Facebook: Três dicas para evitar que os seus dados pessoais caiam nas mãos erradas

Dados pessoais de 50 milhões de utilizadores no Facebook terão sido usados para ajudar a pôr Donald Trump na Casa Branca. Saiba como evitar que terceiros tenham acesso às suas informações no Facebook.

O Facebook atravessa uma crise a nível mundial.Pixabay

O Facebook está debaixo de fogo, depois de uma investigação jornalística que revelou que dados pessoais de 50 milhões de utilizadores terão sido usados por uma empresa privada, a Cambridge Analytica, para ajudar a pôr Donald Trump na Casa Branca. Não se tratou de uma fuga de informação provocada por hackers, mas sim uma recolha indevida destes dados por terceiros, para uma finalidade que não era autorizada.

Por isso, a pergunta que se impõe agora é: como proteger os nossos dados na rede social? O ECO dá-lhe algumas dicas.

Não brinque com os seus dados: evite jogos e testes de origens desconhecidas

Se ainda mantém confiança no Facebook — há uma campanha a incentivar as pessoas a apagarem as suas contas –, convém perceber como é que a Cambridge Analytica conseguiu juntar os dados pessoais de tanta gente sem invadir os servidores da rede social. O Facebook permite a privados que desenvolvam e corram aplicações diretamente na plataforma. Esses aplicativos traduzem-se em jogos (lembra-se do FarmVille?) ou outras brincadeiras, como aquele aplicativo que lhe diz qual o seu amigo que mais gosta de si, ou quem é que visitou o seu perfil mais vezes.

A primeira recomendação é: evite estes testes a todo o custo. Recorda-se daquele aplicativo que lhe permite ver como fica a sua cara num corpo do sexo oposto? Esqueça. Estas brincadeiras, apesar de parecerem inócuas, acarretam um risco significativo para os seus dados pessoais. Quando acede às mesmas, está muitas vezes a autorizar empresas desconhecidas e de caráter duvidoso a terem acesso e guardarem os seus dados pessoais. Muitas vezes, permite-lhes mesmo que publiquem mensagens em seu nome.

Da próxima vez que aceder a um jogo no Facebook ou outro aplicativo de origem desconhecida, tome atenção ao tipo de informação que está a entregar a desconhecidos. Muitas destas empresas reservam mesmo o direito de vender os seus dados pessoais para várias finalidades — quase sempre, a da segmentação de campanhas publicitárias.

Bloqueie aplicações com acesso ao seu Facebook

Esta dica surge na sequência da anterior: é possível ver que aplicações podem aceder ao seu Facebook e bloquear esse mesmo acesso. Vejamos: provavelmente nunca entregaria a sua password a um estranho. Então, porque permite a empresas desconhecidas terem acesso contínuo à sua informação pessoal?

É fácil ver e bloquear esses acessos (embora isso não garanta que a entidade que recolheu os dados os vá apagar, como aconteceu no caso recente da Cambridge Analytica). Ora, para tal, aceda ao seu Facebook através do computador e clique na seta invertida que surge no canto superior do ecrã. De seguida, entre nas “Definições” e clique em “Apps”.

Logo aí, o Facebook dá-lhe uma ideia: “No Facebook, o teu nome, foto de perfil, foto de capa, género, redes, nome de utilizador e identificação de utilizador estão sempre publicamente disponíveis para pessoas e aplicações. As apps também têm acesso à tua lista de amigos e a qualquer informação que decidas tornar pública.” O problema é que “qualquer informação” que um utilizador “decida” tornar pública é um conceito muito relativo: várias vezes damos informação sensível sem termos a clara noção do que estamos a fazer.

Nesta aba das “Apps” estão todas as aplicações de terceiros que, em algum momento, obtiveram o seu consentimento para terem acesso aos seus dados. Clique em “Mostrar Todas” para ter a verdadeira dimensão do manancial de empresas com acesso aos seus dados. O próximo passo é identificar aquelas que não conhece: passe com o cursor sobre elas e clique em “Editar Definições” para saber a que tipo de dados seus é que essa empresa pode aceder. Tem ainda um botão de “Remover” para revogar a permissão que deu a essa mesma aplicação.

Partilhe só o estritamente essencial

O Facebook é um negócio. Em troca do serviço, vende a sua “atenção” a anunciantes e tenta segmentar esses anunciantes com base nos seus gostos. Ora, o Facebook não é plenamente capaz de adivinhar o que são os seus interesses. Os algoritmos podem encontrar padrões e fazer inferências, sim, mas isso só acontece porque já têm acesso a um conjunto vasto de informação sobre si.

E que informação é essa? Para além dos dados pessoais (nome, data de nascimento, sítio onde vive e por aí em diante), tem acesso a todo o tipo de conteúdos em que o leitor, enquanto utilizador, deu “gosto”. Noutras publicações, talvez tenha demonstrado uma “reação”, como a “Ira”. Importa ter noção de que todos estes dados são usados pela rede social para lhe mostrar mais e mais daquilo que lhe pode vir a interessar. Mas também são usados para lhe mostrar publicidade com mais eficácia e, em último caso, levá-lo a fazer algo, como adquirir um produto (ou votar num certo candidato ou candidata nas próximas eleições). Percebe a dimensão do problema?

Por isso, a dica final é que reflita em que tipo de informação deve ou não partilhar nas redes sociais. Vale a pena indicar a sua morada completa? Ou associar a sua conta à de outros familiares? Esta ou aquela publicação merecem mesmo um “gosto”? Pense nas vantagens e desvantagens de cada ação que faz no Facebook. Perceba que, se dá todos os seus dados ao Facebook, torna-se um livro aberto para os algoritmos pouco transparentes destas redes sociais. E a verdade é que somos todos bem mais manipuláveis do que o que acreditamos ser.

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