Fogo de Monchique está dominado. Costa reconhece exageros

As autoridades já deram o fogo de Monchique como dominado. Este foi o maior incêndio da Europa este ano. Fogo fez 41 feridos, um com gravidade e destruiu 50 casas.

As autoridades já deram o fogo de Monchique como dominado, ao oitavo dia depois de as chamas terem atingido o Algarve. Um incêndio que provou 41 feridos, um com gravidade. O fogo ainda não está extinto, mas espera-se que isso venha a acontecer ao longo do dia, embora sejam possíveis algumas reativações, dado que se espera um sexta-feira quente e com pouca humidade.

O incêndio de Monchique que já queimaram 28.500 mil hectares é considerado o maior incêndio da Europa, já que Portugal voltou a ser o país com mais área ardida na Europa, como avança esta sexta feira a TSF. O fogo de Monchique (Algarve) já destruiu cinco vezes mais do que toda a área ardida este ano em todo o país, até 15 de julho (5.327 hectares), revela a Lusa. O maior incêndio, em termos de área ardida, que este ano se tinha verificado até à semana passada em território nacional era o da Guarda onde, em fevereiro, arderam 86 hectares.

No briefing desta manhã de sexta-feira, a segunda comandante nacional da Proteção Civil, Patrícia Gaspar, frisou que “todo o cuidado é pouco” e que “não é o momento de baixar os braços para que nas próximas horas possamos manter a consolidação de todo este perímetro e responder às reativações que seguramente ainda vão pontualmente surgir, garantir que não se estraga o que foi feito até agora”. Em declarações transmitidas pela RTP e pela Sic, a responsável sublinhou que “ainda há um grande trabalho pela frente” e que o objetivo é conseguir que os 49 deslocados que ainda existem possam regressar em segurança às suas casas, ainda esta sexta-feira.

O risco de incêndio persiste, lembra Patrícia Gaspar já que esta sexta-feira é, “em termos meteorológicos”, novamente adversa, está previsto um aumento da temperatura e há uma redução dos índices de humidade relativa. Mas, a responsável defende que “não existe um risco significativo” de o incêndio de Monchique sair da área que já afetou

No balanço feito o número de feridos foi atualizado para 41, um em estado grave. E entre os feridos civis, 22 são bombeiros, revelou ainda a segunda comandante nacional da Proteção Civil. Já, segundo o presidente da Câmara de Monchique, Rui Miguel André, este incêndio afetou cerca 50 casas, sendo que dez ou 12 de habitação própria e permanente ficaram completamente destruídas.

Em declarações à RTP, o responsável revelou ainda que os estragos provocados por este incêndio estão avaliados em cerca de dez milhões de euros. Mas esta é apenas “uma primeira avaliação”, porque há mais danos, sobretudo agrícolas, que ainda não estão contabilizados.

E o tempo é de avaliações. O ministro Eduardo Cabrita, em declarações aos jornalistas, disse que a partir da tarde de sexta-feira “o Governo vai trabalhar em torno do apuramento das consequências nos três municípios afetados pelos fogos: Monchique, Sines e Portimão”. “Até hoje era tempo de combate, agora é tempo de avaliação”, disse Eduardo Cabrita.

Apesar da insistência dos jornalistas, o ministro recusou comentar as queixas dos populares que criticaram a atuação da GNR, “excessivamente musculada”. “Ficar a defender o que é indefensável é estar a prestar um mau serviço público”, disse o ministro, acrescentando que a sua mãe é de Silves e que por isso compreende “bem a angústia das populações”.

Costa reconhece exageros em Monchique

O primeiro-ministro deslocou-se esta tarde às zonas afetadas pelo incêndio de Monchique para se reunir com os governantes das áreas da habitação, agricultura, segurança social e turismo. Questionado pelos jornalistas, António Costa acabou por admitir que poderão ter sido cometidos alguns exageros na tentativa de proteção das populações, mas recusou especular mais sobre a matéria.

Poderá ter havido aqui ou ali algum exagero”, disse António Costa em declarações transmitidas pela RTP3 e pela Sic Notícias, quando questionado sobre a atuação da GNR que forçou a saída das populações das suas casas. Também o presidente da Câmara de Monchique admitiu que “há excessos a afinar, mas em primeiro lugar foi posta a salvaguarda das vidas humanas”, frisou, reiterando uma ideia batida até à exaustão pelas autoridades governamentais que se têm pronunciado sobre o tema.

António Costa sublinhou ainda que a “prioridade é agora reconstruir” e para isso serão dados “apoios no âmbito orçamental e da habitação”. A “avaliação” vai ser feito ao longo da tarde com as várias entidades competentes, precisou António Costa. Por isso, o Chefe do Executivo se fez acompanhar por responsáveis das pastas da habitação, agricultura, segurança social e turismo para terem reuniões com os autarcas de Monchique, Silves e Portimão, bem como com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve e a Associação de Municípios do Algarve. O objetivo é fazer um ponto de situação da necessidade imediata de apoios e estudar as respostas a dar às populações, explicou fonte do gabinete do primeiro-ministro antes da deslocação.

Esta visita de trabalho foi articulada com o Presidente da República, que também irá ao terreno, precisou a mesma fonte, agora que o fogo, que deflagrou nesta zona do Algarve há uma semana, foi dominado. Estas deslocações estão organizadas em três fases: primeira foi o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, depois o primeiro-ministro numa vertente executiva e numa terceira fase, acontecerá a deslocação do Presidente da República também para se inteirar da situação.

Esta coordenação resulta dos alertas da Comissão técnica, criada na sequência dos fogos do ano passado, para a dispersão de meios resultante das múltiplas visitas de responsáveis políticos ao teatro das operações. O combate às chamas foi interrompido 20 vezes por essa razão.

Segurança Social vai apoiar populações afetadas pelos incêndios

O Instituto da Segurança Social (ISS) está disponível para prestar todo o apoio necessário às populações afetadas pelo incêndio de Monchique, anunciou a instituição numa nota enviada às redações esta sexta-feira. Uma das medidas é a instalação de Zonas de Concentração e Apoio às Populações em cinco localidades e, quando o incêndio for dado como extinto, será feito o levantamento das necessidades e perdas junto das pessoas, sendo atribuídos possíveis subsídios e prestações sociais.

“Na sequência da ativação do Plano Municipal de Emergência em virtude do incêndio (…), o Instituto da Segurança Social assegura, desde a primeira hora, a permanência de equipas de técnicos para prestarem apoio social de emergência nos concelhos sinalizados com maiores necessidades”, começa por ler-se no documento. Durante estes dias, serão instaladas nove Zonas de Concentração e Apoio às Populações nas localidades de Monchique (três), Portimão (uma), Vila do Bispo (duas), Silves (duas) e Odemira (uma).

Até ao momento, já foram prestados apoios a “quase 700 pessoas”, envolvendo “um total de 65 técnicos”. “Declarado o incêndio extinto, a Segurança Social irá proceder ao levantamento de necessidades e perdas junto das populações”. Este acompanhamento, explica, passará por: atendimento permanente; avaliação diagnóstica das necessidades, dos danos e das perdas; avaliação e atribuição de subsídios e prestações sociais e familiares, etc.

(Notícia atualizada às 15h52 com as declarações do primeiro ministro)

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