The Economist elogia reformas em Angola mas “não chega”

  • Lusa
  • 4 Maio 2018

A revista britânica especializada debruça-se sobre Angola, um país que "precisa de começar de novo", mas que pode ter essa oportunidade com a presidência de João Lourenço.

A revista The Economist dedica, na edição desta sexta-feira, dois artigos a Angola, defendendo que há sinais encorajadores de reformas do novo Governo, mas acrescentando que é preciso fazer mais para acabar com a perceção de corrupção.

“Alguns sinais prematuros são encorajadores; para além de afastar o clã de dos Santos, o novo Presidente forçou uma lei para tornar os investimentos mais fáceis e pediu ao Fundo Monetário Internacional ajuda para estabilizar a economia, mas isto não é suficiente“, lê-se no artigo de opinião que aparece nos editoriais das páginas iniciais da conhecida revista britânica.

Mais à frente, no mesmo artigo que começa com a frase “se algum país precisa de começar de novo, é Angola; é mais corrupta que a Nigéria e a mortalidade infantil é maior que no Afeganistão”, os autores escrevem que “como o maior problema de Angola é a corrupção, a tarefa mais urgente é a promoção da transparência e da responsabilização”.

Os autores defendem que “um bom começo seria a autorização para uma auditoria independente à dívida, sobre como foi criada e para onde foi o dinheiro” e argumentam que, para além de haver membros do partido no poder que a defendem, “aqueles que levantam objeções são, na sua maioria, pessoas que têm alguma coisa a esconder”.

Infelizmente, acrescenta-se num dos editoriais da revista, “estes são uma constituência poderosa em Angola”, pelo que permanece ainda por ver “se João Lourenço tem a vontade e os meios para os derrotar”.

No artigo com o título ‘Está o novo Presidente de Angola a falar a sério sobre reformas?’, os analistas da Economist elogiam as reformas lançadas por João Lourenço e o afastamento dos filhos do seu antecessor Isabel dos Santos, da Sonangol, e de Filomeno dos Santos, da liderança do fundo soberano, considerando que “isso nunca teria acontecido no regime do pai”.

A questão, pormenorizam, é saber o que Angola fez com os 640 mil milhões de dólares que terá recebido em receitas petrolíferas desde 2002, ano em que terminou a guerra civil.

“Angola teve a chance de colher um enorme dividendo da paz e reconstruir as cidades bombardeadas, mas essa hipótese não foi completamente desperdiçada – Angola tem mais estradas e barragens e arranha-céus que antes, e o seu povo está um pouco menos pobre, mas os principais benefícios do petróleo fluíram para uma pequena elite”, editorializa a Economist.

Para esta revista britânica, “a promessa de João Lourenço de acabar com a corrupção mesmo entre os mais poderosos, acrescentando que ‘a lei é para toda a gente'”, só pode ser cumprida e Angola “só pode escapar da longa e negra sombra do seu antecessor se João Lourenço quiser dizer mesmo isso”.

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