Quatro anos de Novo Banco em quatro gráficos

Já lá vão quatro anos desde a queda do império BES, quatro anos desde o nascimento do Novo Banco. O ECO explica em quatro gráficos o que mudou desde 3 de agosto de 2014.

Completam-se quatro anos desde que o Banco de Portugal aplicou uma medida de resolução ao Banco Espírito Santo (BES), poucos dias depois de o banco ter anunciado prejuízos recorde de 3,6 milhões de euros no primeiro semestre de 2014. A 3 de agosto nasceu o Novo Banco, após uma injeção de 4,9 mil milhões de euros do Fundo de Resolução. Nestes quatro anos muita coisa se passou, desde disputas em tribunais, vendas de ativos a injeções de dinheiro público. O ECO reuniu quatro gráficos que ajudam a mostrar o que mudou desde o nascimento do Novo Banco.

Fotomontagem: Lídia Leão

Prejuízos ascendem a 3,6 mil milhões

Entre agosto e dezembro de 2014, a instituição contabilizou prejuízos de 419,9 milhões de euros, um valor que aumentou mais de 100% no ano seguinte, batendo os 980,6 milhões. No final de 2016, continuaram as perdas, embora com uma queda de 20% para 788,3 milhões de euros.

Contudo, os maiores prejuízos foram observados no final do ano passado, com o Novo Banco a registar perdas recorde de 1.395 milhões de euros, devido às imparidades com ativos problemáticos. Com este resultado, e para evitar a erosão dos capitais, a instituição liderada por António Ramalho viu-se “obrigada” a acionar o Mecanismo de Capital Contingente no valor de 792 milhões.

Tudo somado, o Novo Banco acumula prejuízos acima de 3,6 mil milhões de euros. As contas parecem estar num ponto de inversão: no primeiro trimestre, o banco anunciou lucros de 60,9 milhões de euros.

Depósitos crescem mais de quatro mil milhões

A 4 de agosto, eram 24,6 mil milhões de euros o montante depositado no Novo Banco pelos clientes, sendo que 66% diziam respeito a depósitos de retalho. Entre ligeiras oscilações, esse valor subiu até março deste ano para 28,6 mil milhões de euros, representando um aumento de 16% face a agosto de 2014, equivalente a mais de quatro mil milhões de euros. Desse total, 71% correspondem a depósitos de empresas, o que, de acordo com a instituição, “mostra a confiança da base de clientes, especialmente no retalho”.

Em termos de rácio de transformação — a relação entre os depósitos e os empréstimos –, esse, pelo contrário, foi sempre diminuindo, passando de 140% para 91% após o plano de reestruturação, “em linha com o setor”, diz o banco.

Créditos têm vindo a cair, especialmente o internacional

O crédito concedido pelo Novo Banco caiu cerca de 25% durante estes quatro anos, reduzindo-se em 10,4 mil milhões de euros. Chegou ao final de março nos 31,3 mil milhões de euros, dos quais 27,7 milhões eram créditos domésticos. Em Portugal, o crédito às empresas representa 64% da carteira, menos 6% do em agosto de 2014.

Lá fora, o crédito internacional apresentou uma descida para mais de metade (51%), passando de 7,4 mil milhões de euros a 4 de agosto de 2014 para 3,6 mil milhões em março deste ano. Isto explica-se com a redução do perímetro da atividade internacional. Em 2015, o Novo Banco vendeu o Banco Espírito Santo de Investimento (BESI) ao Haitong, por um total de 379 milhões de euros. No ano passado, a instituição encaixou 145,8 milhões com a venda de 75% do Novo Banco Ásia. Já este ano, em março, vendeu a operação na Venezuela ao Banco Universal, deixando de exercer qualquer atividade naquele país. Mais recentemente, em julho, vendeu o Banco Internacional de Cabo Verde à IIBG Holdings, um banco do Bahrein, ficando com apenas 10%.

Custos operacionais caíram mais de 206 milhões desde 2015

Assim como o crédito, também os custos operacionais foram sofrendo reduções nestes quatro anos. Em 2014 estes custos fixavam-se em 355 milhões de euros, tendo mais do que duplicado no ano seguinte para 755 milhões de euros. No entanto, desde 2015 que estes têm vindo a diminuir, caindo cerca de 38% até ao primeiro trimestre deste ano, batendo os 549 milhões. No total, diminuíram em mais de 206 milhões de euros.

Relativamente aos balcões, a sua redução faz parte dos objetivos do banco em reduzir custos. A Comissão Europeia estipulou com a instituição uma meta de 400 balcões em 2021. Assim, dos 674 balcões que detinha em agosto de 2014, em março deste ano eram apenas 473, uma redução de 201 agências (cerca de 30%). Até ao final de julho, foram fechados mais 30 balcões, uma parte dos 73 para este ano.

E no que toca aos colaboradores, estes também são cada vez menos. Em agosto de 2014 eram 7.887 mil funcionários — dos quais 6.950 colaboravam em território nacional –, e que foram reduzidos a 5.449 em março deste ano, uma quebra de cerca de 31% (-2.438 trabalhadores). Ainda este ano deverão sair do banco mais de 400 trabalhadores, uma meta já conhecida para a qual foram provisionados 134 milhões de euros, e que será conseguida através de rescisões por mútuo acordo e reformas antecipadas.

 

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