Portugal obtém 1.500 milhões de euros com taxas negativas recorde

Portugal garantiu 1.500 milhões de euros em bilhetes do Tesouro a seis e 12 meses. Taxas voltaram a cair para novo recorde negativo.

Portugal foi ao mercado financiar-se em 1.500 milhões de euros e no duplo leilão de bilhetes do Tesouro a seis e 12 meses desta manhã voltou a registar juros negativos recorde.

Foram a leilão duas linhas. Nos títulos a seis meses, onde conseguiu levantar 400 milhões de euros, o IGCP obteve um juro de -0,4%, taxa que compara com os -0,363% registados no anterior leilão. O facto de a procura ter sido robusta ajudou a baixar ainda mais os custos de financiamento, com as manifestações de interesse para comprar estes bilhetes a ficarem três vezes acima da oferta.

Também na linha de bilhetes a 12 meses a procura foi interessante, com o juro a ficar nos -0,349% — no último leilão comparável, a taxa situou-se nos -0,345% — e o montante levantado a ascender a 1.100 milhões de euros.

Leilões de bilhetes têm juros cada vez mais negativos

Fonte: IGCP

Este resultado favorável aos cofres da República já era mais ou menos expectável, na medida em que os juros associados à dívida pública portuguesa continuam a bater mínimos históricos em mercado secundário, refletindo o otimismo dos investidores em relação ao país, num enquadramento externo também ele positivo. Ainda no início da semana, por exemplo, a yield implícita nas obrigações a três anos caiu para terreno negativo.

“Volta a ser justificação o forte apetite pelo risco que se vive nos mercados mundiais, com as yields a dez anos dos periféricos a caírem significativamente”, nota Tiago da Costa Cardoso, gestor da corretora XTB. “É ainda notável verificar que o valor diferencial entre a dívida alemã e a dívida portuguesa a dez anos está perto dos mínimos de 2015, o que revela que a confiança no mercado de dívida português está a normalizar-se a passos largos”, acrescenta.

Na prática, ao conseguir colocar estes títulos de curto prazo com taxas negativas, Portugal consegue convencer os investidores a aceitarem comprar estes títulos de dívida a um preço que é superior ao seu valor na maturidade. Isto é, os investidores não se importam de adquirir estes títulos a um preço mais alto do que aquele que vão receber depois no final da maturidade.

Há várias razões para isto e o facto de a Fitch no próximo mês poder vir a situar o rating português acima da categoria “lixo” reforça esta tendência.

(Notícia atualizada às 11h03)

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