European Innovation Academy: São aprendizes de empreendedores e vêm de todo o mundo

Cerca de 250 alunos de 40 países, Portugal incluído, estão em Cascais para aprenderem e trabalharem em projetos empreendedores. Iniciativa conta com o apoio da Beta-i, da Nova e do Santander Totta.

Edição da European Innovation Academy em Portugal conta com mais de 250 estudantes universitários de 40 países diferentes.Mariana de Araújo Barbosa/ECO

Sawsan Shukri veio do Qatar, Nathalie Dulony voou do Canadá, Esteban Veintinilla disfarça bem o sotaque do Equador e a cor dos olhos de Alexey Masanski deixa adivinhar o seu país de origem: Bielorrússia. Os quatro serão a equipa de Sujith Padaru, da Índia, durante os próximas três semanas, o tempo que dura a European Innovation Academy, realizada pela primeira vez em Portugal e uma iniciativa da instituição em parceria com o Santander e a Beta-i.

São mais de 250. Estudantes universitários, de 40 países diferentes, embarcaram diretos para Cascais para participarem no programa de empreendedorismo internacional para, no final das três semanas de trabalho intenso, poderem apresentar os projetos desenvolvidos a investidores.

Os cinco founders mal se conhecem mas já perceberam que têm algo em comum: a vontade de desenvolver o projeto da Mentor, a startup recém-pensada e ainda por criar. Uma verdadeira recém-nascida com tanto tempo de vida como eles têm de “sócios” e parceiros de negócio: menos de 24 horas.

“Na universidade, temos aqueles sites onde podemos ir ver as notas, e queremos criar uma melhor versão disso. A ideia é personalizar com tutoriais em vídeo, preparação de currículos e toda a informação referente ao curso”, explica o equatoriano Esteban Veintinilla, ao ECO.

A ideia da equipa é cobrar pelo sistema e desenvolver features específicas para cada universidade. “Hoje podemos encontrar na internet os currículos dos cursos mas não percebemos completamente quais as valências, as coisas específicas de cada área de estudos. É isso que queremos atingir. Os professores dão as linhas-guia para o que precisamos de criar em termos de conteúdos, com base nos estudantes passados mas também nos futuros. Todos os conteúdos vão ser aprovados pelas universidades, e deduzido no valor das propinas. Teremos um constante revenue“, esclarece um dos fundadores da empresa.

Sawsan Shukri (Qatar), Nathalie Dulony (Canadá), Esteban Veintinilla (Equador), Alexey Masanski (Bielorrússia) e Sujith Padaru (Índia) fundaram a equipa no mesmo dia em que se conheceram.Mariana de Araújo Barbosa/ECO

“Estamos a definir o problema, a solução, a fazer o Canvas, a proposta de mercado, como vamos ganhar dinheiro. Quando apresentámos a ideia tivemos de fazer um, agora é altura de pegar nele e refazer com todos os elementos do grupo, logo que a pessoa que falta chegue. Tirei coisas, acrescentei outras. Gosto da dinâmica do evento. A universidade mandou-nos o email a perguntar quem de nós queria passar parte do verão na Europa, e eu achei logo que sim.”

Os primeiros passos desta Academia

Com o intuito de apostar em projetos que promovam o contacto entre o Ensino Superior e o mundo empresarial, a história do Santander com a EIA começou assim: nasceu de interesses comuns. A estreia do maior programa universitário de aceleração em Inovação Digital da Europa em Portugal conta com a participação de aceleradoras de Silicon Valley, e com a colaboração com instituições de topo como a UC Berkeley, a Stanford University e a Google. Por isso, um dos grandes atrativos do programa de três semanas, são os nomes dos mentores. Além de Alar Kolk, diretor da EIA, estão em Portugal para acompanhar as equipas Ken Singer, da universidade de Berkeley ou Dirk Lehmann.

Tomás Pereira, estudante português de Engenharia Mecânica no Técnico, vinha já com uma ideia definida de negócio definida. Faltava-lhe a equipa para a pôr em prática.Mariana de Araújo Barbosa/ECO

“Soube que o Técnico estava a oferecer bolsas para este programa com o Santander, e quando vi as entidades que estavam envolvidas decidi candidatar-me e consegui uma bolsa. As expectativas são muito trabalho, vão ser três semanas bastante esgotantes, mas uma boa oportunidade para conhecer muitas pessoas. Tentar dar o meu melhor com a equipa que ainda não construímos e tentar captar investimento de algum dos investidores“, explica Tomás Pereira, estudante português de Engenharia Mecânica no Técnico, ao ECO.

Tomás refere que, dos 251 participantes havia 108 ideias. E, por muitas pessoas trazerem as suas, o trabalho de formar equipas fique um pouco mais dificultado. “A equipa precisa de mais diversidade, não vai ser perfeita — nada é, na realidade — mas acho que devíamos procurar mais do que engenheiros. A minha sugestão é ver o que os outros estão a fazer, perceber em que é que os outros são interessados”, esclarece o estudante, a preparar-se para falar com mentores.

“Essa é a principal mais-valia: aprender com pessoas que são mais experientes mas que também começaram do zero. Como estas pessoas têm mais conhecimento e experiência, podem ajudar-nos a desenvolver de certa forma”, explica David Coutinho, um dos fundadores da Eco5, uma startup que nasceu em fevereiro deste ano pela mão dele e de mais cinco alunos, todos da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa.

Conhecemo-nos há três meses e já temos um protótipo em 3D de produção de energia elétrica derivada do arroto das vacas. Usando como matéria-prima o metano — praticamente gás natural –, que tem poder calorífico, usamo-lo para criar fazendas autossustentáveis em vez de largarmos para a atmosfera e criarmos efeito de estufa.

David Coutinho

Aluno da FCT

A trabalhar juntos desde essa altura — depois de se inscreverem num projeto semelhante na faculdade — os cinco estudantes decidiram continuar a focar-se no protótipo do seu produto: uma forma de aproveitar os arrotos das vacas para os transformar em energia elétrica e, com isso, tornar as fazendas autossustentáveis.

“Vamos focar-nos em convencer as pessoas de que queremos ter impacto no ambiente. Irá ter, resultando, um impacto a nível global. E isso anima. A tecnologia até já existe, é uma questão de juntar as coisas e verificar se resulta e se tem boa eficiência ou não”, assegura.

Pedro Sobral, Rui Cabral, Raul Décio, Marta Pereira e David Coutinho já vinham com a equipa formada da FCT.Mariana de Araújo Barbosa/ECO

 

Participar e contratar

Blake Dixon (à esquerda) com o sócio, vieram do Canadá já com a empresa criada há três meses. “Estamos à procura de programadores”, conta.Mariana de Araújo Barbosa/ECO.

“Temos quase a equipa formada mas ainda está muita gente à procura e queremos ter a certeza de que escolhemos as melhores pessoas”, explica Blake Dixon, 23 anos, em entrevista ao ECO. Diretamente do Canadá, Dixon veio acompanhado do sócio para Portugal. Juntos criaram a primeira startup há três meses e, agora sentem que precisam de contratar. “Estamos a entrevistar designers de software”, diz, a sorrir. A entrevistar? Sim, garante.

É mais do que uma ideia, é uma revolução“, acrescenta, sobre o negócio. “Há seis meses criámos a empresa e, há três, lançámos o nosso primeiro produto. Conseguimos produzir por antecipação e estamos agora a enviar os produtos para centenas de clientes em 16 países do mundo”, conta. A capa carregadora para telefones que funciona com tecnologia wireless é o primeiro produto criado pela startup canadiana. Mas há mais nos planos.

“A nossa questão é criar um mojo que permita, à distância, carregar computadores, telemóveis, usando radiofrequência e esse tipo de tecnologias. Agora, o teu telefone tem de estar diretamente ligado ao carregador para ser carregado. Queremos fazer com que não seja necessária essa condição. E, no final das três semanas, o nosso próximo produto para os 450 clientes, para que possa simplesmente pousar o telefone e ele carrega e dá música. Estamos à procura de pessoas que tenham como foco um alto nível de profissionalismo e que já tenham sucesso nas suas áreas de especialidade. Designers, engenheiros eletrotécnicos”, conclui.

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