Comissão está mais pessimista que o Governo. Corta previsão de crescimento para 1,8% em 2019

Comissão Europeia diz que o crescimento vai abrandar, exportações também, tal como a criação de emprego. Salários vão subir.

A Comissão Europeia está mais pessimista. Aponta para metas de crescimento inferiores às previstas pelo Executivo, mas também às que ela própria tinha lançado no verão. De acordo com as Previsões de Outono divulgadas esta quinta-feira, Portugal vai crescer 2,2% este ano e não 2,3% como prevê o Executivo e para o próximo ano deverá abrandar para 1,8%, um desempenho quatro décimas abaixo do que o Governo inscreveu na proposta de Orçamento do Estado para 2019. Bruxelas alinha assim com o FMI como a instituição mais pessimista relativamente ao crescimento nacional.

Bruxelas explica que o crescimento da economia de 2,3%, em termos homólogos, na primeira metade de 2018 se deveu, sobretudo, à “forte procura interna”. Mas a procura externa vai abrandar e, consequentemente, o PIB português também. Assim, a Comissão espera que Portugal cresça menos, ou seja, 2,2%, uma décima acima da estimativa para a Zona Euro, tal como sublinhou esta manhã o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira. Com desempenhos inferiores ao de Portugal só mesmo Itália (1,1%), Dinamarca (1,2%), Bélgica (1,5%), França e Alemanha (1,7%) e Grécia (2%).

Do verão para agora, a Comissão também reviu em baixa as previsões que ela própria fez: esperava uma evolução de 2% da economia portuguesa em 2019, mas agora espera que seja apenas de 1,8%. O cenário é ainda mais pessimista para 2020, ano em que a Comissão estima que Portugal cresça 1,7%. Nessa altura, só Itália (1,3%), Bélgica (1,4%) França e Dinamarca (1,6%) vão crescer menos.

A evolução das exportações explica este abrandamento. Do crescimento de 5,5% previsto para este ano, as vendas ao exterior deverão cair para 3,6% em 2020. “A balança externa deteriorou-se, ligeiramente, dadas as exportações de bens mais fracas do que o esperado e a um abrandamento do turismo”, justifica a Comissão. Os preços do petróleo também afetaram negativamente os termos de troca e consequentemente a balança comercial. A Comissão espera que as importações continuem a crescer a um ritmo superior ao das exportações, embora também abrandem. Por outro lado, “os pagamentos mais elevados aos acionistas estrangeiros também pressionam ainda mais a balança”, acrescenta a Comissão.

Entre 2018 e 2020, a exportações líquidas deverão ter um contributo líquido negativo para o PIB. Um indicador que se agrava ao longo do período em causa (passará de -0,2% para -0,4%).

O abrandamento na procura interna — o consumo privado vai abrandar de 2,3% em 2018 para 1,8% em 2020 — é um reflexo da moderação na criação de postos de trabalho.

A Comissão prevê que a criação de emprego abrande de 2,2% este ano para 0,8% em 2020. Mas a taxa de desemprego essa vai continuar a descer e a produtividade vai aumentar, tal como os salários dos portugueses em virtude do descongelamento das progressões nas carreiras e de “uma redução da estagnação do mercado de trabalho”. A Comissão não o diz, mas o aumento do salário mínimo previsto para janeiro de 2019 será também um dos fatores a ter em conta.

A taxa de desemprego deverá chegar a 5,9% em 2020. No próximo ano deverá ficar 6,3%, em linha com as previsões do Governo. Neste capítulo, só o FMI é mais pessimista do que Portugal.

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