Da dança do urso à deusa do mar: como o mundo festeja a chegada de 2018

  • ECO
  • 29 Dezembro 2017

O que vai fazer na passagem do ano? Há quem parta pratos, se vista de urso, mergulhe em águas geladas ou homenageie a Deusa do Mar. As tradições são muitas; o ECO reuniu as mais curiosas.

Com loiça partida, flores no mar ou mergulhos gelados, não há duas celebrações iguais. Do Brasil ao Japão, passando pela Dinamarca e pela Roménia, cada país acolhe o Ano Novo com rituais diferenciados e cheios de significado.

Nem todos recebem o ano de 2018 da mesma forma.Pixabay

No Brasil, entregam-se ao mar flores, barcos e pequenos presentes. “Mandam-se oferendas e a deusa abençoa-nos para o ano novo”, conta ao ECO uma mineira. Na Roménia, recriam-se histórias de ursos e ciganos. “As pessoas continuam a fazê-lo, apesar de ser uma dança muito antiga”, explica uma jovem do país, em conversa com o ECO. Na Escócia, brinca-se com o fogo… tradição que é também espelhada no norte português: “É o fogo da purificação”, esclarece uma representante do Ponto de Turismo de Bragança. No Japão, as badaladas não são 12 mas 108 e na Sibéria colocam-se árvores sob a superfície gelada. Já no norte da Europa, a popularidade é medida em cacos.

Para que conheça alguns dos muitos rituais que assinalam, em todo o mundo, a chegada de mais 12 meses, o ECO reuniu-os numa lista repleta de curiosidades.

  • Brasil

Na praia, vestidos de branco e prontos para atirar flores, velas ou pequenos barcos ao mar. É assim que os brasileiros escolhem dar as boas-vindas ao novo ano.

Brasileiros vestem-se de branco e escolher a praia para a passagem de ano.VIRYA Photography / Facebook

Segundo explicou ao ECO a mineira Luísa Renó, existem duas religiões de origem africana ligadas a estas celebrações: o candomblé e a umbanda. “Cada uma tem os seus deuses, que são chamados de orixás”, esclarece. É em homenagem a essas entidades que os brasileiros se vestem de branco (que simboliza paz), nesta ocasião, e é em honra da Deusa do Mar — conhecida como Iemanjá — que entregam ao mar várias oferendas. “Gosta de flores, barcos e pequenos presentes como perfumes e espelhos. É muito vaidosa. Mandam-se oferendas e a deusa abençoa-nos para o ano novo”, sublinha a brasileira.

Além destes rituais religiosos, há também os “trabalhos na areia” com velas, bebidas e animais chamados de macumbas. “São ofertas para outros orixás”, acrescenta Luísa.

  • Escócia

‘Hogmanay’ é a palavra escocesa para o último dia do ano e o nome do festival que celebra a chegada dos 12 meses seguintes. Pouco antes da meia-noite do dia 31 de dezembro, os escoceses dançam com bolas de fogo, que depois depositam no mar.

Escoceses despedem-se do ano com bolas de fogo.Clan Carruthers Society and Genealogy / Facebook

Com mais de um século de existência, o ritual tem origens pré-cristãs e acredita-se ser sinónimo de purificação. Por cá, no nordeste trasmontano, repete-se a celebração. Aí acendem-se fogueiras para celebrar o Ano Novo. “É um ritual pagão ligado ao solístico do inverno. Começa em novembro, acaba no carnaval e tem o seu período mais importante de 25 de dezembro a 6 de janeiro”, conta ao ECO Anabela Pereira, do Ponto de Turismo da Câmara Municipal de Bragança.

Segundo Anabela, o fogo representa fertilidade, abundância e fecundidade. “É o fogo da purificação e serve para afugentar os maus espíritos do ano anterior”, reforça. O ritual — que no norte português acontece, geralmente, nos adros das igrejas, juntando-se assim o profano ao religioso — varia de aldeia para aldeia, de país para país, mas mantém a sua essência.

  • Roménia

Vestidos de ursos ou ciganos, os romenos festejam o fim de um ano e o início do outro com um ritual pagão que pretende afastar os “maus espíritos”.

Durante a “dança do urso”, os romenos disfarçados de ciganos acorrentam os romenos que se fazem passar pelos ursos típicos das florestas desse país para representar a morte do ano que se vai e o nascimento do novo. “As pessoas continuam a fazê-lo, apesar de ser uma dança muito antiga”, comenta a romena Stefania Matache, em conversa com o ECO. “Este ritual é próprio de uma parte específica do país”, acrescenta a jovem. É, de facto, particularmente na região da Moldávia que se assim celebra a chegada de mais 12 meses.

  • Sibéria

Com um mergulho polar, os siberianos dizem ‘olá’ ao novo ano. Os mais corajosos mergulham nas águas frias da Sibéria e colocam uma árvore do Ano Novo ou yolka sob a superfície gelada.

Colocar uma árvore do Ano Novo nas águas geladas é uma tradição da Sibéria.

Depois de saltarem, os mergulhadores partilham um brinde e dançam à volta da árvore, antes de voltarem à superfície. Este ritual reflete os novos começos trazidos pelos 12 meses que se adivinham.

  • Dinamarca

Na Dinamarca, partir vidros, porcelana ou cerâmica é sinal de boa sorte. Por isso, na despedida do ano velho, partem-se loiças (já danificadas previamente ou até nunca antes usadas) para entrar em janeiro com um estrondo.

Na Dinamarca, partir um prato é sinal de boa sorte.Pixabay

Os pratos são arremessados contra os degraus da casa dos amigos para lhes trazer boa sorte, no ano que chega. A acumulação de fragmentos de porcelana acaba, deste modo, por constituir uma medida de popularidade. Os dinamarqueses dizem mesmo sentir conforto ao varrer os estilhaços.

  • Japão

Cento e oito. É esse o número de vezes que os japoneses tocam o sino para assinalar a chegada do novo ano. A tradição está ligada ao budismo e representa a expurgação dos desejos mundanos e dos pecados.

O ritual designado de Joya no kane toma lugar, geralmente, nos templos budistas à meia-noite do dia 31 de dezembro: são 107 badaladas no ano que acaba e uma no ano que começa. Os japoneses acreditam que, deste modo, se conseguem livrar dos pecados dos 12 meses que se encerram. Além disso, trabalhar no primeiro dia do ano é considerado sinónimo de má sorte.

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