Mário Centeno tenta refrear onda de euforia: “a dívida portuguesa é a quarta maior do mundo”

O ministro das Finanças afirmou esta manhã que não quer “refrear nenhum ânimo”, mas diz que o “otimismo tem de ser assertivo e pragmático. Porque a dívida permanece a quarta maior do mundo".

O ministro das Finanças, Mário Centeno, reagiu na manhã deste sábado à notícia de que a dívida pública portuguesa regressou a um grau de investimento aos olhos da Standard & Poor’s, uma decisão que terá apanhado os mercados de surpresa. Para o ministro, a decisão “vem validar a estratégia que o Governo adotou para estas matérias” e essa estratégia “é para manter”. Centeno falava no aeroporto de Lisboa depois de chegar da Estónia, em declarações transmitidas pela TVI24.

“O facto de termos um conjunto de fontes de financiamento mais alargado, mais investidores interessados em financiar a dívida portuguesa, em transacionar dívida pública portuguesa, permitirá uma redução do custo de financiamento” do país, disse Mário Centeno. “Alguns investidores necessitavam desta classificação para poderem transacionar a dívida. Como são investidores de longo prazo, estão muito mais preocupados com a estabilidade do ativo que adquiriram do que propriamente com a sua taxa e há aqui uma relação que vai permitir reduzir essas taxas”, afirmou.

E sublinhou: “Com isto, o custo de financiamento vai baixar e as famílias podem esperar por essa via uma redução dos custos de financiamento globais da economia portuguesa.”

Dívida permanece a quarta maior do mundo

Quanto confrontado com a influência que esta boa notícia poderá ter no Orçamento, Mário Centeno assumiu um discurso mais cauteloso. Lembrou que a sobretaxa de IRS vai desaparecer no próximo ano — são mais de 200 milhões de euros de despesa — e que o o Executivo está a preparar alterações no desenho dos escalões de IRS.

Está a preparar-se para refrear o otimismo excessivo?, questionou um jornalista.

Ao que Centeno respondeu que “o otimismo tem de ser assertivo e pragmático. Porque a dívida permanece a quarta maior do mundo. Os outros exemplos que estão acima de nós não são exemplos que Portugal queira seguir, e nem pode seguir”.

“Temos que ter um enorme pragmatismo na forma como também lidamos com as boas notícias”, acrescentou.

Mais à frente tenta temperar o discurso: “Se calhar este é um discurso típico de ministro das Finanças, não quero refrear nenhum ânimo dos festejos porque esta é uma notícia absolutamente extraordinária em Portugal”.

Acrescentou ainda que nas últimos reuniões do Eurogrupo, o desemprenho económico e financeiro de Portugal tem assumido “uma certa forma de estrelato. Não podemos perder isso, porque estaríamos a refrear a confiança dos próprios agentes”.

Portugal, campeão dos juros da dívida

O ministro das Finanças fez ainda questão de referir o desempenho positivo dos juros da dívida. “Este ano, a dívida portuguesa é a que tem melhor desempenho do conjunto dos países europeus. Tem a mais significativa redução de custo e de taxa deste ano. Isto já se vem refletindo na poupança de juros”, apontou.

Mas, mesmo assim, a decisão da Standard & Poor’s foi uma surpresa para Centeno, uma vez que, por norma, a estas decisões antecede quase sempre uma melhoria do ‘outlook’. “Foi uma alteração na classificação que não é usual. Normalmente, as agências são mais conservadoras nas alterações. Mas isso só vem sublinhar mais o momento extraordinário em que a economia portuguesa está, em que as finanças portuguesas estão”, disse Mário Centeno.

A próxima avaliação marcada é a da DBRS, a única a manter a dívida portuguesa em categoria de investimento, no próximo dia 20 de outubro. A Fitch deverá pronunciar-se a 15 de dezembro. A Moody’s já se pronunciou três vezes este ano e não o deverá voltar a fazer em 2017.

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