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  • ADVOCATUS + CUSHMAN & WAKEFIELD
  • 5 Novembro 2017

Um inquérito recente revela que 76% dos colaboradores não estão satisfeitos com as condições do seu local de trabalho.

Excluindo o pequeno Estado do Butão que mede o seu desempenho por um conceito que designa como Felicidade Interna Bruta, o resto do mundo, dos Estados às empresas, usa métricas economicistas para avaliar o nível de riqueza gerado.

Olhando à escala planetária e considerando o valor médio desde o início dos anos 80 de 5,6% de PIB, as coisas não parecem assim tão mal, no entanto se analisarmos dados relacionados com o envelhecimento da população que em 2030 constará com 18% de activos com mais de 55 anos, que no Ocidente actualmente mais de metade das pessoas tem peso a mais e que dois terços das mortes é provocada por doenças que poderiam ter sido prevenidas, a fotografia muda um pouco de cor.

Voltando às análises economicistas, os custos de saúde relacionados com stress no trabalho nos EUA ascendem a 300 mil milhões de dólares e na Europa a 650 mil milhões.

Em 2020 espera-se que a depressão seja a segunda causa de morte.

Um inquérito recente revela que 76% dos colaboradores não estão satisfeitos com as condições do seu local de trabalho e que em muitos edifícios a qualidade do ar condicionado é muito pior que a qualidade do ar exterior.

Só nos anos 50 do século passado se começaram a publicar estudos sobre o bem-estar no trabalho e nos anos 80 algumas empresas se começaram a preocupar e a agir relativamente a este assunto.

A Gallup produziu um inquérito que indica que empresas com colaboradores satisfeitos e motivados têm em média menos 37% de absentismo, acréscimos de 21% na produtividade e 10% menos de clientes insatisfeitos.

É evidente que este bem-estar não passa apenas pelo espaço físico, mas pegando neste vector que tem um impacto considerável, a cultura que dominou foi de predominância dos critérios de localização, dimensão e custo.

Mais recentemente, algumas empresas apostaram seriamente na qualidade e conforto dos seus escritórios, tendo em vista a atracção e retenção dos melhores talentos. Seguramente que com a maior disponibilidade de estudos da matéria e a ascenção aos cargos de decisão de uma geração que coloca, para além do financeiro, diversos vectores nas suas escolhas profissionais, se assiste a uma mudança gradual de mentalidades e práticas.

Quando uma empresa vive no limite da sobrevivência e olhando a um tecido empresarial maioritariamente micro, percebe-se que a sensibilidade e a disponibilidade para estes assuntos tende a diminuir. Terá que ser uma vaga gerada do lado da oferta, que só acontecerá se a procura for informada e exigente.

Neste particular o sector legal em Portugal tem estado muitas vezes na vanguarda. Não é preciso recuar muitos anos para associarmos um escritório de advogados a um espaço muito compartimentado, bem alcatifado e com muita madeira a revestir as paredes.

São notícias recentes os projectos inovadores de algumas sociedades de advogados que ousaram sair das zonas tradicionais, para imóveis convertidos de outros usos e com uma arquitectura que joga com a volumetria, amplitude dos espaços e transparências de uma forma surpreendente.

A escassez de espaço disponível, o aumento dos preços no centro da cidade e a transformação enorme que a cidade de Lisboa tem sofrido, não são alheias a esta abertura.

É uma afirmação perante os clientes e os concorrentes mas revela também um cuidado especial com o conforto dos seus recursos humanos.

Será um exercício interessante, avaliar dando o tempo suficiente, o grau de satisfação e o impacto nos números destas sociedades, desta estratégia que seguramente se replicará noutros sectores.

Artigo desenvolvido por Carlos Oliveira, Partner, Diretor do Departamento de Escritórios da Cushman & Wakefield

Nota: Os dados referidos neste artigo foram maioritariamente retirados do estudo “Well Work Place” produzido pela Cushman & Wakefield

 

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