CNIS: Autoeuropa devia garantir, primeiro, que “um dos pais pode sempre ficar com a criança”

  • Margarida Peixoto
  • 24 Janeiro 2018

João Dias, presidente-adjunto da CNIS, sublinha que os horários alargados das creches devem ser uma solução "a evitar a todo o custo".

O padre Lino Maia é o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS).Miguel A. Lopes / Lusa

No caso da Autoeuropa, “o que se devia fazer era a empresa garantir que um dos pais tem a possibilidade de ficar com a criança”, defende João Dias, presidente adjunto da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS). A hipótese de apoiar o alargamento do horário das creches só deve ser considerada como solução de último recurso, defende, em declarações ao ECO.

A possibilidade de apoio ao alargamento de horários das creches com acordos de cooperação com a Segurança Social surgiu na sequência do caso da Autoeuropa. Perante a dificuldade em chegar a um entendimento com a administração da empresa sobre os novos horários por turnos — e o trabalho aos sábados — a comissão de trabalhadores pediu a intervenção do Governo para tentar encontrar soluções. Os recursos humanos agendaram para esta quarta-feira uma reunião com os serviços técnicos do centro distrital de Setúbal da Segurança Social, para estudar o assunto.

[No caso da Autoeuropa], o que se devia fazer era a empresa garantir que um dos pais tem a possibilidade de ficar com a criança.

João Dias

Presidente adjunto da CNIS

Uma das hipóteses que está em estudo é a Segurança Social apoiar o alargamento dos horários das creches, para que estas possam dar resposta às necessidades das famílias. Esta terça-feira, fonte oficial do Ministério do Trabalho disse à lusa que já tinham sido identificadas vagas em IPSS que poderiam vir a responder às necessidades dos trabalhadores da Autoeuropa.

Segundo dados da Segurança Social referentes a dezembro de 2017, foram assegurados 111 novos complementos de horários de creche só em 2017 — no total há 953 creches apoiadas. Confrontado pelo ECO, e pela reduzida dimensão do número de apoios concedidos, João Dias, da CNIS, argumenta que este é daquele tipo de apoios que “quanto menos necessário, melhor”. “Devemos evitar a todo o custo que as crianças passem o dia todo na creche”, defende.

O mecanismo de apoio não é novo — “existe desde pelo menos 2009, há pelo país, fora, por exemplo em creches acopladas a hospitais”, assegura João Dias — mas é pouco usado pelas instituições. “Antes de alargar o horário, as IPSS tentam ajudar as famílias a encontrar uma relação de trabalho em que pelo menos um dos pais possa ficar com a criança”, garante, reforçando que os casos de apoio ao alargamento “devem ir à dimensão do inevitável”. É por isso que, no caso da Autoeuropa o responsável defende que a medida só deve ser aplicada “se não for possível garantir” que um dos pais pode ficar com a criança.

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