Manifestações de “coletes amarelos” mobilizaram 244 mil pessoas em França

  • Lusa
  • 17 Novembro 2018

O movimento, que protesta contra a carga fiscal em geral, é um novo obstáculo para o Governo de Macron, que decidiu aumentar os impostos dos combustíveis para promover a transição energética.

O movimento dos “coletes amarelos” mobilizou este sábado mais de 244 mil pessoas, em manifestações de protesto por toda a França, contra o aumento do preço dos combustíveis, disse o ministro francês do Interior, Christophe Castaner.

No balanço da jornada, Christophe Castaner recordou a morte de uma manifestante, por atropelamento, hoje de manhã, numa barricada montada na região de Sabóia. Os números atualizados dão conta de 106 feridos, cinco deles em estado grave. Ao longo da jornada de protesto, foram identificadas 52 pessoas, pelas autoridades, que fizeram 38 detenções, disse o ministro francês.

Manifestação do movimento cívico “Coletes Amarelos”, este sábado, contra o aumento do preço dos combustíveis. Os manifestantes na Madeleine, em Paris, provocaram fortes perturbações no trânsito. O cenário foi idêntico em diferentes pontos de França este sábado. EPA/Ian LangsdonIan Langsdon/EPA 17 Novembro, 2018

Números anteriores divulgados pelas autoridades davam conta de 47 feridos, entre as 50 mil pessoas, inicialmente mobilizadas, em perto de duas mil manifestações, por todo o país. Cerca de 70 estações de serviço, de um total de 3.500, foram afetadas pelas manifestações de hoje, segundo números recolhidos pela AFP.

Estações de serviço da rede Auchan, em Pau Noyelles-Godault (Pas-de-Calais), fecharam durante a manhã, enquanto durante o dia também fecharam estações em Bar-le-Duc, Belfort, Châtellerault, Dieppe, Le Pontet Avignon, Montivilliers e Poitiers Sul, acrescentou um porta-voz de associações do setor. Os “coletes amarelos” são um movimento cívico à margem de partidos e sindicatos criado espontaneamente nas redes sociais, em França, e alimentado pelo descontentamento da classe média-baixa. O protesto de hoje colocou em alerta as forças de segurança e, segundo o canal “BFMTV”, com 3.000 agentes prontos para atuar em todo o país.

O movimento, que alargou os protestos contra a carga fiscal em geral, é um novo obstáculo para o Governo de Emmanuel Macron, que decidiu aumentar os impostos dos combustíveis para promover a transição energética. O Governo decretou um aumento dos impostos dos combustíveis de 7,6 cêntimos por litro para o ‘diesel’ e de 3,9 cêntimos para a gasolina e, a partir de janeiro, serão aplicadas taxas adicionais a estes produtos de seis e de três cêntimos, respetivamente.

Os “coletes amarelos”, nome alusivo aos coletes fluorescentes que é obrigatório ter no interior dos veículos, têm o apoio de 74% da população francesa, segundo uma sondagem publicada na passada sexta-feira.

Governo francês afirma que economia tem de se transformar apesar do protesto

O governo francês afirma ter ouvido os protestos pela descida do imposto sobre os combustíveis, mas contrapõe que precisa de transformar a economia para a tornar menos dependente do petróleo. O ministro das finanças públicas, Gerald Darmanin, reconheceu a dimensão dos chamado protesto dos “coletes amarelos”, que levou quase 300.000 pessoas às ruas de França, no sábado, considerando-o “importante”.

“O que estamos a fazer é transferir parte dos impostos sobre o trabalho para a poluição”, afirmou, assegurando que o governo “ouviu esta raiva” do protesto, na raíz do qual estão queixas sobre a perda do poder de compra. Darmanin reconheceu que “a fiscalidade ecológica é difícil”, mas salientou que o dever do seu Governo é “transformar a economia” para bem “da economia dos franceses e da saúde dos franceses”.

Argumentou que o governo baixou impostos sobre os setores da habitação, empresas e saúde. A televisão France 2 anunciou, entretanto, que o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, estará presente no jornal da noite de hoje deste canal (20h00 locais), para falar sobre os protestos e a política de combustíveis.

(Notícia atualizada no domingo, com declarações do Governo francês)

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