Juros da dívida a dez anos baixam dos 2%

Os juros da dívida portuguesa acentuaram a tendência recente, com a taxa a dez anos a baixar da fasquia psicológica dos 2%. Está de regresso a níveis de 2015.

Os juros da dívida portuguesa estão a deslizar nos mercados internacionais, com a taxa a dez anos a recuar para um nível que não se registava desde os primeiros meses de 2015. A yield baixou do patamar dos 2%, numa altura em que apesar do tiro de partida para o fim das compras por parte do Banco Central Europeu (BCE), Portugal está a ser visto com bons olhos por parte das agências de rating, fruto do crescimento económico que alimenta a expectativa de uma redução da dívida do país.

Há alguns dias que taxa implícita nas obrigações a dez anos estava a negociar ligeiramente acima dos 2%, mas baixou esta terça-feira dessa fasquia psicológica ao cair mais de seis pontos base para os 1,996%. É a primeira vez desde abril de 2015, há cerca de dois anos e meio, que transaciona abaixo dos 2%, refletindo um maior otimismo do mercado em relação ao risco de Portugal.

Fonte: Bloomberg

De resto, os juros portugueses descem em toda a linha. Por exemplo, as obrigações a cinco anos observam uma descida das taxas na ordem dos três pontos base para os 0,685%, o nível mais baixo de sempre, de acordo com os dados da Bloomberg. Entre as principais referências para Portugal, o movimento dos juros também é de alívio, com as taxas alemãs, italianas e espanholas a evidenciarem quedas até cinco pontos base na maturidade a dez anos.

Este bom desempenho acontece na véspera de Portugal testar novamente o mercado com um leilão inédito este ano: pela primeira vez este ano o IGCP realiza uma operação de financiamento exclusiva a dez anos. É esta quarta-feira que o Tesouro português tenta levantar até 1.250 milhões de euros em obrigações que vencem dentro de uma década.

Vários fatores têm contribuído para a queda dos juros, como o bom desempenho da economia e os resultados positivos no défice orçamental que permitiram ao país sair do Procedimento por Défices Excessivos (PDE) na primeira metade do ano. Também há fatores externos como o plano de compras de ativos no setor público do BCE, que em outubro passou a deter mais de 30 mil milhões de euros em dívida do governo português.

Foi neste contexto positivo que a agência de notação financeira Standard & Poor’s deu também um forte contributo para esta descida das taxas nacionais: em setembro retirou Portugal do “lixo” ao melhorar o rating sem primeiro ter subido o outlook para positivo, como é habitual. Foi a primeira das três principais agências a colocar a República num patamar considerado de “investimento de qualidade” desde a crise da dívida que atirou o país para um resgate financeiro em abril de 2011. Entretanto, também a Fitch está em posição para melhorar o rating português em dezembro.

(Notícia atualizada às 11h13)

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