Baltazar, que vai ver assim a sua participação na papeleira portuguesa mais diluída do que se esperava inicialmente.

Baltazar foi dos primeiros, de resto, a manifestar discordância com esta operação de conversão de ações. “As ações preferenciais resultam de uma operação realizada há alguns anos e que então converteu a dívida da empresa nessas novas ações destinadas aos credores, que eram várias entidades bancárias. Na nossa opinião essa emissão de ações preferenciais foi feita sem o desconto que na altura se justificaria e agora o proposto processo de conversão atribui um prémio também ele injustificado”, argumentou o dono da Nova Expressão, que detém cerca de 13,2% das ações ordinárias e 0,44% das ações preferenciais da Inapa.

Como o ECO adiantou esta terça-feira, Pedro Baltazar tornou ainda mais evidente a sua oposição nos últimos dias ao colocar em causa a própria administração da Inapa, liderada por Diogo Rezende, a quem terá dito que deixaria de ter condições para continuar em funções caso a conversão de ações preferenciais em ações ordinárias passasse num rácio 1,25. Não afasta a hipótese de impugnação da assembleia geral realizada esta quinta-feira, o que deixaria em risco a própria aquisição da Papyrus Deutschland.

Atualmente, a Inapa tem o capital dividido em ações ordinárias (32% da Parpública, 10% no BCP e 13% na Nova Expressão) e em ações preferenciais. A maior parte das preferenciais é da CGD (49,5%), via Parcaixa. Depois, 40,4% são do BCP, enquanto o Novo Banco ficou com 9,2% destes títulos preferenciais e a Nova Expressão, com os referidos 0,44%.

Em 2011, quando as ações preferenciais foram emitidas, não tinham direito de voto, mas como nos dois anos seguintes não se verificou qualquer distribuição de dividendos, não receberam qualquer dividendo. E isso teve uma consequência nos direitos de voto na Inapa. O BCP passou a votar com 30%, a CGD com 25%, a Parpública com 8%, o Novo Banco com 6% e a Nova Expressão com 4%. É esta a relação de forças que está em causa e que determina também a posição de força de Pedro Baltazar.

Além da conversão de ações, a assembleia geral aprovou a emissão de obrigações convertíveis em ações no montante de 15 milhões de euros, numa oferta particular de subscrição que se dirige apenas à Papyrus, dona da Papyrus Deutschland que a Inapa está a comprar. Vão, neste âmbito, ser emitidos títulos que correspondem a 23% de todo o capital da Inapa em caso de conversão total. Ou seja, a empresa alemã poderá tornar num dos maiores acionistas da cotada nacional.

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