Bancos queixam-se do “impacto considerável” dos juros negativos do BCE

Os bancos considerados no inquérito do Banco de Portugal sobre o mercado de crédito queixam-se do impacto sobre a margem financeira dos juros negativos. Três falam em "impacto considerável".

Foi um pleno. Todos os bancos sondados no último inquérito do Banco de Portugal sobre o mercado de crédito queixaram-se do impacto negativo sobre a sua atividade resultante do atual contexto de juros negativos. Houve três instituições financeiras a falarem mesmo num efeito “considerável”.

Questionadas sobre o impacto que sentiram em resultado da taxa de juro negativa aplicada à facilidade permanente de depósito por parte do Banco Central Europeu (BCE), de -0,4%, “todas as instituições indicaram um efeito negativo sobre a margem financeira, tendo três bancos reportado um impacto considerável”, escreve a instituição liderada por Carlos Costa, nas conclusões do último inquérito trimestral.

Neste âmbito, uma das instituições reportou uma “contribuição considerável” para a diminuição das taxas ativas nos empréstimos não só a empresas como a particulares no segmento da habitação. Ouve ainda outros dois bancos a sinalizarem a mesma alteração, mas de forma ligeira, que se estendeu também às taxas ativas aplicadas nos empréstimos para consumo e outros fins. Ou seja, com as taxas abaixo de zero, houve uma redução dos juros.

A taxa de juro negativa aplicada à facilidade permanente de depósito também terá tido impacto em duas vertentes de custos associadas à concessão de crédito: spreads e comissões. Houve duas instituições financeiras a dizerem que “contribuiu para uma redução dos spreads nos empréstimos às empresas“. Ouve ainda uma instituição a apontar para uma “ligeira diminuição das comissões ou outros encargos não relacionados com taxas de juro” associados aos empréstimos concedidos tanto às empresas como aos particulares.

Num contexto de mercado em que não são expectáveis num futuro próximo grandes alterações em termos das taxas de juros não é por isso de estranhar que de um modo geral, as instituições financeiras inquiridas tenham antecipado “impactos semelhantes aos reportados para os seis meses anteriores”.

No que respeita em concreto ao programa de compra de ativos do BCE, os bancos inquiridos indicaram que, nos últimos seis meses, este “não se repercutiu no valor dos seus ativos, posição de liquidez ou fundos próprios“. Mas no que respeita à respetiva política de concessão de crédito, houve um banco a reportar “um ligeiro aumento da restritividade” nos critérios e nos termos e condições e “uma diminuição no volume de crédito concedido”, que teve efeitos exclusivamente nos empréstimos a particulares e para a compra de casa.

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