Dívida externa líquida baixa para 92,3% em Setembro

Apesar do aumento em termos nominais de 500 milhões de euros, no final de setembro, a dívida externa líquida em percentagem do PIB caiu para 92,3% face aos 94,5% registados no final de 2016.

A dívida externa líquida de Portugal caiu para 92,3% do PIB, no final de setembro, o que representa uma descida de 2,2 pontos percentuais face ao final de 2016, revela o Banco de Portugal. Uma melhoria de desempenho que reflete a melhoria da economia. No entanto, em termos nominais até houve um agravamento, com a subida da dívida em 500 milhões de euros.

Este agravamento, segundo o Banco de Portugal, resulta da “valorização da dívida pública portuguesa”, mas, em percentagem do PIB, há uma melhoria na sequência do aumento do PIB, que “mais do que compensou o aumento nominal da dívida”, revela o documento publicado esta terça-feira.

“A dívida externa líquida de Portugal, que resulta da Posição de Investimento Internacional excluindo, fundamentalmente, os instrumentos de capital, ouro em barra e derivados financeiros, atingiu, no final de setembro, 175,6 mil milhões de euros”, revela uma nota enviada à imprensa pelo banco central.

Essa mesma nota esclarece ainda que a redução das responsabilidades líquidas face ao exterior, ou seja, a Posição de Investimento Internacional (PII), foi de 0,5 pontos percentuais em relação ao final de 2016. “No final de setembro de 2017, a PII de Portugal situou-se em -200,3 mil milhões de euros, ou seja, -105,2% do PIB, o que traduz um decréscimo de 0,5 pontos percentuais (p.p.) em relação ao final de 2016 (PII de -193,9 mil milhões de
euros, -104,7% do PIB), pode ler-se no comunicado da instituição dirigida por Carlos Costa.

Dívida externa líquida e posição de investimento internacional (2002 – 3.º T 2017)

Fonte: Banco de Portugal

O Banco de Portugal explica ainda que o decréscimo da PII — a medida mais ampla das responsabilidades externas do país, que inclui todos os ativos e passivos de residentes face ao exterior como dívida, investimento direto, títulos, ações, obrigações ou derivados — se deveu, “em grande medida”, “a variações de preço (de -6,2 mil milhões de euros), nomeadamente à valorização dos títulos de dívida pública e das ações de empresas portuguesas detidas por não residentes, que resultaram num aumento do valor dos passivos emitidos por residentes”. A instituição esclarece ainda que “as variações cambiais contribuíram para a redução da PII (em -1,9 mil milhões de euros), devido, sobretudo, à apreciação do euro face ao dólar”.

Excedente externo reduz face ao ano passado

E se o stock de dívida líquida aumentou em 500 milhões de euros, as contas com o exterior voltaram a registar um excedente nos nove primeiros meses do ano, mas menor do que no período homólogo.

“Nos primeiros nove meses do ano, as balanças corrente e de capital apresentaram um saldo positivo de 1865 milhões de euros, menos 357 milhões de euros do que no mesmo período de 2016. Esta evolução foi determinada pelas balanças de bens, de rendimento primário e de capital”, explica o Banco de Portugal.

Evolução do saldo acumulado das balanças corrente e de capital

Fonte: Banco de Portugal

O banco explica que o “aumento do excedente da balança de serviços, em 1531 milhões de euros, foi insuficiente para compensar o incremento do défice da balança de bens de 1983 milhões de euros”, isto porque as importações aumentaram mais do que as exportações. “Até setembro de 2017, a balança de bens e serviços registou um excedente de 3245 milhões de euros, menos 453 milhões de euros do que no período homólogo. As exportações cresceram 11,5% (10,5% nos bens e 13,4% nos serviços) e as importações aumentaram 13,2% (13,5% nos bens e 11,7% nos serviços)”, explica a nota enviada às redações.

Ao contrário do trimestre anterior, o turismo não deu uma ajuda tão significativa, já que “o excedente aumentou 1,47 mil milhões de euros, fixando-se em 8,31 mil milhões”.

Evolução mensal da balança de serviços e viagens e turismo

Fonte: Banco de Portugal

Mas os reembolsos antecipados que Portugal tem feito ao Fundo Monetário Internacional têm um reflexo no aumento dos ativos líquidos de Portugal sobre o exterior no valor de 2376 milhões de euros. “Este aumento traduziu-se, essencialmente, no investimento em títulos de dívida por parte do setor financeiro e na redução do passivo das administrações públicas, em resultado do reembolso antecipado, ocorrido em meses anteriores, de 5374 milhões de euros ao FMI no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira”, diz o Banco de Portugal.

Decomposição da variação acumulada de ativos líquidos sobre o exterior – setor institucional

Fonte: Banco de Portugal

(Artigo atualizado)

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