Vai investir? Estes são os dez temas a que deve estar atento até final do ano

Da política monetária dos três maiores bancos centrais, passando por eleições, sanções ao Irão e guerra comercial, giram os temas a que os investidores devem estar atentos segundo a Schroders.

Os últimos meses têm sido conturbados nos mercados financeiros, com a guerra comercial e as sanções ao Irão a alimentarem a preocupação dos investidores. Mais recentemente, as atenções começaram a virar-se para os mercados emergentes, com alguns países a defrontarem sérias dificuldades económicas. No centro do turbilhão estão a Turquia e a Venezuela, grupo a que se juntou também a Argentina que pediu mesmo ajuda ao Fundo Monetário Internacional, penalizada pela crise cambial que “derrubou” entre outras moedas também o peso argentino.

Nos próximos meses há um conjunto de temas que prometem marcar o rumo dos mercados e merecer a atenção dos investidores. Segundo a Schroders, são dez os temas que merecem mais o enfoque dos investidores, tendo como principais pontos a política dos bancos centrais, eventos eleitorais, para além da guerra comercial e as sanções ao Irão.

1. Negociações sobre o comércio global

A disputa sobre o comércio global é o principal tema que deve merecer a atenção dos investidores, de acordo com a Schroders. “Prolongada” e “persistente” foram as palavras escolhidas pela equipa de economistas do banco de investimento para classificar a forma como antecipa que irá decorrer a disputa comercial que tem como principais protagonistas os EUA e a China.

Depois de Washington ter implementado tarifas de 50 mil milhões de dólares às importações chinesas que foram correspondidas em igual medida por Pequim, novas tarifas estão já na calha por parte da maior economia do mundo que deverão ser retaliadas em igual medida pela economia asiática.

Esta espécie de “jogo do gato e do rato” promete assim continuar a merecer a atenção dos investidores a nível mundial na fase final do ano, segundo a Schroders.

2. Conversações no Brexit

Em julho, o Reino Unido publicou o documento que delineia os planos de saída da União Europeia. Desde então, começaram a ser delineadas as medidas necessárias para fazer face a um possível Brexit sem acordo. Já os líderes da União Europeia (UE) devem reunir-se a 20 de setembro para discutir o Brexit, sendo esperado ainda que a cimeira formal da UE que decorre a 17 e 18 de outubro seja o prazo para um acordo de retirada. Mas há outras datas no calendário do último trimestre deste ano que poderão ditar um desfecho nas negociações. A Schroders explica que apesar de a UE ter indicado novembro como a última ocasião para haver acordo, outros responsáveis do bloco preveem ainda 13 e 14 de dezembro como as datas finais para se obter luz verde.

"Permanece assim muita incerteza, portanto, sobre o timing e a natureza de qualquer acordo final, ou mesmo se um acordo será alcançado.”

Schroders

Permanece assim muita incerteza, portanto, sobre o timing e a natureza de qualquer acordo final, ou mesmo se um acordo será alcançado“, salienta assim a casa de investimento.

3. Política da Fed

O movimento de subida de juros na maior economia do mundo deverá merecer a atenção dos investidores até ao final do ano, antecipa a Schroders. Após as subidas de março e de junho, o mercado antecipa dois novos aumentos ainda este ano de 25 pontos base (0,25%), neste mês de setembro e em dezembro. Para o próximo ano, a Schroders prevê que a Reserva Federal aumentará as taxas de juros dos EUA em mais duas ocasiões ao longo do primeiro semestre de 2019, chegando a um patamar de 3%.

4. Eleições no partido do Governo no Japão

Nos últimos três meses do ano o calendário eleitoral é preenchido em alguns países. É o caso do Japão, onde decorrem em setembro eleições no Partido Liberal Democrata, presentemente no poder. O primeiro-ministro, Shinzo Abe, já confirmou que se vai recandidatar à liderança do PLD, e caso vença será o chefe de Governo há mais tempo no poder, uma vez que entraria no seu terceiro mandato. “Espera-se que ele derrote confortavelmente seu único opositor, o ex-ministro da Defesa Shigeru Ishiba“, antecipa a Schroders.

5. Novo Orçamento em Itália

As atenções de muitos investidores estão centradas naquelas que serão as propostas orçamentais em Itália. A Schroders considera que o mais esperado será “um pequeno estímulo” orçamental, salientando que caso fossem incluídos “planos de gastos mas arrojados, isso provavelmente desencadearia uma disputa com a União Europeia”, tendo em conta o elevado nível da dívida pública italiana — mais de 130% do PIB, a segunda mais elevada a nível europeu a seguir à Grécia. A questão que se impõe é qual será a via escolhida que promete ter um impacto diferenciado sobre os mercados.

6. Eleições gerais no Brasil

Os últimos anos não têm sido particularmente fáceis no Brasil. A braços com uma crise económica, o país da América do Sul já passou pelo impeachment de Dilma Rousseff em 2016, enquanto o atual presidente, Michel Temer, vive sob a sombra das alegações de corrupção. Essas suspeitas arrasaram a sua popularidade e por isso optou por não se recandidatar ao cargo. As eleições gerais realizam-se a 7 de outubro.

A incerteza é, aliás, das poucas coisas certas neste evento eleitoral que tem sido marcado por avanços e recuos dos tribunais relativamente a um aval à candidatura de Lula da Silva à presidência do Brasil. Os mais recentes desenvolvimentos negam-lhe essa possibilidade. Perante este cenário, o candidato de direita Jair Bolsonaro está em vantagem, na primeira volta. Mas, na segunda, a sondagem do Instituto Ibope divulgada pelo Estado de São Paulo e Globo, Bolsonaro perderia para todos os candidatos de esquerda, exceto para o PT.

Segundo a Schroders, Geraldo Alckmin, do Partido da Social Democracia Brasileira, é o candidato mais favorável aos mercados. “Ele está atrasado nas últimas sondagens, mas espera-se que beneficie de uma maior distribuição de tempo na televisão e na rádio à medida que a campanha comece”, acreditam os analistas do banco de investimento.

7. Novo ciclo de sanções ao Irão

Muito se tem falado das sanções dos EUA ao Irão, tema que a Schroders considera que deve merecer atenção dos investidores ao longo do último trimestre do ano. Após o avanço da primeira ronda de sanções que entraram em vigor a 6 de agosto, a Administração de Donald Trump pretende aplicar a partir de 4 de novembro outro conjunto de imposições ao Irão.

"Embora muitos outros fatores permaneçam uma incerteza, incluindo desenvolvimentos geopolíticos mais amplos, o impacto dessas medidas sugere algum suporte para o preço do petróleo.”

Schroders

Estão incluídas a proibição de transações com petróleo com a empresa petrolífera nacional, entre outras. Mas as sanções também serão reimpostas nas operações portuárias e no setor de transporte marítimo. É de antecipar que esse tipo de medidas acabe por refletir-se nas cotações do petróleo. “Embora muitos outros fatores permaneçam uma incerteza, incluindo desenvolvimentos geopolíticos mais amplos, o impacto dessas medidas sugere algum suporte para o preço do petróleo”, acredita a Schroders.

8. Eleições intercalares nos EUA

Em novembro, os eleitores norte-americanos regressam às urnas para as eleições intercalares. Este evento deve merecer a atenção dos investidores já que será o primeiro teste ao eleitorado desde a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA em novembro de 2016. Nestas eleições vão a votos 435 assentos na Casa de Representantes e 34 dos 100 assentos do Senado. Atualmente, os republicanos têm maioria em ambas as câmaras, mas a Schroders lembra que, historicamente, as eleições intercalares nos EUA têm sido negativas para o partido do Presidente em exercício. Mas salienta também que a tarefa não é fácil para os democratas, especialmente no Senado.

9. Política do BCE

A 13 de setembro, 25 de outubro e 13 de dezembro, decorrem as últimas três reuniões do ano de política monetária do Banco Central Europeu (BCE). Mario Draghi já revelou a intenção de dar como terminado o programa de quantitative easing em dezembro deste ano. Mas, o governador do banco central europeu também já deu a indicação de que, não havendo grandes alterações no quadro económico, as taxas de juro da Zona Euro irão manter-se nos atuais mínimos históricos até ao final do terceiro trimestre do próximo ano.

10. Política do Banco do Japão

Devido à inflação mais baixa do que o esperado, recentemente, o Banco do Japão fez alguns pequenos ajustes na sua política, indo em contramão face à anterior especulação de que poderia retirar algumas das suas medidas de estímulo. A instituição liderada por Haruhiko Kuroda adiantou ainda que a atual política de juros baixos é para manter por “um período prolongado de tempo”, o que segundo a Schroders significa não se deve esperar nenhuma mudança na política, nos próximos meses. As três reuniões de política monetária do Banco do Japão agendadas para o último trimestre do ano irão dar uma resposta definitiva.

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