Evacuada parte da estrada que liga Monchique ao Pico da Fóia

  • ECO e Lusa
  • 6 Agosto 2018

Várias localidades evacuadas e 44 feridos, um em estado grave. Este é o balanço do incêndio de Monchique que lavra desde sexta-feira. Dois aviões espanhóis ajudam no combate às chamas.

Em todo o perímetro do incêndio de Monchique estão a ser registadas “fortes reativações” que, associadas à intensidade do vento, estão a tomar grandes proporções, de acordo com um ponto de situação da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC). A informação, publicada na página de Internet da ANPC e atualizada às 17h35, era nesta hora a única disponibilizada no ‘site’ pelas autoridades relativamente ao incêndio que lavra em Monchique.

Uma parte da estrada que liga Monchique ao Pico da Fóia, o ponto mais alto do Algarve, a cerca de oito quilómetros da vila, está a ser evacuada pelas autoridades devido à aproximação do fogo, disse esta segunda-feira à tarde, à Lusa fonte da GNR. Escusando-se a prestar mais informações, a mesma fonte avançou que a retirada de pessoas se cingia “apenas a uma parte” da estrada de acesso a Fóia, situada a 900 metros de altitude e uma das principais atrações turísticas do concelho de Monchique, no distrito de Faro.

Ao longo da estrada que liga o centro da vila à Fóia, também designada como o “topo” do Algarve, existem vários cafés, restaurantes e lojas de artesanato, assim como percursos pedestres, nas zonas de serra circundantes. As autoridades estão ainda a fazer uma avaliação de reconhecimento no terreno sobre o edificado ardido no incêndio da serra de Monchique, não havendo ainda uma quantificação precisa de casas afetadas, informou a Comissão Distrital de Proteção Civil de Faro.

De acordo com o presidente daquela estrutura, Jorge Botelho, há casas de primeira ou segunda habitação que foram, pelo menos, ‘lambidas’ pelo fogo, mas muitas delas terão condições de habitabilidade.

O fogo que pelo quarto dia lavra na serra de Monchique, que já se estendeu aos concelhos de Silves (também no distrito de Faro, no Algarve) e Odemira (distrito de Beja, Alentejo), obrigou à evacuação de várias localidades. O fogo rural já consumiu entre 15.000 e 20.000 hectares e de acordo com informações prestadas pelas autoridades ao início da tarde de hoje, o incêndio foi considerado dominado em 95% do seu perímetro.

O mais recente balanço da Proteção Civil revela que 44 pessoas ficaram feridas (24 feridos ligeiros), na sequência do incêndio que lavra desde sexta-feira no concelho de Monchique e que já obrigou a evacuar diversas localidades e duas unidades hoteleiras.

Em declarações à agência Lusa, fonte Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) disse que um dos feridos, uma senhora de 72 anos, estava em estado grave e teve de ser transportada de helicóptero para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa. De acordo com a RTP a retirada das populações não decorreu de forma pacífica.

Segundo Manuel Cordeiro, adjunto de operações nacional da ANPC, até às 5h45 o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) tinha registado 64 ocorrências, com 40 pessoas assistidas (12 civis e 28 agentes da proteção civil).

O responsável explicou que, ao início da manhã, o incêndio progredia em duas frentes: uma em direção a Caldas de Monchique, Podalgais e Vale do Boi e outra a avançar em direção à freguesia de São Marcos da Serra. A mesma fonte explicou que o fogo ladeou durante a noite a barragem de Odelouca, que ao início da manhã de hoje progredia em direção à Estrada Nacional 124 (Sul) e que foram colocadas no terreno diversas máquinas de rastro para tentar travar o avanço das chamas.

No briefing que a Proteção Civil fez pelas 10h00, as autoridades explicaram que a “intensidade do vento está a aumentar na direção de S. Marcos da Serra” e que “a situação nas Caldas de Monchique é muito crítica”, sendo que a intervenção dos meios aéreos “é fundamental” para ajudar a resolver a situação, mas os fumos intensos impedem a atuação dos meios aéreos. “Temos de esperar que o fumo se dissipe para que os pilotos avaliem a situação”. Na conferência de imprensa, o responsável confirmou que houve casas afetadas, mas não deu a garantia que se tratavam de casas de habitação.

O responsável da ANPC disse ainda que houve durante a “noite várias projeções” deste incêndio, sobretudo em Caldas de Monchique, e que as chamas obrigaram a evacuar as localidades de Caldas de Monchique, Rasmalho, Monchicão, Barranco do Banho e Montinho. Manuel Cordeiro sublinhou ainda o “importante papel” do pelotão de militares no apoio à GNR na evacuação destes aglomerados populacionais.

Pelas 7h30, estavam no terreno 1.017 operacionais, apoiados por 307 viaturas e um meio aéreo (kamov) estava já a caminho. Os helicópteros aguardavam para poder levantar voo e ajudar nas operações, uma vez que o intenso fumo do incêndio lhes retirava visibilidade. Às nove da manhã já havia oito meios aéreos a combater as chamas. Pelas 13h00 este era o cenário de combate às chamas:

 

Este incêndio deflagrou cerca das 13h30 de sexta-feira, em Perna da Negra, no concelho de Monchique.

Combate às chamas reforçado com dois aviões de Espanha

O combate às chamas em Monchique vai ser reforçado com dois aviões Canadair disponibilizados pelo Governo espanhol, que poderão começar a atuar já durante a tarde, disse esta segunda-feira o secretário de Estado da Proteção Civil.

“Neste momento, o Governo espanhol já disponibilizou dois Canadair. Caso haja condições de atuar, hoje mesmo à tarde, provavelmente, já cá teremos os dois”, adiantou Artur Neves aos jornalistas, durante um balanço da situação do incêndio, perto das 10:00.

Durante a manhã, os meios aéreos estiveram impossibilitados de atuar, devido ao intenso fumo originado pelo incêndio, mas prevê-se que comecem a atuar logo que o fumo se dissipe, disse na ocasião o segundo comandante operacional distrital, Abel Gomes.

A falta de visibilidade também dificultou a avaliação das áreas afetadas pelo fogo por parte das autoridades, que ao início da manhã realizaram um voo de reconhecimento sobre a serra de Monchique.

Situação nas termas gera “grande preocupação”

A situação do incêndio da serra de Monchique na zona das termas é de “grande preocupação”, disse à Lusa o presidente do município de Monchique, Rui André.

Pouco depois das 18:00, o autarca referiu que, na área das termas, há hotéis em risco e que uma frente do fogo está a aproximar-se de uma quinta pedagógica do concelho vizinho de Silves.

Sobre as casas afetadas pelo incêndio rural, que deflagrou na sexta-feira, Rui André não deu pormenores sobre o número de imóveis ou a sua utilização, referindo que o balanço não está finalizado.

O autarca espera que os meios aéreos possam ajudar a reforçar o combate.

Notícia atualizada às 17h59 com mais informação.

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