Centeno confirmou que entrada da SCML no Montepio “é um investimento de alto risco”, dizem PSD e CDS

  • Rita Atalaia
  • 19 Abril 2018

A direita afirma que Mário Centeno confirmou que a entrada da SCML no Montepio é "um investimento de risco". A esquerda critica negócio e pede esclarecimentos em relação à carteira da Santa Casa.

Mário Centeno admitiu que o Estado pode vir a apoiar o Montepio, em caso de necessidade. Para PSD e CDS, esta foi a confirmação de que a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) no capital do banco da Associação Mutualista é “um investimento de risco”.

No plenário em que os partidos apresentaram projetos de resolução para impedir este negócio, mas cuja votação só será feita amanhã, a esquerda também não poupou críticas. Enquanto o Bloco de Esquerda quer esclarecimentos em relação à composição da carteira de investimentos, o PCP diz que esta entrada está a ser delineada por “figuras cuja idoneidade foi questionada”.

“Já não restam dúvidas. A entrevista [ao ministro das Finanças] deixou claro para todos: estamos perante um investimento de alto risco”, afirmou o deputado do PSD Duarte Pacheco, depois de os sociais-democratas terem apresentado um projeto de resolução no qual recomenda ao Governo que proíba a concretização da entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no capital social da Caixa Económica Montepio Geral. “A oposição a este negócio é geral”, notou Duarte Pacheco, pedindo que “todos assumam as suas responsabilidades”.

"Já não restam dúvidas. A entrevista [ao ministro das Finanças] deixou claro para todos: estamos perante um investimento de alto risco.”

Duarte Pacheco

Deputado do PSD

Em entrevista ao Jornal Negócios (acesso pago), o ministro das Finanças disse que “o garante último da estabilidade financeira é o Governo, e dentro do Governo o ministro das Finanças e, portanto”, tem de haver disponibilidade para ajudar a Associação Mutualista Montepio Geral.

Já Filipe Anacoreta Correia, deputado do CDS, disse que “os portugueses foram hoje surpreendidos pelas declarações do ministro das Finanças” em que assumiu: “Se formos chamados a ajudar o Montepio temos de estar disponíveis”. O deputado centrista acusa o Governo de “se furtar a prestar contas em relação a esta operação”.

Afinal quais são os investimentos da Santa Casa?

À esquerda também chovem críticas a este negócio, com o BE a questionar quais os investimentos que a Santa Casa tem em carteira. “A questão sobre a Santa Casa não é apenas o Montepio. É a carteira de investimentos. Como é que se regula, quais os limites, que montantes deve ter disponíveis?”, questionou Mariana Mortágua.

“Em 2012, entre fundos de investimento imobiliário, ações e ativos correntes, a SCML tinha 308 milhões. Em 2013 tinha 365 milhões, em 2014 tinha 477 milhões e em 2015 tinha 489 milhões”, referiu a deputada bloquista, salientando que a entidade aumentou os ativos disponíveis nos piores anos da crise. Mortágua pediu, por isso, ao Governo que reforce o escrutínio do papel da Santa Casa e recomendou um quadro legal de regras de aplicações de fundos da instituição. A esta proposta, o PS propõe encontrar-se uma matriz de risco e de diversificação de investimento.

Já o PCP criticou novamente o negócio “cujo racional não é totalmente percetível” e que está a ser delineado por “figuras cuja idoneidade foi questionada”, referiu Miguel Tiago. Contudo, o deputado comunista classificou as propostas de resolução do CDS e PSD de “oportunismo” e acusou os partidos de direita de estarem a usar este negócio como “arma de arremesso”. “Se Rui Rio não convence o porta-voz do partido, e provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, a não entrar no Montepio como é que quer impedir o Governo?”, questionou, numa referência à opção de António Tavares, porta-voz de Rui Rio para a Solidariedade e Bem-Estar, membro do conselho estratégico nacional criado pelo novo presidente do PSD, e, em simultâneo, provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto e presidente da mesa da assembleia geral do Montepio.

De acordo com uma notícia avançada pelo Público (acesso condicionado), Santa Casa da Misericórdia do Porto vai entrar com dez mil euros no capital do Montepio, uma opção que choca com a oposição do PSD a esta compra.

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