“Sem nós, nenhum Governo pode ser formado”, diz Merkel. Schulz passa para a oposição

A chanceler alemã conseguiu 33% dos votos, de acordo com uma sondagem da ARD. Martin Schulz afasta-se da "grande coligação", numa votação em que a extrema-direita elegeu o primeiro deputado.

Os alemães foram às urnas e deram a vitória a Angela Merkel. O partido da chanceler alemã venceu com 33%, de acordo com uma sondagem da televisão pública ARD. Mas, sem maioria absoluta, terá agora de tentar formar uma coligação para cumprir o quarto mandato, sendo que Martin Schulz vai agora fazer parte da oposição. A extrema-direita é a grande surpresa nestas eleições ao ter conseguido eleger o primeiro deputado.

Esperávamos um resultado melhor, mas não podemos esquecer que tivemos uma legislatura muito desafiante no passado e, por isso, congratulo-me porque alcançámos os nossos objetivos“, afirma Merkel na primeira reação aos resultados. “Somos a maior força, temos a tarefa de formar Governo. Sem nós, nenhum Governo pode ser formado”, salienta. A chanceler alemã refere ainda que quer agora “traçar o caminho para o bem-estar da economia e ter um país socialmente justo”, apontando para isso que é preciso uma Europa forte, lutar contra a imigração ilegal e reforçar a segurança interna.

De acordo com a estação de televisão estatal, os partidos de Merkel e Schulz estão “chocados com os resultados”. A CDU porque teve o pior resultado de sempre e a SPD porque não conseguiu alcançar o seu objetivo de vencer as eleições. Nos resultados finais, o SPD, o partido liderado por Martin Schulz, ficou com 20,5% dos votos. O líder do SPD afirma que “não alcançámos os nosso objetivos, apesar de termos obtido muitos sucesso na ultima legislatura”.

Schulz afasta-se de uma solução governativa com Merkel. “Esta noite termina a grande coligação com a CDU [o partido de Angela Merkel]”, diz, rematando que “eu concorri para ser o novo chanceler. Por isso, recomendei esta noite que a SPD entre na oposição”.

Já a extrema-direita conseguiu pela primeira vez um lugar no Parlamento alemão. O AfD ficou, de acordo com os resultados finais, com 12,6%, acima dos 12% previstos nas sondagens à boca das urnas. Nos últimos lugares, surgem o Partido Democrático Liberal, com 10,7%, e os Verdes, com 8,9%.

O líder do partido de extrema-direita, afirma, segundo declarações transmitidas pela SIC Notícias, que os “outros partidos terão de se preparar. Vamos caçar a senhora Merkel. Vamos recuperar o nosso povo e a nossa nação alemã”. Alexander Gauland refere que “a partir de hoje haverá verdadeiramente um partido da oposição no Parlamento digno desse nome”, que vai “exigir muitas coisas do Governo. Podem contar com isso”.

"Somos o terceiro partido na Alemanha, os outros partidos terão de se preparar. Vamos caçar a senhora Merkel. Vamos recuperar o nosso povo e a nossa nação alemã.”

AfD, partido de extrema-direita da Alemanha

Na primeira reação às projeções, Schulz afirmou que “o que nos deixa muito preocupados é a força da AfD. Dá medo a uma grande parte da população. Vamos continuar com a nossa luta em prol da tolerância. À luz do resultado da extrema-direita temos de lutar ainda com mais força. Somos o baluarte da justiça social”. Merkel diz que “temos uma grande tarefa. Temos esta ameaça do AfD que entra no Parlamento. Queremos recuperar os votantes do AfD ao dar resposta às suas preocupações”.

Angela Merkel, que teve o seu pior resultado de sempre, tem agora duas alternativas: a primeira será tentar convencer o partido Os Verdes a juntar-se à coligação com o Partido Democrático Liberal, uma combinação que ainda não foi “testada” no país. A opção mais fácil parece ser continuar com a coligação que tem com o SPD, embora deva enfrentar a resistência de alguns sociais-democratas. Um acordo CDU-FDP deve demorar apenas algumas semanas a ser definido, mas as negociações poderão arrastar-se durante meses.

(Notícia atualizada às 07h54 com os resultados finais)

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