Medo disparou em Wall Street. Afinal, o que se passou hoje nos mercados?

Segunda-feira negra nas bolsas. Da Ásia à Europa, passando também pelos EUA, investidores estão ainda a tentar perceber se a correção nos mercados foi normal após rally nos últimos meses.

Os nervos continuam à flor da pele nos mercados acionistas em todo o mundo. Depois da maré negra na Europa, do outro lado do Atlântico acentuou-se a aversão ao risco em Wall Street, onde a pressão vendedora provocou um mini-crash no índice industrial Dow Jones, que chegou a tombar mais de 6%. O índice do medo disparou mais de 100%.

O índice Dow Jones fechou o dia a cair 4,6% para 24.345,96 pontos. Aligeirou as perdas depois de ter chegado a derrapar 6,25% quando tocou um mínimo intradiário nos 23.923,88 pontos. Os outros dois índices de referência americanos também cederam à vertigem: o S&P 500 caiu 3,64% e o tecnológico Nasdaq recuou 3,78%. Já o índice que mede a volatilidade de Wall Street, o Vix, disparou mais de 100% para o valor mais alto desde 2015.

Por cá, o PSI-20, que reúne as principais cotadas portugueses, perdeu 1.300 milhões de euros naquela que foi a pior sessão em mais de um ano. As bolsas europeias não fizeram muito melhor. É possível que os mercados voltem a abrir sob pressão esta terça-feira. Mas o que é que se passa?

De acordo com os analistas, poderemos estar perante uma correção (expectável) nos mercados acionistas, isto depois de meses e meses de subidas. Só em janeiro, o benchmark nacional ganhou mais de 7%, acima valorização de 15% que registou ao longo do ano passado. A bolsa de Lisboa acompanhou um pouco os movimentos dos seus pares internacionais, que agora também são alvo de mais-valias da parte dos investidores.

“Down” Jones afunda 4% numa só sessão

Fonte: Reuters

Há, no entanto, outro fator que está a limitar o apetite dos investidores pelo risco. Foi na sexta-feira que nos EUA foram divulgados dados económicos bastantes positivos, como dos salários, e que deixaram o mercado cada vez mais certo de que a Reserva Federal norte-americana (Fed) vai agravar o preço do dinheiro ao longo do ano mais do que o esperado. Sim, a economia dá às empresas, mas também tira. E é sobretudo para a parte do tira que os investidores estão a olhar neste momento: a Fed vai subir os juros e, como consequência, vai aumentar os encargos das empresas com a dívida.

“Penso que o sentimento era demasiado otimista anteriormente”, refere Brad McMillan, chefe de investimento da Commonwealth Financial Network. “O que foi aquela aceleração em janeiro? Não foram os fundamentais, por melhores que fossem, a impulsionar as bolsas. Foi uma confiança excessiva”, disse ainda.

No mercado cambial, o euro perdia força contra o dólar: recua 0,5% para 1,2405 dólares.

Do mercado das commodities vinha outro sinal de que os investidores estão um pouco desconfortáveis em assumir maiores riscos. O ouro, considerado um ativo de refúgio em tempos de maior turbulência, soma 0,41% para 1.338,27 dólares por onça.

Trump reage à queda: está focado nos fundamentais da economia

A Casa Branca reagiu à forte queda bolsista em Wall Street, assegurando que o Presidente norte-americano, Donald Trump, está mais preocupado com os “fundamentais” da economia dos EUA, que continuam a ser “excecionalmente fortes”. “O Presidente está concentrado nos nossos fundamentais económicos a longo prazo, que continuam excecionalmente fortes, com o reforço do crescimento económico, uma taxa de desemprego historicamente baixa e salários em alta para os trabalhadores norte-americanos”, afirmou Sarah Sanders, porta-voz da Casa Branca.

(Notícia atualizada às 23h20)

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