Já há preço para as ações da Farfetch. Títulos vão ser vendidos entre 15 e 17 dólares

A Farfetch pretende colocar no mercado um total de 37,5 milhões de ações. Espera obter, com a entrada em bolsa, um total de 637,5 milhões de dólares.

A Farfetch está cada vez mais perto da bolsa. Depois de ter dado entrada com o processo de admissão no mercado de capitais norte-americano, revelou mais detalhes da oferta pública inicial (IPO, na sigla inglesa). Pretende vender um total de 37,5 milhões de ações, definindo um intervalo de preços para os títulos de 15 a 17 dólares.

De acordo com os documentos enviados pela empresa criada por José Neves à SEC, a CMVM dos EUA, a Farfetch vai vender 30,06 milhões de títulos ordinários, enquanto os atuais acionistas da loja online moda de luxo vão alienar outras 7,45 milhões de ações. Isto perfaz um total de 37,5 milhões de ações.

Cada um destes títulos será vendido por um valor que irá ficar entre os 15 e os 17 dólares. Mediante a procura que for registada no processo de admissão ao mercado de capitais será definido o valor de venda efetivo de cada um dos títulos, sendo esse o preço de referência para a entrada em bolsa. A Farfetch poderá, assim, levantar 637,5 milhões de dólares com o IPO.

O Goldman Sachs, JPMorgan, Allen & Co e o UBS serão os bancos de investimento responsáveis pela operação de colocação destes títulos, sendo que poderão também vir a colocar uma outra tranche, de 5,63 milhões de ações, de acordo com a informação apresentada no prospeto enviado à SEC.

A Farfetch estima que o encaixe líquido com a operação ascenda a 446,5 milhões de dólares “assumindo que as ações serão vendidas no ponto médio do intervalo de preços do IPO, de 16 dólares, mas também descontando os custos da admissão ao mercado”. Este encaixe refere-se apenas às ações ordinárias, já que “não iremos receber qualquer valor referente às ações dos atuais acionistas”.

Prejuízos sobem antes do IPO

A empresa criada por José Neves dá assim os últimos passos rumo ao mercado de capitais, procurando atrair investidores para um negócio de luxo que tem registado um forte crescimento nos últimos anos. Apesar disso, continua a apresentar prejuízos, tendo mesmo agravado os resultados antes da entrada em bolsa.

A 20 de agosto, altura em que avançou com o processo de admissão, a Farfetch revelou que entre janeiro e junho deste ano registou prejuízos de 68,4 milhões de dólares, refletindo um agravamento de 133% face ao mesmo período do ano passado. Isto corresponde a um resultado líquido negativo de 1,42 dólares por ação, acima do prejuízo de 0,75 dólares por ação registado na primeira metade em 2017. No total do ano passado, a empresa apresentou prejuízos de 112 milhões (contra 81 milhões em 2016).

Duas rubricas explicam o agravamento dos prejuízos da empresa liderada por José Neves: por um lado, os custos por receita aumentaram dos 78 milhões para os 130 milhões de dólares; por outro, as despesas de vendas, despesas gerais e administrativas subiram dos 125,7 milhões para 208,8 milhões de dólares.

Desde 2015 que as contas da Farfetch não saem do vermelho, isto apesar de as receitas terem subido 173% nos últimos três anos. Fechou o ano passado com uma faturação de 385,9 milhões de dólares, quando o ano de 2015 tinha terminado com vendas abaixo dos 150 milhões de euros.

Não há lucros. E não vai haver dividendos

Não é só pelo facto de registar prejuízos que a empresa não pretende pagar dividendos. Nos documentos entregues à SEC, a Farfetch já avisou que vai querer manter fundos disponíveis para financiar o desenvolvimento da sua atividade numa indústria global de bens e acessórios de luxo que valia 307 mil milhões de dólares em 2017, segundo um estudo da Bain citado pela própria companhia.

“Não antecipamos qualquer pagamento de dividendos no futuro previsível. Pretendemos reter todos os fundos disponíveis e quaisquer lucros futuros para financiar o desenvolvimento e expansão do nosso negócio”, afirmou a empresa. “Contudo, se pagarmos dividendos relativos às nossas ações ordinárias no futuro, vamos pagar tal dividendo com base nos nossos lucros”.

(Notícia atualizada às 9h02 com mais informação)

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