Sete notícias tecnológicas que marcaram o ano louco de 2017

O ECO selecionou sete notícias ligadas à tecnologia que marcaram o ano bipolar de 2017. Recorde-as descubra o que mudou desde que foram publicadas.

Em traços gerais, 2017 foi um ano bipolar: muitas notícias boas, muitas notícias más. Um sentimento que também transpareceu no setor tecnológico. Surgiram inúmeras novidades, novas possibilidades para quem se move no mundo digital. Mas o ano também ficou marcado por acontecimentos negativos. Neste fim de ano, o ECO reuniu sete notícias tecnológicas que marcaram os últimos 12 meses. Recorde-as e saiba o que mudou desde então.

Lei dos drones entrou em vigor

Com a proliferação dos drones, equipamentos voadores comandados à distância, o Governo sentiu a necessidade de regulamentar esta atividade. Sobretudo depois de surgirem casos de aparelhos deste tipo a interferirem com a aviação comercial, um fenómeno que só veio aumentar durante o ano, principalmente no período das férias do verão. Após consulta pública, a ANAC, o regulador da aviação civil em Portugal, apresentou as linhas gerais das regras dos drones ainda em dezembro de 2016.

Mas foi a 13 de janeiro de 2017 que a nova legislação entrou efetivamente em vigor. A partir deste dia, os operadores destes equipamentos passaram a ter de pedir uma autorização especial para voarem durante a noite, havendo ainda um limite máximo de 120 metros de altitude para a generalidade dos voos em linha de vista. A ANAC acabou por implementar também zonas do país onde o limite é mais reduzido, como nas redondezas dos aeroportos, e a proibir os voos noutras zonas, como em espaços militares.

A lei dos drones, como ficou conhecida, veio ainda distinguir os drones comerciais dos outros de menores dimensões, considerados brinquedos — e mesmo sendo brinquedos (todos os drones com um peso máximo operacional de até 250 gramas), passaram a ter regras apertadas e a poderem voar até ao máximo de 30 metros.

Na altura, o regulador não quis avançar com o registo obrigatório destes aparelhos, uma medida que o Governo veio pôr em cima da mesa mais tarde, no decorrer do ano. Até porque, entre 13 de janeiro e 26 de junho, a ANAC registou 13 ocorrências de drones a interferirem com voos comerciais. Numa das mais graves, um drone terá sido avistado a 1.830 metros de altitude em espaço aéreo nacional.

Operar drones em Portugal passou a ter regras este ano.Pixabay

Apple levou Portugal ao lançamento do novo iPhone

Como é habitual todos os anos, a Apple atualizou a gama do iPhone no outono. Mas este ano também não foi normal para a marca da maçã. Não só porque o produto celebrou uma década no mercado, mas porque a companhia preparou um modelo especial para a ocasião: o iPhone X, a par com o iPhone 8 e 8 Plus.

A apresentação, a 12 de setembro, serviu ainda para mostrar ao mundo o Apple Park, o novo campus da Apple, que custou cerca de cinco mil milhões de dólares à empresa. Para tal, Tim Cook abriu pela primeira vez as portas do novíssimo Steve Jobs Theater, um auditório com espaço para 1.000 lugares sentados, onde a Apple passará, doravante, a realizar os eventos mais especiais.

Contudo, o evento deste ano teve um gostinho especial para os fãs portugueses da marca. Para mostrar a qualidade das novas câmaras fotográficas do iPhone, a Apple voltou-se para Lisboa. Trouxe Lisboa para o palco. Deu-lhe destaque. E mostrou fotografias da Ponte 25 de Abril e do Bairro Alto aos muitos milhões de pessoas que acompanhavam o acontecimento não só em São Francisco como através da internet, nos quatro cantos do mundo. Ninguém estava à espera.

Desde então, o iPhone X chegou ao mercado e tem sido relativamente bem recebido pela critica especializada. Mantêm-se as dúvidas quanto à capacidade de a Apple corresponder a produção ao nível de procura que a versão premium do novo iPhone está a ter. Até porque ainda nem tinha chegado ao mercado e já havia registo de problemas com as pré-encomendas. Entretanto, essa procura estará a arrefecer.

“Esta não é a Golden Gate, é a Ponte 25 de Abril, em Lisboa”, disse um dos altos responsáveis da Apple no palco.Apple

WannaCry pôs a cibersegurança no mapa

A 12 de maio, em pleno arranque da visita do Papa Francisco a Portugal para o centenário das aparições em Fátima, o país esteve na mira de um poderoso ataque informático de ransomware que resultou em prejuízos para pessoas e empresas em todo o mundo. A PT foi uma das empresas nacionais afetadas por este vírus, chamado WannaCry, que sequestrava os dados dos computadores e pedia um resgate de 300 dólares em Bitcoin para devolver o acesso aos proprietários.

Numa mensagem aos trabalhadores, a que o ECO teve acesso na altura, a PT escrevia: “Foi detetado um ataque informático a nível internacional, com impacto em vários países, nomeadamente Portugal, afetando diferentes empresas. Por questões de segurança, faça power-off ao seu PC Windows e desligue-o da rede. Aguarde novas orientações.” Outras grandes empresas e serviços públicos terão sido afetados naquela sexta-feira que ficou na memória de muita gente.

O ataque prolongar-se-ia no sábado, levantando preocupações de que pudesse propagar-se ainda mais pelas administrações públicas do Estado na segunda-feira seguinte, uma vez que, a 12 de maio, sexta-feira, o Governo deu tolerância de ponto ao setor público no âmbito da visita do papa. Na segunda-feira, 15 de maio, o país manteve-se em alerta, mas nada aconteceu.

Ao ataque do WannaCry, que se suspeita ter tido origem na Coreia do Norte, veio a seguir-se outro ataque de dimensões significativas a 27 de junho, ao qual o ECO também deu cobertura minuto a minuto. Os números impressionam: num relatório da empresa de segurança informática Trend Micro, os prejuízos económicos e financeiros com o WannaCry terão chegado aos quatro mil milhões de dólares. O incidente veio pôr a cibersegurança no centro da agenda empresarial e mediática como um dos grandes riscos da transformação digital. E o dia ficou marcado na História.

A mensagem dos hackers, pedindo o resgate dos dados em Bitcoin.Wikimedia Commons

Lisboa conquistou centro europeu da Uber

Em 2017, a Uber manteve-se uma das empresas mais polémicas e disruptivas da economia social. O ano até pode não ter corrido especialmente bem para a companhia de São Francisco: envolveu-se numa sucessão de escândalos nos Estados Unidos, trocou de presidente executivo e acabou o ano a vender uma grande fatia do capital ao grupo japonês SoftBank com 30% de desconto. Foi como se tivesse caído um piano em cima do valor da Uber: dos 69 mil milhões que valia em julho de 2016, passou a valer 48 mil milhões no final do ano.

Em Portugal, a empresa vê-se a braços com um processo da associação de taxistas Antral e de um processo de averiguações da Comissão Nacional de Proteção de Dados, devido ao ataque informático que pôs em risco dados de clientes e motoristas da Uber em todo o mundo, escondido pela empresa durante mais de um ano.

Mas nem tudo são más notícias. A Uber escolheu Lisboa para receber o seu novo centro operacional e de suporte. Os primeiros rumores surgiram no início de setembro e a confirmação chegou no final de outubro: o Centro de Excelência da Uber para a Europa vem mesmo para Portugal. Foi uma das notícias que marcaram um ano em que Lisboa se afirmou como um hub tecnológico na Europa, sobretudo depois da realização de mais uma edição do Web Summit, uma das principais conferência de tecnologia, empreendedorismo e inovação, em novembro.

Entretanto, Rui Bento, diretor-geral da Uber para Portugal e Espanha, explicou as razões da escolha de Lisboa para acolher este centro que deverá criar 250 empregos diretos até 2018: “Portugal é um mercado em rápido crescimento para a Uber e Lisboa é cada vez mais um centro para a nossa empresa no sul da Europa.” Entretanto, a empresa já está à procura de talento no país.

Centro operacional e de suporte da Uber para a Europa vem para Portugal.Elliott Brown/Flickr

O mítico Nokia 3310 voltou ou mercado

Logo no início do ano, em meados de fevereiro, surgiram os primeiros rumores de que o velhinho Nokia 3310 iria voltar ao mercado. Pouco depois, aconteceu mesmo: a fabricante finlandesa HMD, que tem os direitos da Nokia — outrora uma empresa de peso no segmento dos telemóveis –, apresentou o novo Nokia 3310 em Barcelona, numa conferência onde o ECO também esteve presente (e que soube a pouco).

No novo Nokia 3310, a HMD instalou um ecrã a cores e maior do que o original, permitindo ainda ter dois cartões SIM em simultâneo no telemóvel. O novo 3310 passou a ter também um browser para aceder à internet e manteve o original jogo Snake, embora com gráficos ligeiramente melhorados. O preço? 49 euros, que se tornaram 64,99 euros quando o aparelho chegou finalmente a Portugal já em maio.

A manobra de marketing valeu imensa exposição à empresa, mas roubou protagonismo aos novos smartphones que a Nokia pôs no mercado. Desde então, pouco se ouviu falar mais acerca do telemóvel. Mas a euforia que se gerou em torno do regresso do telemóvel com o jogo da cobra foi tal que justifica esta ter sido uma das notícias tecnológicas que mais marcaram 2017 no segmento da eletrónica de consumo.

O novo Nokia 3310 chegou ao mercado este ano.Flávio Nunes/ECO

Febre das criptomoedas fez esgotar as picaretas

Se o mundo das criptomoedas e da Bitcoin ainda lhe passa completamente ao lado, talvez queira consultar primeiro o breve glossário que preparámos. Em linhas gerais, as divisas digitais assentam numa tecnologia que permite garantir que a oferta se mantém limitada, enquanto as transações são processadas por uma rede descentralizada de computadores. Quem tem sistemas dedicados a estas tarefas, é automaticamente remunerado com Bitcoin ou outra criptomoeda num processo a que se chama de mineração.

O ano de 2017 foi, sem dúvida, o ano das criptomoedas. A principal, a Bitcoin, valorizou dos 900 dólares no início do ano até muito perto dos 20.000 dólares já em dezembro. Mas não foi a única: o Ethereum, visto como uma das principais alternativas, também registou fortes ganhos. E embora já não seja rentável pôr o computador lá de casa a minerar Bitcoin (aqui explicamos porquê), ainda há quem se dedique a minerar Ethereum.

O boom generalizado também chegou a Portugal: esgotaram as placas gráficas tidas como ideais para este tipo de tarefa — isto é, como se fossem as melhores “picaretas” para minerar Ethereum. “Tivemos de restringir as compras a duas unidades por pessoa, porque havia clientes a querer comprar vinte ou trinta de uma vez. Mais houvesse e eram vendidas”, informou a loja de informática PcDiga ao ECO.

Computadores próprios são ligados para minerar moedas digitais, como o Ethereum.Pixabay

Multibanco lançou levantamentos sem cartão

A funcionalidade ainda nem tinha sido anunciada oficialmente quando o ECO lançou um vídeo que revelou que a rede Multibanco já aceitava levantamentos sem cartão. Tratava-se de uma nova opção na aplicação MB Way, da Sibs, que só viria a ser apresentada dias mais tarde. De qualquer forma, os levantamentos em ATM com recurso apenas ao telemóvel colocaram Portugal ao lado de países como os Estados Unidos, onde este método já é aceite em algumas redes.

Foi a 17 de abril que a função passou a estar disponível na aplicação MB Way, através de uma discreta atualização na Play Store ou App Store. Nesse dia, saímos à rua e publicámos o vídeo que acabou por se tornar viral: como levantar dinheiro no Multibanco, sem cartão e só com o telemóvel na mão. Não o viu? Está aqui.

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