FMI: “Portugal é o exemplo de um país onde a crise originou uma boa resposta”

  • Lusa
  • 20 Abril 2018

Para Paul Thomsen, diretor europeu do FMI, Portugal foi exemplar nas reformas que permitem crescimento atual.

O diretor do departamento europeu do Fundo Monetário Internacional (FMI) elogiou Portugal pelo cumprimento das metas e considerou que o país é um exemplo por ter feito as reformas necessárias a tempo de aproveitar a recuperação económica europeia.

Portugal é o exemplo de um país onde a crise [de 2008 e 2009] originou uma boa resposta, incluindo em reformas estruturais, e colocou o país numa posição de aproveitar a forte recuperação económica na Europa e ter um bom crescimento económico”, disse Paul Thomsen na conferência de imprensa que decorreu esta tarde, no âmbito dos Encontros da Primavera, em Washington.

Respondendo a uma pergunta da Lusa sobre as previsões do Fundo para o crescimento económico português neste e nos próximos anos, o antigo responsável da missão do FMI em Portugal durante alguns dos anos de intervenção da troika elogiou o país pelos indicadores apresentados.

"Portugal é o exemplo de um país onde a crise [de 2008 e 2009] originou uma boa resposta, incluindo em reformas estruturais, e colocou o país numa posição de aproveitar a forte recuperação económica na Europa e ter um bom crescimento económico.”

Paul Thomsen

Diretor do departamento europeu do FMI

“Portugal fez muito bem, [os bons indicadores] atestam a implementação com sucesso do programa que tiveram, e atestam também da determinação do novo Governo em continuar com o programa e também em continuar com a consolidação orçamental”, disse Thomsen.

Sobre os desafios ou riscos que o país tem pela frente, o diretor do departamento europeu do FMI elencou a dívida pública e privada e o setor financeiro.

“Portugal cumpriu as metas e também fez importantes progressos no sistema bancário; o país tem um problema de alta dívida no setor público, mas também no setor privado, e altos níveis de crédito malparado no sistema bancário”, vincou o responsável, destacando os “progressos na recapitalização dos bancos” e recomendando que o país “precisa, claramente, de continuar com as reformas e continuar a lidar com estes problemas no setor bancário”.

Na terça-feira, o FMI mostrou-se ligeiramente mais otimista para 2018, esperando mais crescimento económico (2,4%) e menos desemprego (taxa de 7,3%) do que o Governo. No Programa de Estabilidade, o executivo antecipa um crescimento económico de 2,3% este ano e uma taxa de desemprego de 7,6%.

"Portugal cumpriu as metas e também fez importantes progressos no sistema bancário; o país tem um problema de alta dívida no setor público, mas também no setor privado, e altos níveis de crédito malparado no sistema bancário.”

Paul Thomsen

Diretor do departamento europeu do FMI

As estimativas orçamentais do FMI até 2023 são menos otimistas do que as do executivo liderado por António Costa.

No Programa de Estabilidade, o Governo compromete-se com um défice orçamental próximo de zero (0,2% do PIB) já em 2019, último ano de legislatura e ano de eleições europeias e legislativas. A partir daí, são esperados excedentes orçamentais que crescem todos os anos: 0,7% do PIB em 2020, 1,4% em 2021 e 1,3% em 2022.

No entanto, o FMI – que tem como base um cenário de políticas invariantes para os próximos anos – não só não acredita em excedentes orçamentais até 2023, como considera que até esse ano o défice continuará mais perto de 1% do que de zero.

No ‘Fiscal Monitor’, o Fundo estima que Portugal tenha um défice orçamental de 0,9% em 2019, de 0,8% em 2020, de 0,7% em 2021 e de 0,6% em 2022 e em 2023.

O saldo primário, que exclui os encargos com a dívida pública, vai manter-se acima dos 2% neste período de previsões, segundo o FMI: 2,3% em 2018 e em 2019, 2,2% em 2020 e em 2021 e 2,1% em 2022 e 2023.

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