Justiça quer bloquear fusão entre AT&T e Time Warner

  • Juliana Nogueira Santos
  • 21 Novembro 2017

Segundo o Departamento de Justiça, o negócio põe em causa as leis da concorrência, limitando preços e inovação.

A AT&T quer criar um dos maiores colossos da história dos media através da compra da Time Warner, mas a Justiça norte-americana está empenhada em que tal não venha a acontecer. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos entregou uma ação, contestando este negócio de 108 mil milhões de dólares por pôr em causa as regras da concorrência.

A AT&T é a maior operadora de televisão por subscrição no território norte-americano, com uma quota de mercado de mais de 25 milhões de clientes. Ao comprar a Time Warner, dona de gigantes do conteúdo como a CNN e a HBO, haverá a possibilidade de esta restringir os conteúdos e limitar a inovação, consequências já apontadas a outros negócios do meio.

“Se esta fusão fosse aprovada, a nova empresa poderia utilizar o controlo dos conteúdos populares da Time Warner como uma arma para prejudicar os concorrentes“, aponta o Departamento de Justiça na ação entregue nos tribunais. “A AT&T iria levantar obstáculos aos seus rivais, forçando-os a pagar mais centenas de milhões de dólares para ter acesso aos conteúdos da rede Time Warner, e iria usar o seu poder reforçado para abrandar a transição da indústria para modelos de distribuição mais recentes e dinâmicos, que oferecem mais escolhas ao consumidor”.

"Se esta fusão fosse aprovada, a nova empresa poderia utilizar o controlo dos conteúdos populares da Time Warner como uma arma para prejudicar os concorrentes.”

Departamento de Justiça

Construindo este cenário hipotético caso a fusão avance, a Justiça norte-americana conclui que “a fusão proposta resultaria em menos ofertas inovadoras e contas mais altas para as famílias americanas”, invocando as normas do Clayton Act, a lei que regula os mercados em termos de concorrência.

A AT&T já respondeu às acusações, com o presidente executivo da operadora a garantir que a lei está do lado do negócio. Randall Stephenson afirma que este processo “força a própria ideia de leis da concorrência para além do ponto de rutura” e que, com certeza, foi feito para agradar a Washington, quer tenha havido influência governamental ou não.

Processo com assinatura Trump?

Ainda antes de pisar pela primeira vez o chão da Sala Oval como Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump já tinha expressado o seu desagrado em relação a este negócio. Durante a campanha, o republicano prometeu que a sua Administração não iria deixar avançar a fusão, visto que punha “demasiada concentração de poder nas mãos de poucos.”

Já no início deste ano, após ter sido eleito, terá reiterado a um confidente que a compra da Time Warner pela AT&T seria um mau negócio para o país, justificando que irá criar uma grande concentração de poder na indústria dos media. Para além disso, a CNN, uma das marcas mais poderosas da rede Time Warner, é um dos alvos mais frequentes das críticas do agora presidente, caracterizando-a como “fake news”.

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