Férias, casa ou reforma? Saiba como fazer o dinheiro crescer

Para compor uma poupança de emergência, fazer uma férias, comprar carro ou casa, ou ter um "pé-de-meia" para a reforma, adequam-se estratégias de investimento diferentes. Conheça algumas.

Poupar rima com sonhar. Mas sem poupar o mais provável é que não consiga concretizar muitos dos seus sonhos, sejam eles fazer uma viagem, comprar um carro ou uma casa, ou simplesmente gozar uma reforma tranquila. Mas conseguir poupar nem sempre é um exercício fácil. Para conseguir atingir os objetivos no futuro é essencial fazer um plano de poupança, mas também encontrar a melhor forma de investir as quantias que consegue colocar de parte e fazê-las crescer até à altura de as utilizar.

Mas consoante o objetivo a que se propõe a cumprir, existem estratégias de investimento mais adequadas do que outras. Se o objetivo for, por exemplo, colocar de parte uma quantia para fazer umas férias daqui a uns meses, a melhor estratégia de investimento a adotar será muito diferente daquela que se adequa a quem quer poupar para constituir um “pé-de-meia” para a reforma. Tendo em conta diferentes objetivos de poupança, o ECO apresenta-lhe alguns dos produtos financeiros mais adequados para alguns cenários: imprevistos, fazer férias, comprar carro ou casa, ou poupar para a reforma.

Viajar? Não sem antes ter uma reserva… de emergência

Qualquer sonho que dependa de um investimento financeiro que queira ver concretizado, não deve avançar com ele antes de investir num “pé-de-meia” para fazer face a imprevistos, tal como sugere António Ribeiro, especialista da Proteste Investe.

“Se for para poupar, a primeira prioridade deve ser ter um fundo de emergência. Antes de se aventurarem por outro tipo de investimento, as pessoas devem ter esse montante de parte”, diz o economista, acrescentando que esse deve equivaler a entre quatro e seis salários. Imaginando o cenário de quem tenha um ordenado de mil euros, essa quantia a reservar deverá oscilar assim entre um mínimo de quatro mil e um máximo de seis mil euros.

O objetivo é que esse montante possa ser usado para fazer face a situações inesperadas como, como por exemplo, uma situação de desemprego, perda de rendimento familiar, cuidados de saúde especiais ou uma mudança da estrutura familiar.

Colocar de parte não significa necessariamente ter o dinheiro debaixo do colchão ou “estacionado” na conta à ordem. Este dinheiro pode ser colocado a render, mas não serve qualquer produto financeiro. Para além de dever ser aplicado em produtos de baixo risco, para evitar a perda de capital, devem ser em produtos que ofereçam flexibilidade em termos de mobilização do património. “Esse montante deve estar sempre aplicado em produtos que tenham elevada liquidez, precisamente para poderem ser resgatados em qualquer momento”, recomenda António Ribeiro.

Depósitos a um ano mais rentáveis em cada banco

Fonte. sites dos bancos | *TANB média27 outubro, 2017

Neste âmbito, uma das melhores soluções será aplicar essa poupança em depósitos a prazo, mas não de prazos longos e que não permitam mobilização antecipada. “Há muitos bancos que têm depósitos sem mobilização antecipada e que oferecem uma taxa um pouco superior, só que a desvantagem é que se depois quero mexer no dinheiro não posso. Ou seja, não é adequado para esse objetivo do fundo de emergência, que deve estar disponível em qualquer altura”, esclarece António Ribeiro.

Em termos de retornos, os depósitos a prazo disponíveis não são particularmente atrativos, mas para uma perspetiva de poupança para fazer face a imprevistos adequam-se. “A nível de rentabilidade, nenhuma das aplicações sem risco que existem vão dar um rendimento surpreendente. No caso dos depósitos a prazo a um ano, na maior parte o rendimento neste momento está próximo de zero: há remunerações dos 0% até 1,3%“, especifica António Ribeiro.

O mesmo acontece com os certificados de aforro, outro dos produtos que o economista da Proteste Investe considera ser adequado para este cenário de poupança, já que permitem quantias de aplicação relativamente baixas (a partir de 100 euros) e o resgate também é flexível após os três primeiros meses de aplicação. Os certificados de aforro da série D, que foram substituídos por uma nova série E — série que mantém as mesmas características e forma de cálculo da rentabilidade — que se subscritos em outubro oferecem uma taxa de juro bruta de 0,671%.

No que respeita a ter o dinheiro numa conta à ordem remunerada, António Ribeiro aconselha a ter cuidado ao fazê-lo. “Às vezes o que acontece é que para ter essa remuneração implica subscrever outros produtos em simultâneo que podem não compensar em termos de custos”, alerta.

Férias, comprar carro ou casa? Depende do horizonte

Só depois de constituir uma reserva financeira de segurança, faz sentido avançar rumo à concretização de um sonho consumista, seja ele umas férias, a compra de um carro ou de uma casa. Mas a segurança do capital aplicado volta a ser uma prioridade para a concretização de qualquer um desses sonhos, pelo que devem ser escolhidos apenas produtos sem risco.

“Só falo em produtos que tenham garantia de capital, porque estamos a falar de poupanças com objetivos muito concretos e as pessoas não querem correr o risco de depois não os poderem cumprir. Não faz sentido para estes fins ir para produtos com risco”, alerta António Ribeiro.

Neste âmbito, a aposta em depósitos a prazo continua a fazer sentido, mas há outros produtos para onde se pode olhar. “Tanto para férias, como para comprar carro ou eventualmente comprar casa, se quisermos fazer uma poupança a um ou dois anos e queremos poupar de forma regular há vários produtos que o permitem fazer: alguns depósitos a prazo, contas poupança, seguros de capitalização e eventualmente os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento“, refere o economista.

A escolha de qualquer destes produtos irá depender também da forma de poupança. Ou seja, se em causa está um dado montante específico a aplicar ou uma poupança a ser reforçada ao longo do tempo.

Para aplicação de um montante que já se tem, adequam-se tanto os depósitos a prazo, como os seguros de capitalização ou os Certificados do Tesouro Poupança Crescimento (CTPC). Se o objetivo for reforçar a poupança ao longo do tempo as contas poupança também já fazem mais sentido, mas o mesmo já não acontecerá com alguns dos outros produtos, como é o caso dos CTPC. Este novo produto de poupança do Estado, à semelhança dos antigos Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM) apenas estão disponíveis para aplicações de montantes mínimos de mil euros. Ou seja, não é o produto financeiro mais adequado para reforçar com pequenas quantias.

Em termos de retornos, estes produtos oferecem vantagens tanto face à generalidade dos depósitos a prazo como comparativamente com os certificados de aforro, apesar do corte que sofreram face aos anteriores CTPM.

Remuneração dos novos Certificados do Tesouro

No que respeita aos seguros de capitalização, estes produtos podem ser subscritos nas seguradoras, com a entrega de um determinado montante que será devolvido no final do contrato, acrescido do respetivo rendimento que tem, na maioria das vezes, um mínimo garantido. Contudo, o especialista alerta para uma desvantagem que deve ser tida em conta quando se pensa investir em seguros de capitalização, e que se relaciona com os encargos adicionais que lhes podem estar associados no resgate.

“Os seguros de capitalização têm a vantagem de permitirem fazer entregas todos os meses, de três em três meses ou quando nos apetecer, e de montantes baixos: existem produtos que nos permitem fazer entregas a partir de 20 ou 50 euros. Só que é preciso ter em atenção as comissões de resgate, porque nos primeiros anos, especialmente antes de três a cinco anos, se resgatar o produto posso ser bastante penalizado. A comissão por resgate antecipado geralmente é elevada, e isso pode retirar quase todo o rendimento que ganhei no produto, explica António Ribeiro. Neste sentido, são produtos mais indicados para poupanças regulares e de muito pequeno montante, mas mais a médio prazo: “Geralmente indicamos pelo menos cinco anos“, diz o técnico da Proteste Investe.

Objetivo reforma: tudo depende da idade

Pode parecer que ainda está muito longe, mas nunca é tarde demais para poupar para a reforma. Esta necessidade tornou-se ainda mais premente tendo em conta um cenário em que a idade de reforma aumenta a cada ano que passa. Além disso, as reformas antecipadas continuam a ser penalizadas pelo fator de sustentabilidade e por um corte de 0,5% por cada mês de antecipação. O Governo já mostrou a intenção de aliviar os cortes a aplicar mas, para já, as alterações só entraram em vigor para as carreiras contributivas muito longas.

Visando fazer crescer a poupança com o objetivo de constituir um “pé-de-meia” para compor o rendimento familiar para depois da reforma, a estratégia de investimento a adotar varia, mas já pressupõe assumir mais risco face aos cenários de poupança acima referidos. “Como é um objetivo de médio e longo prazo já podemos correr algum risco, mas depende da idade da pessoa. A recomendação que damos é que quem está a mais de dez anos da idade da reforma — ou seja, que tenha menos de 56 anos — pode arriscar um pouco porque ainda está muito longe de pedir a reforma”, afirma António Ribeiro.

Para um investidor que se insira neste tipo de perfil já faz sentido apostar num PPR com um pouco mais de risco, por exemplo, recomenda o economista. Ou seja, um PPR que tenha uma componente de ações, já que à partida, no longo prazo, estes produtos têm um potencial de rendimento superior. “Os PPR funcionam como um fundo misto, que investe em obrigações, em ações, de forma diferenciada. Isto faz com que, a partir de um pequeno montante e com reforços de pequeno valor, se consiga ter uma carteira diversificada de produtos e dessa forma rentabilizam um pouco melhor, em teoria, as suas poupanças“, salienta o responsável da Proteste Investe, recomendando a quem está mais longe de atingir a idade da reforma a privilegiar PPR sob a forma de fundo de investimento.

Os cinco fundos PPR mais rentáveis no último ano

Fonte: APFIPP

Uma realidade que já não fará tanto sentido para quem esteja muito próximo da idade da reforma. “Os fundos PPR, que não têm capital garantido fazem sentido para quem está longe da idade da reforma, porque têm uma componente de ações. Mas para quem tenha mais de 56 anos convém não arriscar“, diz António Ribeiro. Se for esse o caso, e tiver um PPR sem capital garantido, o conselho é transferir a poupança para um PPR que o tenha ou transferir para um PPR sob a forma de seguro de capital garantido e rendimento também garantido. “Mesmo que não seja um rendimento muito elevado, não está a correr risco”, defende o economista.

Mas claro que vai ter de escolher bem o produto, porque existem centenas de PPR no mercado. “Com tanta oferta disponível, é preciso que as pessoas escolham bem porque existem diferenças substanciais de rendimento. Alguns têm rendimentos negativos, enquanto há outros que ganham quase 20%”, alerta António Ribeiro.

O ECO está, ao longo desta semana, a realizar um conjunto de trabalhos sobre a poupança, no âmbito do Dia Mundial da Poupança. Pode acompanhar estes artigos aqui.

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