Isabel dos Santos quer “modelo muito mais resistente” ao preço do petróleo

O setor petrolífero angolano está assente "num modelo muito desatualizado", reconhece a presidente do conselho de administração da Sonangol.

As petrolíferas têm de criar um novo modelo de negócio, que seja “muito mais resistente” à volatilidade dos preços da matéria-prima. A ideia é defendida por Isabel dos Santos, presidente do conselho de administração da Sonangol, numa altura em que Angola procura reduzir a dependência do petróleo.

"Precisamos de construir um modelo que seja muito mais resistente às mudanças no preço do petróleo para evitarmos estar tão vulneráveis a estas variações.”

Isabel dos Santos

Presidente do conselho de administração da Sonangol

A empresária angolana falava na cimeira internacional de energia CERAWeek, que decorre esta semana em Houston, nos Estados Unidos, e onde é uma das oradoras. Isabel dos Santos começou por admitir que o setor petrolífero angolano está assente “num modelo muito desatualizado” e, por isso mesmo, esse tem de mudar. “Precisamos de construir um modelo que seja muito mais resistente às mudanças no preço do petróleo para evitarmos estar tão vulneráveis a estas variações”, disse.

Para isso, acrescentou, o principal foco das petrolíferas deve ser, precisamente, os negócios de petróleo e gás. Ainda esta terça-feira, a Sonangol anunciou o início da produção num novo campo, ao largo de Cabinda, que vai assegurar 150 mil barris por dia. “Temos de nos voltar a concentrar no nosso core business“, disse Isabel dos Santos, dando exemplos de grandes companhias que estão a desinvestir em áreas não core.

Este desinvestimento também chegou à Sonangol. Entre 2015 e 2017, detalhou a gestora, a Sonangol reduziu os custos logísticos em 50%, no âmbito do programa de reestruturação que está a ser implementado. Os cortes têm sido feitos numa altura em que Angola, maior produtor de petróleo de África, tem enfrentado grandes dificuldades com a desvalorização da matéria-prima. No ano passado, as receitas fiscais do país ficaram a mais de 1.200 milhões de euros da meta definida pelo Governo de José Eduardo dos Santos, muito por causa da venda de barris de crude, que também ficou abaixo do objetivo que tinha sido traçado.

É neste contexto que o país está num processo de mudança de modelo económico, que não seja tão dependente do petróleo. No mês passado, o ministro das Finanças angolano chegou mesmo a pedir ajuda a empresas espanholas, para que Angola volte a contar com “investimento estrangeiro nos setores que considera serem estratégicos”, como as infraestruturas, energias renováveis, saúde, novas tecnologias ou agroalimentar.

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